domingo, 1 de setembro de 2024

E eu, no poema, contra o silêncio cobarde... (excerto) - Alvaro Giesta

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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…crio-me de sonhos para aceder à noite – noite inquieta
que ao silêncio deve todo o mistério.

nascem dos mantos recônditos da noite homens
cinzentos; sangram-me, na memória, sangrentas memórias
do passado que se repetem (ora e sempre)
em dias inquietos, numa magnitude silenciosa de esperas;
retornam utopias aos meus horizontes da memória.

esta secreta noite,
em que desesperadamente se pede paz, faz-me escrever
nos muros das lamentações palavras de sangue.
retomo a velha harpa: na memória os mesmos sonhos
amordaçados (como no passado) – sonhos que rejeitam
estes vértices de fogo e seivas de perseguição
e interrogam em desespero este deus ausente:
“porque te divertes tu, esquecendo-te dos sofredores?”
― pergunto (como o poeta) apenas, por perguntar.

germina na mais secreta noite (esta voz que se ergue
com os sussurros da folhagem para eclodir com o cântico
dos pássaros em liberdade) este poema contra
o silêncio do medo das vozes que cobardes se calam
nesta dúbia obliquidade do tempo…

EM - LÁGRIMAS POR GAZA - COLETÂNEA - IN-FINITA

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