quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Talvez, o amor - MARIA ELIZABETE NASCIMENTO DE OLIVEIRA

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto Mulherio das Letras Portugal neste link
Conheçam a IN-FINITA neste link

O amor, talvez seja,
objeto misterioso e invisível
a vagar pelo mundo.
Talvez, o amor, seja
terra de desencontros,
gerânio de renascimentos.
O amor, talvez seja,
o geógrafo que mapeia,
cicatrizes sem ferida pelo corpo,
repletas de cartografias
que desacontecem.
Talvez, o amor, seja
apenas abstrato e imoral,
desenhado na linha
inatingível do horizonte.
O amor, talvez seja,
o brinquedo mais tenso, poderoso
e necessário da humanidade.
Não se pode deixar
de desejá-lo,
nem de escrevê-lo,
nem de querer encontrá-lo.
Talvez, o amor, seja,
o cerne da obra de arte dos artistas
que apontam para
os estrangulamentos dos desamores.
O amor, talvez seja,
o agente que labuta na surdina,
a sorver o cálice da lucidez,
devolvendo a insanidade
dos pequenos delitos.
Talvez, o amor, seja
o primo da loucura,
a coroação e a insígnia dourada
do pensamento e da utopia sem cura.
O amor, talvez seja,
a invenção dos vazios inexistentes
entre a luz e a escuridão
dos loucos e poetas.
Talvez, o amor, seja
o coração dos seres
que nasceram para expurgar
seus demônios,
que deliram na lascívia por ser:
ora Hera, ora poesia.
O amor, talvez...
E, eu,
Clítie, a procura do sol.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Sem comentários:

Enviar um comentário