É alguém que lê
No limbo
Quando a servidão se entrega
Ausento-me
É alguém
Que vem
Do nevoeiro
Caçar a ferida
Sangrar a pura
Neve
Nos lábios
EM - TRAUMA - LEONORA ROSADO - LICORNE
terça-feira, 31 de dezembro de 2024
segunda-feira, 30 de dezembro de 2024
Sonetilho acróstico - Frassino Machado
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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«À Maria João De Sousa»
Mais uma estrela nascida
Ao ritmo da maresia;
Raios vivos de harmonia
Imenso mar, singela vida
Amor, paixão e Poesia.
Jovem alma revelada
Ouro, dádiva de luz,
Alva aurora madrugada
Olhar claro que seduz.
Dia e noite a cintilar
Em mil poemas a rimar…
Supremo destino traçou,
Ousada poetisa-mulher,
Um amplo fado te criou:
Ser poeta porque Deus quer
A poética, em ti, é SER!
EM - CORAÇÕES ANSIOSOS - FRASSINO MACHADO - IN-FINITA
domingo, 29 de dezembro de 2024
O mundo inteiro falava - Graça Pires
O mundo inteiro falava
de Portugal onde se fazia
uma revolução com cravos.
Parecia uma ideia inventada.
Houve quem viesse ver se era verdade.
E deixaram-se maravilhar
com o pulsar colectivo da alegria-
Que enigmático espaço de aventura
desafiando interdições e costumes,
exclamavam admirados.
EM - ERA MADRUGADA EM LISBOA - GRAÇA PIRES - POÉTICA EDIÇÕES
sábado, 28 de dezembro de 2024
Pescadores - António Almeida
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Veio a noite e a labuta rotineira os leva de novo
Desapegando-os da humilde casaréu que de tempo em tempo
lhes cala o cansaço
Seguem afoites na fé que diariamente os persegue
A tempestade do estômago faminto em cada lar
os une pela determinação
Pescam no tempo a sabedoria que o semblante
lhes carrega na alma… E carregam nos ombros as amarras
da sábia dureza da vida
A melodia cantada pelas gaivotas os embala por companhia
a solidão que o céu ampara nos pequenos astros
Navegam na esperança as tormentas que a viagem
das marés por vezes os atraiçoa
E o grito das ondas na areia os alerta o fatigo que o desgaste
coloca no corpo salgado
São horas de acordar o silêncio que o sentir na voz
lhes segreda com o olhar
A sombra prateada os ilumina na alma o martírio
que a saudade denuncia no rosto lasso
… A luminosidade da estrela maior dá finalmente sinais no horizonte
e o amanhecer levanta-se vagarosamente aduzindo pela brisa fresca
estes pescadores que fazem do azul do mar um porto de abrigo...
Que os recebe e abraça com a graciosidade de um vago sorriso.
EM - A ARTE DE POETIZAR - COLETÂNEA (organização de António Alves, sobre telas de António Dias) - IN-FINITA
Viagem com meta - Lídia Palminha
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Viajo nesta vida com alegria
parar seria certamente desfalecer;
viajo tantas vezes sem destino,
mas a meta, traçada está, e cada a dia, a caminhada estou
a percorrer.
Na mala levo os meus valores,
os meus que também carregam ADN ancestral;
na mala não há espaço para o que não me pertence,
levo apenas o que é para mim fulcral.
Realizações, faz parte da evolução
é imperativa entrega, seja qual for;
não há culpas, há somente opção,
há a meta determinada, com passos de amor.
A ilusão um dia chegou, bateu ferozmente no meu trilho,
doeu demais, e com ela, muito aprendi;
sobretudo, ofertou-me a força de seguir,
seguir a viagem que no silêncio de mim percebi e assim,
me reergui.
A vida é uma simples passagem,
com contornos desconhecidos e pontuação baralhada;
mas quando se traça uma meta bem definida,
a vida transforma-se, fica menos desordenada e mais amada.
Viajo com alegria, amor e gratidão,
e na mala levo o desejo da concretização;
intentando realizar o meu propósito sem ilusão,
e fazer viver este meu delicado coração.
EM - VELEIRO DAS SETE CORES - LÍDIA PALMINHA - IN-FINITA
sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Acordar - Ivo Álvares Furtado
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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De manhã o acordar,
é uma verdadeira dádiva,
que a natureza tem para nos dar.
Na vida corrida de hoje,
mais que nunca,
importa todas as pequenas coisas,
saber valorizar;
desde logo o privilégio de acordar,
de poder despertar mais tarde;
saber apreciar o click matinal,
quando acontecer;
abrir os olhos,
olhar em redor
e simplesmente ver;
a luz a entrar pela janela,
poder estender os braços
e aproveitar os lençóis
quentinhos da cama,
nos últimos momentos,
antes de levantar;
desfrutar os escassos minutos,
sentado à beira do leito,
e depois o caminhar,
para um reconfortante banho matinal,
poder tomar.
A seguir, o pequeno almoço apetitoso,
sabe sempre melhor,
antes do novo dia poder abraçar,
e poder dizer:
um Bom Dia irá, assim, começar!
EM - A LÍNGUA PORTUGUESA QUE NOS UNE - IVO ÁLVARES FURTADO - IN-FINITA
quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Dia 2 - Joaquim Paulo Silva
Fado Cigano (Sonho) - Fernando Silva
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Caminhou a noite inteira
Passou no Cais da Ribeira
Para ver aquele olhar
Esses dois olhos ciganos
São dois franciscanos
Para a verem passar (bis)
Pediu ao céu em oração
E a porta do coração
Foi aberta de par em par
E começou nova aventura
Com esses gestos de ternura
Existem p’ra te amar (bis)
Olhou o Cais da Ribeira
Lembrou-se daquela ladeira
Onde brincou em criança
Beijou os lábios risonhos
E acordou desses sonhos
E veio à lembrança (bis)
O mundo em desatino
No acordar de menino
O sonho e a realidade
E caminharam lado a lado
Sem nunca terem encontrado
Mais pura claridade (bis)
EM - O FADO MORA AQUI - FERNANDO SILVA - IN-FINITA
quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Francisco com todos - Frassino Machado
Francisco com todos,
Todos com francisco,
Ninguém corre risco:
Todos, todos, todos!
A união faz a força,
De todo o corpo e da alma,
Que o perigo torça
Na guerra ou na calma.
Francisco, à JMJ traz
Numa energia de rodos,
Mensagem de luz e de paz
Para
Todos, todos, todos!
EM - CORAÇÕES ANSIOSOS - FRASSINO MACHADO - IN-FINITA
terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Cintila - Leonora Rosado
Cintila
Sob a minha pulsação
Sob as veias
A lágrima
Calada
Um terço de sombra
Sonâmbula
Cintila
O arrepio de um nocturno
Entre a pálpebra e o esquecimento
EM - TRAUMA - LEONORA ROSADO - LICORNE
segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Um Corpo em Mudança - Alberto Cuddel
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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nasces… da tela vazia…
uma improbabilidade matemática,
realizada por acaso…
a existência faz-se das cores da memória…
essa história gravada pela dor, as dores de crescer…
no cruzamento das vidas faz-se a tua…
há na tua nudez, uma estranheza…
e a vida acontece, e tudo muda,
tudo se faz… reflexo das consequências…
a arte é… a mudança do olhar…
um crer sem necessidade de o confirmar…
por tudo ser, provavelmente improvável…
um corpo em mudança…
EM - A ARTE DE POETIZAR - COLETÂNEA (organização de António Alves, sobre telas de António Dias) - IN-FINITA
Somente meras questões - Lídia Palminha
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Porque deveria ter medo de ser fraca?
E porque deveria ser terrivelmente orgulhosa?
Somente quero ter a oportunidade de sonhar,
e ter uma vida graciosa!
Mas o que importa o que dizem as pessoas?
Porque deveria eu de desistir?
Somente procuro o melhor para mim,
e jamais por ninguém irei deixar de existir!
Porque consideraria eu, que nada me acontecerá?
E porque deveria de algo andar à procura?
Somente quero continuar a olhar para a completude
do meu ser ainda desconhecido,
e conseguir vê-lo vibrante, jamais na secura!
Mas porque é injusto o sofrer?
Ou porque deveria sofrer com o teu desprezo?
Somente aprendi que o melhor de mim é que importa,
e comigo própria, jamais me enfezo!
Porque me observo?
Porque vivo procurando a resposta?
Lamento, sou um ser humano em construção,
e há valores que preservo,
e não me ocupo por quem de mim, não gosta.
Incomodo por ser desapego?
Incomodo por não sofrer com a minha existência?
Lamento, sou somente alguém em evolução,
dos que finalmente perceberam qual a sua essência!
EM - VELEIRO DAS SETE CORES - LÍDIA PALMINHA - IN-FINITA
domingo, 22 de dezembro de 2024
Acácias Rubras de Benguela - Ivo Álvares Furtado
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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A cidade de Benguela,
onde outrora vivi,
e onde conheci
a “flor do paraíso” 22,
a acácia rubra,
que abundava por ali.
Oriunda de Madagáscar,
esta espécie em extinção,
tem aqui reservatório,
qual reserva natural
de enorme beleza ornamental,
que carece de proteção.
De um vermelho singular,
chama a atenção do olhar;
faz a cidade lembrar,
a biodiversidade
pronta a desfrutar,
ao alcance diário,
de quem tem o privilégio,
de residir em Benguela.
EM - A LÍNGUA PORTUGUESA QUE NOS UNE - IVO ÁLVARES FURTADO - IN-FINITA
sábado, 21 de dezembro de 2024
Dia 1 - Joaquim Paulo Silva
Bolero do Zé Inácio (Fado) - Fernando SIlva
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Esta noite vou ao fado
Para matar a saudade
E reviver o passado
Pelas ruas da cidade
Vou recordar a Severa
E tantas noites de farra
Vou voltar a ser quem era
No trinar d’uma guitarra
O Fado...
Esse eterno companheiro
Conhecido no estrangeiro
P’la voz da nossa Diva
O Fado...
Cantado pelas vielas
Hoje tem portas e janelas
Por muitos anos que viva
Já passou na Mouraria
Plas vielas de Alfama
O Fado é alegria
No sorriso de quem ama
Foi até ao Bairro Alto
E vive na Madragoa
À ribeira deu um salto
Correu toda a Lisboa
EM - O FADO MORA AQUI - FERNANDO SILVA - IN-FINITA
sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
As navegadoras 02 - Frassino Machado
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«Copa Feminina Mundial 2023»
Destemida foi a luta das «Navegadoras»
No último “acto” da sua digna aventura.
Contra as Tricampeãs, do título detentoras,
Bateram-se, olhos nos olhos e d’ alma dura.
O estranho Bojador surgiu diante delas
Mas, todavia, jamais se amedrontaram:
Foi bravo o desafio, brilharam com’ estrelas,
Mas as sortes lusitanas nunca as protegeram…
O poste esquerdo do nosso descontentamento
Transformou-se naquele terrível Adamastor
Que impediu, no final, o nosso encantamento
E as lusas «Navegadoras» perderam o seu vigor.
Passou o prélio, e esfumou-se a felicidade,
Passou o Sonho, mas a Esperança ficará
Na resiliência duma nova oportunidade
Que num Futuro breve, por certo, chegará.
A estas Navegadoras e ao seu garboso porte
Faltou, destarte, uma Caravela da Sorte!
EM - CORAÇÕES ANSIOSOS - FRASSINO MACHADO - IN-FINITA
quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
Suava-lhe na mão a granada - Graça Pires
Suava-lhe na mão a granada
que apertava com destemor.
Sentia colado na farda
o peso de um país
em esperança, em deriva.
No seu olhar era tão nítida a coragem
que as armas de fogo
prontas a disparar se renderam.
Houve quem abraçasse o capitão.
E todos o respeitaram.
E muitos lhe chamaram companheiro.
EM - ERA MADRUGADA EM LISBOA - GRAÇA PIRES - POÉTICA EDIÇÕES
quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
África minha - Sérgio Almeida
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Mãe de todos os povos
Berço das civilizações
Terra tão usurpada
Por todas outras nações
Eu olho nos olhos do povo
Que reflete a minha imagem
Que igual mil sentimentos
E a vontade de ter liberdade
Mãe preta filhos brancos
Pátria que muito sangrou
Terra de todos os povos
Que por ela tem amor
Como uma planta tão bela
Que cresce entre ervas daninhas
Eu bendigo e louvo
Essa África tão Minha...
EM - A ARTE DE POETIZAR - COLETÂNEA (organização de António Alves, sobre telas de António Dias) - IN-FINITA
Escolhas - Lídia Palminha
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Observo o meu caminho tão diverso,
apresenta-se em várias linhas,
apenas tenho que escolher,
mesmo que por cima de venenosas espinhas!
Observo-o por linhas demasiado curvas,
também percebo que há buracos,
mas sei que recuar não é alternativa,
tenho que seguir, nem que salte como os macacos!
Observo o meu interior,
tenho que escolher o mais conveniente,
uma vez mais, anulo-me,
entristeço, torno-me impaciente!
Esta não era a minha escolha honrosa,
aquela que me iria fazer vibrar,
é a escolha de outros,
acabo na profunda solidão, em silêncio a gritar!
Percebo que tenho que olhar mais para mim,
começo a entender que tenho um vivo coração,
escolho, mesmo que sabendo que alguém irá chorar,
mas a mim, tenho que dar mais atenção!
Fortaleço entre o conhecimento e a escolha,
assumo cada consequência,
escolha eu o que escolher,
com intensidade viverei a minha essência!
Até porque as escolhas são isso mesmo:
ESCOLHAS!
EM - VELEIRO DAS SETE CORES - LÍDIA PALMINHA - IN-FINITA
terça-feira, 17 de dezembro de 2024
Praia Morena - Ivo Álvares Furtado
LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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A província de Benguela,
tem muitas praias;
qual delas,
a mais bela!
Uma na própria cidade,
a linda praia morena,
de águas quentes,
num ambiente de beleza,
serena.
Tenho um sentimento de perda
e de saudade,
da minha vivência, na mocidade,
naquela praia,
morena.
Era o meu local de contemplação
e de lazer,
quando dispunha de tempo livre,
para deixar as coisas,
acontecer.
A oportunidade que eu tinha,
de desfrutar o prazer,
passando tempos infindos,
a apreciar a beleza,
da paisagem e do mar
e com o por do sol, deliciar.
E no regresso apreciar,
as acácias rubras daquela cidade,
que me recorda a mocidade.
A minha querida,
Benguela!
EM - A LÍNGUA PORTUGUESA QUE NOS UNE - IVO ÁLVARES FURTADO - IN-FINITA
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