domingo, 17 de junho de 2018

Da infância - MARCIA BARROCA

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A casa da chácara era enorme
Tinha no ar o cheiro dos doces
que minha mãe fazia
Na loja meu pai
entre prateleiras e amigos
passava todo o dia
Eu perambulava
entre os dois e os livros
A calçada larga e cinza
servia de cama
para retirantes nordestinos
que vinham no pau-de-arara
Vi uma vez
uma mulher amamentando
O bebê abocanhava
um dos seios murcho
única fonte de alimento
Olhamo-nos nos olhos
Os dela conformados
com a triste sina
Os meus de menina inocente
ainda não entendia
o mutilado seio vazado
onde a cicatriz impedia o leite salvador
Minha infância de princesa
não impediu  a dor lancinante
que pararam meus passos
Da garganta seca nasceria uma poeta

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS - ANTOLOGIA - IN-FINITA

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