tudo vem ao chamamento
noite após noite o que dissemos e
o que nunca diremos - a viagem
com uma giesta de algodão presa nos cabelos e
a sensação fresca de um sulco de aves na pele
tudo vem ao chamamento - os lobos
os anões as fadas as putas as bichas e
a redenção dos maus momentos - enquanto te barbeias
vês no espelho o homem
cuja solidão atravessou quase cinco décadas e
está agora ali a olhar-te - queixando-se da tosse
da dor de dentes e do golpe que a lâmina fez
num deslize perto da asa do nariz
não sei quem é - sei porém que vai afogar-se
naquela superfície clara quando dela se afastar e
abrir a porta para sair de casa murmurando: tudo
vem ao chamamento
por dentro do clamor da noite
EM - HORTO DO SILÊNCIO - AL BERTO - ASSÍRIO & ALVIM
Mais parece uma situação existencial, vivencial que uma simples poesia.
ResponderEliminarQue dizer? Ir ao encontro das causas, directamente, sem tal atitude avolumar~se- ão os sintomas.
Não sei se é um gesto atrevido, da minha parte. Que me desculpem!
Grata.