quarta-feira, 17 de maio de 2023

Um dezembro isento de neve - ANTÓNIO CAPELLA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Chegamos ao definido ponto onde a fronte me aprisiona
e também onde se pára, ou se rola. Aconchegamo-nos numa
bolha insuflada de palpitantes corações, por mim mesmo
na borda parada.
Ficamo-nos e logo os nossos olhos bailaram com brilho de rosa
carnuda, afagada por leve airada.
Foste louva-a-deus e eu o grande inseto de cachoeira sangue.
No teu aperto fiquei uma libelinha de queratina melada,
que respondia com um delicado fincar de doçura amestrada.
Escusamos tons e olhos redondos, ou mesmo os de viés
disfarçados, como os de raposa gulosa à espera de galinha
extraviada.
As luzes ofuscam-nos quando inesperadamente, sobre as janelas
se debruçaram e, momentaneamente, perdemos o coalho
das palavras, entre o baralho de serpentes rubras e enleadas.
Enfeitiçados esquecemo-nos, que as luzes também aquecem
e arrefecem cios, logo que o dia aclara, ou enegrece.
Plasmados e dedos fortemente cruzados e pregados,
saímos pelo bocal que tínhamos entrado.

EM - PALAVRAS ESCRITAS, PALAVRAS PINTADAS - ANTÓNIO CAPELLA - IN-FINITA

Sem comentários:

Enviar um comentário