Vou esperar - Therezinha Lima

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Não desisto de te querer

Mesmo sofrendo e sentindo dor

Vou esperar

Sei que um dia vai acontecer

Não desisto

Vou viver na esperança

Não desanimo

O passado apenas se escondeu

Mas a porta está aberta

Não desisto

Um dia você vai voltar

E docilmente vou esperar

Com amor te receber e te abraçar

Não desisto de te amar.

EM - LACUNAS DA ALMA - THEREZINHA LIMA - IN-FINITA

Lisboa - Maria Antonieta Oliveira

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Conheço os teus recantos

E encantos

Travessas e ruas estreitinhas

Ruelas, escadinhas

Becos e vielas

Conheço os teus santos e altares

Bairros e manjericos

Conheço o pisar da tua calçada

Pedras brancas e pretas

Galãs e donzelas escorreitas

Conheço o som da chinela

E o assobiar do amolador

Conheço o teu cheiro

Em dias de primavera

Conheço tudo de ti

Desde o dia em que cheguei

Que por ti me encantei.

Adoro-te Lisboa!

EM - QUANDO O CORAÇÃO FALA - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA - IN-FINITA

Recomeço... - Fernando SIlva

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Escuta não me deixes neste “outono”

No inverno das paixões onde me aqueço

No verão há desilusões ao abandono

Primavera que leva ao recomeço

Dispersos pelo livre pensamento

Esvoaçam rosários de tristeza

Serem livres como próprio vento

Navegam na penumbra da incerteza

À noite uma luz quase morta

Que ilumina a minha ansiedade

Uma guitarra trina à minha porta

E traz-me de volta esta saudade!

Guitarra porque choras não me dizes?

Fala-me dos versos que não fiz

Recorda os momentos mais felizes

Na minha essência, na minha raiz...

EM - SUBLIME OLHAR DE MÃE - FERNANDO SILVA - IN-FINITA

A voar sou feliz - Célia Evaristo

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Tenho asas para voar

não pertenço a nada,

não pertenço a ninguém,

nem a qualquer lugar.

Sou espírito livre,

vivo de estrelas e do luar.

Alimento-me de sonhos

e de nuvens de algodão,

que a cada noite adormecem

no calor do meu coração.

E a voar sou feliz!

EM - LIBERDADE - COLETÂNEA - IN-FINITA

Contas e mais contas - Elizabete Dente

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Contas e mais contas, 

Cópias, 

Composições, 

Problemas, 

História, 

Geografia, 

Fazem parte do meu dia. 

Estou tão contente 

Por perceber 

Como é importante 

Poder aprender.

EM - JANELA DA MINHA ESCOLA - ELIZABETE DENTE - IN-FINITA

Seguro nas mãos o coração - Ana Acto

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Seguro nas mãos o coração

O alinhavo com pontos incertos

Embora com cuidado cirúrgico

Me saem desconexos

E sei…

Não sairá ileso dos golpes infligidos

O suturo na esperança de sua absolvição

Mas dorido, só me condena de sua trágica sorte

E me renega à condição de nómada e solitária

Antes fosse condenada à morte

De um só golpe de fria espada

Que viver num corpo estéril

E nele, de amor ser privada 

EM - MALDITA - ANA ACTO - IN-FINITA

Aceito - Tito Lívio Lisboa

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Aceito toda pena a mim vertida

Aceito a solidão do nosso enleio

Aceito te servir de base, esteio

Como a sombra precária serve a vida

Aceito toda sorte e o desalento

Aceito ser a triste perda e o ganho

Aceito me perder ao abismo estranho

Como o devoto aceita o esquecimento

Aceito abandonar os velhos passos

E seguir o caminho renovado

Perdidamente à sombra dos teus braços

Aceito te seguir aos ventos, a eito

Morrendo a cada dia do teu lado

Nascendo a cada dia no teu peito

EM - 7 JANELAS PARA O TRANSITÓRIO - TITO LÍVIO LISBOA - IN-FINITA

Luar do meu olhar - Renata Lima

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Tem um luar

No meu olhar.

É o brilho

Da vontade de recomeçar.

São os segredos de mulher

Que não podem ser contidos.

Na minha boca a sede de se entregar.

A língua que está no céu

E nas nuvens do gozo

Em amar.

Pela pele,

Desejo o cheiro do teu hálito

A me beijar.

EM - QUE SEJA MAIS - RENATA LIMA - IN-FINITA

Oh povo acorda! - Ana Coelho

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Quebrou-se o silêncio

naquela noite ao som da voz

de Zeca Afonso… 

Marcharam os oficiais

com os soldados…marcharam

pelas ruas das cidades

a marca de vitória

as ruas encheram-se de alegria!

No ar cravos vermelhos

em aromas de mil esperanças

as barreiras caíram

as correntes soltaram-se!

Cinquenta anos passados

as correntes gemem

pelas ruas da calçada

há almas descalças silenciadas

lágrimas sufocadas

a desilusão começa a trazer esquecimento…

A história parece quer repetir-se

Os lobos não dormem…

As serpentes espreitam…

oh povo acorda!

antes que tudo dê a volta

sem volta a dar

nos silêncios

que se podem agora quebrar!

EM - LIBERDADE - COLETÂNEA - IN-FINITA

Estilhaços - Elizabete Nascimento

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Restaram os estilhaços, 

ruínas de corpos e sentimentos, 

trevas em dias de sol. 

Passado e presente 

na batalha insana 

de um expatriado, 

armas de insônia 

e farpas de saudades. 

MELUSINA. 

Fragmentos disformes, 

bandoleiro, como o amor, 

maquiam a vida em luz e escuridão. 

Noite em claro, 

campo de concentração. 

Hiato entre o abandono e o verso, 

névoa de cacos no/do próprio exílio.

EM - GRANADA - ELIZABETE NASCIMENTO - IN-FINITA

Ciranda - Ginger Boni

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Dos amores que tive,

O primeiro foi ingênuo,

Fantasia,

Beijo sem língua.

O segundo,

Desespero,

Por inteiro,

Para esquecer o primeiro.

O terceiro,

Caso de polícia,

Uma costela quebrada,

Abuso, sordícia.

O quarto,

Sorrateiro,

Quase me devolveu a alegria,

Não fosse sua partida (tão jovem), com ele ainda estaria.

O quinto, sexto e sétimo,

Deram match,

E terminaram via WhatsApp.

O oitavo,

Maduro, insistente,

Não passou da primavera,

Só promessa, quimera.

E assim foi a ciranda,

Um a um,

Desiludidos,

Nem amores, nem amigos.

Quando encontrei o último,

Já cansada da caminhada,

Agradeci aos Céus,

Tantos amores darem em nada.

É que a gente sonha com o primeiro,

Mas o último amor,

(Esse sim),

É o verdadeiro.

EM - ESSAS MULHERES - COLETÂNIA - IN-FINITA

Tento imaginar - Tito Lívio

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Tento imaginar o teu corpo sobre ou sob o meu. Com desejo com 

cio e ternura, uma ternura que me envolva como uma espessa 

manta numa noite de frio. 

EM - VIAGENS PELO CORPO - TITO LÍVIO - IN-FINITA

Olhos azuis - Therezinha Lima

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Como te esperei

Enquanto malhavas

Num banquinho da praça

Ansiosa te esperava

Ao te avistar

Meu coração bateu forte

Feliz fiquei ao ver

Que ainda está no teu braço

Um pedacinho de mim

Combinando com o azul

Da roupa de malhação

Na cor dos teus olhos

Azuis da cor do mar

Bonito para A mar.

EM - LACUNAS DA ALMA - THEREZINHA LIMA - IN-FINITA

A fonte secou - Maria Antonieta Oliveira

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Chora o coração de saudade

A fonte retém a água límpida

Os peixes já não nadam

Nem mares nem rios

Nem sol nem lua

Tudo parou no tempo

Mas, o tempo não pára

Voa com o vento

No limite da inocência

E parte e leva

E volta, mas não traz

E o coração chora

E a saudade atormenta

E a fonte secou.

EM - QUANDO O CORAÇÃO FALA - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA - IN-FINITA

Grãos recônditos - Fernando Silva

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A terra lavrada para ganhar o pão

Semeado na dor de quem labuta

Dias aflitivos pela miséria da habitação

Regos de fartura e corpos na escuta

Que se encham as terras de pão

Que as espigas se ergam aos céus

Subo a ladeira cansada de razão

Duma prece agradecida a Deus

Como é grande esta serra onde corto

A palha deste colmo onde descanso

Resguardo acauteladamente meu corpo

Por entre madrigais espigas balanço

Os molhos de trigo são diamantes

Cortados da seitoira minha companheira

Perante os grãos louros brilhantes

Que serão ouro amanhã na eira

Trabalho árduo, cansativo e delicado

Guardam-se os grãos em sacos de suor

E depois do trabalho acabado

Há bailaricos na eira neste calor

EM - SUBLIME OLHAR DE MÃE - FERNANDO SILVA - IN-FINITA

A algazarra chegou - Elizabete Dente

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A algazarra chegou, 

Vestida de arco-íris, 

Com a banda a tocar, 

Meninos a dançar 

E o sol a brilhar. 

No fim do dia, vou-me deitar, 

Muito satisfeito 

E já no meu leito. 

Ponho-me a pensar 

Que, no dia seguinte, 

Volto a brincar.

EM - JANELA DA MINHA ESCOLA - ELIZABETE DENTE - IN-FINITA

Pesam-me os ombros, cansados - Ana Acto

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Pesam-me os ombros, cansados

Acomodo-me resignada

“Tão jovem” dizem-me

Não sabem...

Que carrego o fardo de meus ancestrais

A maldição e perseguição da raça

A caça às bruxas

Olho o céu imenso à escuta

Me revela os astros, constelações e mundos

Ouço as marés sábias

Trazendo histórias de superação

De dor, de salvação, boas novas

Me embrenho na floresta antiga e me torno Deva

A mãe me chama a despertar

A voltar de novo a ela

Mas já me perdi neste mundo…

Pesam-me os ombros, cansados

“Tão jovem” dizem-me

Perdoo-lhes, não sabem... 

EM - MALDITA - ANA ACTO - IN-FINITA

Estamos vivos - Tito Lívio Lisboa

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Estamos vivos, sabe-se, mas fora

Essa constatação material

Que se sabe de nós, senão que agora,

Lutamos a valer contra o final

Que o vulto das palavras, como a aurora,

Vagueia-nos ao instante posto tal

Seja-nos como a rosa que decora

O momento que passa em bruma e sal

Aspiramos à noite em esperanças

Que têm a embriaguez da novidade

Aspiramos à gloria, ao mar, verdade

Para alfim mergulhar em águas mansas

Especialistas em mortes que somos

Sem mistérios, Helena ou dúbios pomos

EM - 7 JANELAS PARA O TRANSITÓRIO - TITO LÍVIO LISBOA - IN-FINITA

Antes que o dia termine - Renata Lima

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Antes de terminar o dia

Eu quero encontrar a mim

Nos devaneios de meus ideais

Eu busco uma paz

Mas, meus dias são meses

Sem hora de passar

Os minutos se arrastam a me atropelar

Na ansiedade de viver

Mais que sonhar

EM - QUE SEJA MAIS - RENATA LIMA - IN-FINITA