sábado, 16 de outubro de 2010
Segundo retrato - BOCAGE
De cerúleo gabão, não bem coberto,
Passeia em Santarém chuchado moço,
Mantido às vezes de suscinto almoço.
De ceia casual, jantar incerto:
Dos esburgados peitos quase aberto,
Versos impinge por miúdo e grosso;
E do que em frase vil chamam caroço,
Se o quer, é vox clamantis in deserto:
Pede às moças ternura, e dão-lhe motes!
Que tendo um coração como estalage,
Vão nele acomodando a mil pexotes:
Sabes, leitor, quem sofre tanto ultrage,
Cercado de um tropel de franchinotes?
É o autor do soneto; - é o Bocage!
in... Antologia poética - BOCAGE - Verbo
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