quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Na desesperação já repousava* - LUIS VAZ DE CAMÔES

Na desesperação já repousava
o peito longamente magoado,
e, com seu dano eterno concertado,
já não temia, já não desejava;

Quando ua sombra vã me assegurava
que algum bem me podia estar guardado
em tão fermosa imagem, que o treslado
n'alma ficou, que nela se enlevava.

Que crédito que dá tão facilmente
o coração àquilo que deseja,
quando lhe esquece o fero seu destino!

Oh! deixem-me enganar, que eu sou contente;
que, posto que maior meu dano seja,
fica-me a glória já do que imagino.

EM - POESIA LÍRICA - LUIS VAZ DE CAMÕES - VERBO

* escolhi o 1º verso como titulo por questões logísticas
** o poema tem a grafia que aparece no livro

1 comentário:

  1. Camões, neste soneto transmite um estado de sentimento sofredor, meio resignado com o revés constante da sua vida "não cumprida".
    Um desconserto descontente- contente:::
    Contenta-se com a imaginação...
    Não é exclusivo, abrange muita gente, está sempre actual este estado de alma.
    GRATA.

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