LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Os poetas do Sertão conhecem o calor dos desertos
E vivem a tanger versos de modo a ganhar questão.
Ao manejar os seus motes, cantam por precisão,
Mistério de algum pavão cativo nos seus acordes.
Os poetas do Sertão, filhos da mata e da roça,
Pedra curtida em nascença, rebuçada entonação,
Conhecem dureza do estio, cinzas de cada estação,
Tiram da viola o bordão de sangue ao couro fundido.
Os poetas do Sertão acreditam nas coisas divinas
Nas trilhas de covas, cacimbas, sua lida é louvação.
A vista alevanta ao espaço, o azul alumia em clarão,
Cintila o incêndio no chão, secura soprada do barro.
Os poetas do Sertão, lá de onde termina a folhagem,
Tempo é perene estiagem, parece mais maldição.
Campeiam estrelas pirilampos e redes de estimação,
Tecidas no puro algodão nativo colhido nos campos.
Produzem folhetos migrantes, engenhosa criação,
De lendas em prosação e toadas mirabolantes,
Refém da expectação, o sol vai dormir mais triste,
Peleja e nunca desiste, a poesia de meu Sertão.
EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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