segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Desejo sentir a intempérie - VIRGÍLIO GUERREIRO


A vertigem de despir-te em mim,
provocam tremores no fio da navalha.

Hoje não quero o sol a brilhar de azul,
nem o vento a soprar de sul,
somente o teu rosto no meu,
ousado e altaneiro,
soltando fagulhas incendiadas,
vermelhas, negras e nuas,
nas sombras dos olhos cerrados,
e doces.

Desejo sentir a intempérie do vento,
cabelos que deslizam no peito,
e afogam a saliva seca da boca,
pétalas de magnólia rosada,
seduzidas pelo jejum dos corpos,
que no negrume da luz do quarto,
se deleitam em harmonia,
e prazer.

Só o perfume de teus seios,
fazem-me viajar na ponta do limbo.

EM - EROTISMO E SENSUALIDADE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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