sábado, 5 de janeiro de 2019

O poema II - ALVARO GIESTA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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II

Insegura é a carne e firmes as palavras:
– o pulsar fervente do sangue cresce nas veias do poema.
No silêncio da noite amadurecem as palavras,
reverdecem por entre os dedos à procura das raízes;
– útero materno na promessa do leite e do beijo,
verbo prometido e demorado.

O poema ergue-se dos mistérios da noite.
Gotículas minúsculas de sol crescem num fluxo
de palavras intemporais:          – palavras de harmonia
e luzes e trevas, palavras que se fazem carne e tempo
palavras inacabadas, também.

Cresce no poema a voz inquieta que nasce
ao cimo de cada sombra, como se fosse uma primavera
nocturna.                     – Com ferocidade se expande.
Ao poema que assim nasce, feliz com a dor
como a dor feliz do parir de mãe, nenhum poder
já destrói a força que o poema tem.

Como um corpo feminino em volúpia se entrega ao suor
do outro corpo e o bebe com a sede dum copo de vinho
tinto, assim o poema se dá à noite procurando nela o dia.
– Dói o poema que tão tarde no tempo nasce,
dói muito mais o poema que fica por nascer.

EM - O SERENO FLUIR DAS COISAS - ALVARO GIESTA - IN-FINITA

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