domingo, 3 de fevereiro de 2013
As aves de Afrânio - MIA COUTO
Em lugar de livros,
Afrânio levava pássaros para casa.
Corredor adentro,
escapando dos olhares da esposa,
na concha das mãos,
o derradeiro tesouro.
Dona Magriça sossegava os filhos:
vosso pai anda muito aluacinado.
Os meninos se encantavam:
a palavra, aluacinado,
era mais alada que as avezinhas
que o pai contrabandeava.
No final, o pai desvalorizava:
«Triste
é só aqui dentro
haver quentura para ninho»
EM - IDADES CIDADES DIVINDADES - MIA COUTO - CAMINHO
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Mais um conto interessante de Mia Couto, de entre tantos. As suas "brincriações"são a sua marca "genética".
ResponderEliminarAqui faz-me lembrar a frase dita,noutro conto: " A paixão é o mundo a dividir por zero", logo a compensação... que Afrânio encontrou.