canto o rebite, o cravo, a dobradiça,
a luz coada junto das limalhas,
o alicate, a grade onde se eriça
um animal de pregos e cisalhas.
canto a chapa dobrada ou inteiriça,
o rigor milimétrico das calhas.
canto a paz mineral deste recinto
da dura criação. no labirinto
habita o minotauro, o que devora
no mais fundo do antro materiais
que despedaça à serra e à tesourada
e agrega depois noutros sinais,
o monstro vagaroso que elabora
a dúctil lentidão dos seus metais
e nas formas que engendra tem ofício
de conjugar silêncio e desperdício.
EM - POESIA 2001/2005 - VASCO GRAÇA MOURA - QUETZAL
Sem comentários:
Enviar um comentário