quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Usurpa-me... e guarda-me - FRANCISCO VALVERDE ARSÉNIO


Usurpa-me as palavras
com os teus lábios,
suga-me as vogais
que guardo esquecidas num recanto
e as consoantes
presas nas sombras da minha alma.

Usurpa-me o suor
que se desprende do meu corpo
e se entranha no teu,
usurpa-me o lençol
que afasta a tua pele da minha.

Usurpa-me as marés infinitas
com o balançar
descompassado das tuas ancas
e o beijo prolongado
dado no prefácio
deste livro que escrevemos.

Usurpa-me os dedos andarilhos
e guarda-os no cofre
dos segredos,
e usurpa-me a noite
para que sejas sempre madrugada.

Usurpa-me o sol
quando fazemos amor
à luz ténue da lua...

Usurpa-me...

Usurpa-me o corpo...

Mas guarda-me em ti.

EM - 1ª ANTOLOGIA UNIVERSUS - VÁRIOS - UNIVERSUS

3 comentários:

  1. Obrigado meu amigo pela divulgação das minhas palavras.
    Um forte abraço.

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    Respostas
    1. Francisco! Este blogue existe precisamente para divulgar poetas e poesia escrita em português!
      Forte abraço!

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  2. Com uma carga emocional muito eloquente e muito romantismo, à mistura. Agradeço.

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