quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Genérico - MIGUEL ÂNGELO TEIXEIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Há uma gaveta esquecida a que chamo vida
E onde o Sol não consegue e já nem tenta sequer entrar.
Nela guardo o mapa dos sonhos enterrados no jardim,
De uma alma conformada ao cinzento dos dias iguais.
Tão diferentes estão hoje as janelas semicerradas
Por onde costumava abraçar o mundo numa imaginação fértil
Em golfadas cheias de uma esperança transbordante.
Hoje o meu mundo é uma tela pequena num quarto escuro,
É o linguajar acutilante de quem provoca sem nada fazer,
Um balão furado que se esvazia pouco a pouco
E já não voa, apenas balança, sem rumo certo, inconstante,
Tentando não cair ao chão para não deixar marcas.
E nesse entretanto embalam-se num saco vulgar, usado,
os restos de uma relação normal para comer em casa,
no lar doce lar, na cara fechada que ninguém vê.
Vai longe o sorriso estampado na face, genuíno,
Aquele tempo cuja memória por vezes me atraiçoa,
Será verdade ou apenas a imaginação de um louco?
Em que nestas mãos cada verso virava um poema.
E não será o amor uma treta, a invenção de um poeta?
Ou será este silêncio sepulcral que vive de aparências,
Este adormecer letárgico e convidativo
O ouro dos tolos, o genérico de um amor em falta?

EM - AMANTES DA POESIA E DAS ARTES - COLETÂNEA - IN-FINITA

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