segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Este não sei o quê - ELISABETE PINHO

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Este não sei o quê que me atormenta
que me rasga o pensamento como um farrapo
puído, velho, gasto.
Saiu das trevas, qual alma retalhada
moribunda
que me vigia, segue, persegue.
Que me rasga as entranhas e esventra o ser
que me suga a alma faminta de ar
de céu, silêncio e paz.

Este não sei o quê que me confunde
que vive não sei onde, algures aqui
perdido, achado
quiçá imaginado
algures amordaçado dentro de mim.

Este não sei o quê que me ilude
que me troca as voltas à razão ferida
achincalhada na praça do desejo
vazia de esperança, do mundo perdida.

Este não sei o quê que procuro
que anseio encontrar
naquele lugar
onde perdida de mim, deixei de procurar.

Este não sei o quê que nada sabe
porque saber este não sei o quê
é saber-te onde não estou
onde não me procuro nem me encontro
onde este não sei o quê já nada me dá.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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