No pequeno campo, de laranjas maduras
caídas por terra, os que preferem os insectos
afastam as folhas, por entre as ervas,
e procuram o mais pequeno dos movimentos.
No entanto, é na matéria podre, por dentro
do fruto, que as lavras se agitam, num trabalho
incessante que não convém interromper,
sobretudo quando a tarde começa a cair.
E se ouvimos, à noite, um eco de gestos
no interior da memória, talvez possamos pensar
que a cabeça pousada no travesseiro se
confunde, por instantes, com a laranja caída.
EM - A MATÉRIA DO POEMA - NUNO JÚDICE - DOM QUIXOTE
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