Esta é a fala do homem, uma dor súbita
definitivamente entregue a um deus de água.
Saída do fogo, deitada numa terra onde um
corvo poisa pela manhã, a mulher espera que
alguém a transporte para uma zona de silêncio.
Todos os pássaros foram banidos pela chuva.
São eles que a acompanham agora num rasto
de sangue, em cima de uma abóbada branca
e lhe devoram os vestidos. Largada num poço,
à espera de uma visão redentora, a olhar
para os varões de ferro cravados nas paredes,
ela espera que o céu se feche ou que a ausência
de um grito inicie de vez a sua tortura. O homem
prepara-se para a batalha, vêem-se já nas suas
mãos as marcas do veneno-
EM - LACRIMATÓRIA - JAIME ROCHA - RELÓGIO D'ÁGUA
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