terça-feira, 3 de julho de 2012

À hora "marcada" - JOSÉ LUÍS OUTONO


À hora "marcada"
O sentimento isolou-se
Como comboio sem destino...
No restolhar da saudade
Apenas o ruído do carril
Sem vapor ou essência
Sonoriza a beira-rio
Agora moldura de pedras roliças...
Nem o silvo do rubor alcançado
Nem a velha estação esquecida
Fazem lembrar o épico da chegada...
Desço agora a estrada longe
De mão dada com a flor
Que ainda apanhei por acaso...
Abraço-a e leio-me nas horas que foram
Um nascer...

EM - MAR DE SENTIDOS - JOSÉ LUÍS OUTONO - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

1 comentário:

  1. Concentrada neste poema, leva-me a pensar que nem sempre as circunstâncias do momento não foram bem entendidas. Os silêncios a posteriori são a razão de tudo ter ficado,como diz o texto e até o desprezo que se segue, perante uma reacção mal entendida pelo autor do acto em si? São conjecturas,apenas. O tempo,por vezes consegue repor, mas quando o tempo avança, na medida, a situação da reparação nem sempre tem "bilhete de volta".

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