domingo, 1 de janeiro de 2017
No estio da terra - GRAÇA PIRES
De súbito, um submerso silêncio a ocidente das manhãs
entretece o cúmplice coração das searas no estio da terra.
Adivinha-se a quentura das águas através da brisa
que desliza pelos cabelos das crianças, num aconchego
quase tão delicado como o chamamento das mães.
Apetece resgatar alegrias e dar às coisas
nomes de flores, de anjos, de amigos.
Para lá do espaço há uma linha inclinada que não perturba
a curva do sol no recanto mais sensível do horizonte.
Os dias resguardam longamente a luz, e o crepúsculo
até doi no olhar desprevenido dos que esperam da noite
a transparência das sombras.
EM - SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS - ANTOLOGIA - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA
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