LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Lá em cima do piano
Tinha um copo de veneno
De rótulo descabido
E sabor perigoso
Efeito colateral garantido,
caráter dócil e permissivo.
Será ele ignorado
Esse tal gole merecido?
“É para o santo” – quando derrama
“É para o amor” – quando inflama
Mas, para ti, o que restou?
Apenas uma gota de soberba
Fantasiada de antídoto.
Irmãos inglórios do destino
Meio cheio ou meio vazio?
Olho o fundo, mero abismo
Nasce a dúvida clandestina
Punhal forjado a duras penas,
espada aliada ao impossível.
Originário forasteiro
De escuras florestas incandescentes
Eterno e insuficiente
Tão perto, mas tão distante
é ele, o tempo aguardente.
Engole o choro, diz o santo
Engole o orgulho, diz o amor
Engole seco, diz o tempo
O primeiro gole é sempre teu
Porque a dúvida é a sombra da mente,
E simples mente, às vezes mente.
Veneno da alma
É desfrutar depois que acaba
Quando nada é teu
A não ser o tempo
E um julgamento inconsequente
Vai em frente, com coragem
E contradiz o maledicente.
Escreve tua história
Sem pressa, sem demora
O tempo é rei
E de resto, simples mente
Fruto apenas da memória
Mas a paciência,
Essa sim, é devota
Assim seja,
nossa nobre senhora.
EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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