sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Epitáfio - DAVID MARQUES

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Não queria, mas veio ao mundo num dia frio,
O vento uivava como lobo esfaimado na serra,
Pelo rosto desceram lágrimas como um rio
Em dia de tempestade e a chuva banha a terra.

Cresceu, estudou, a contragosto foi militar,
Namorou sem saber o que o acto consistia,
Começou de noite numa praia à beira-mar
Mas depressa, o pálido luar se tornou dia.

Constituiu família, labutou, foi gente de bem,
A árvore criou raízes, floresceu e deu fruto
Num dia de abril, suou, tremeu como ninguém
Ignorando, como o destino lhe iria ser bruto.

Decorreram anos e num outro dia qualquer,
Seu ninho e sua família se desmoronou,
Perdeu seu sonho, rumo, filho e até mulher
Que, fazendo juras d’amor o atraiçoou.

Sofreu feito Cristo pregado em sua cruz,
Com as mãos e olhos elevados às alturas,
Ergueu a cabeça, seguiu em frente, fez jus...
Escreveu e lançou singelas rimas ao ar
Sem saber se o vento as quereria levar...
Renasceu, amou e aqui finaram suas agruras.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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