Um dia, quando despertares da letargia do sono
e te lembrares da poesia que respirámos juntosrecorda com saudade o meu acordar rubro
e a minha resistência em ser poeta pela manhã.
Um dia, quando te libertares da felicidade do sonho
procura no azul-celeste da tua memória viva
os versos doces que quis escrever no teu corpo
e sente o sal que os meus olhos derramaram
sobre as imaculadas folhas de papel virgem.
Um dia, quando sentires a dureza dos caminhos
e quiseres sarar as cicatrizes da tua existência
reaviva os verdes momentos de esperança
daquelas palavras escritas que um dia te dei.
Um dia, quando confessares a tua essência
e essa verdade que sempre viveu em ti
podes enfantizar as qualidades da poesia
que pensei mas sempre resisti em escrever.
Um dia, depois de ouvires os sinos da partida
e descobrires a cegueira dos meus olhos meigos
aplaude a minha falta de originalidade criativa
e enaltece a forma como lomelinizei a vida.
EM - ENTRE O SONO E O SONHO VOL. IV TOMO I - ANTOLOGIA - CHIADO
Este poema parece um balanço da vida, com projecções para um futuro amargurado, endereçado a alguém . Triste, porém, porque não desfaz essa situação directamente e não repõe um estado de vida feliz?
ResponderEliminarGostei mas fiquei triste com esta "carta", num belo poema. Grata.