quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Noite fatídica - DINALDO LESSA

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O anjo que mora em mim
encheu-me de Aurora.

                               A noite fatídica
                               impele o grito nas horas mortas
                               e obriga o verso noturno.

Aurora, devora-me na alcova,
devora sem pedir licença.

EM - DAS FLORES E DO TEMPO - DINALDO LESSA - CHIADO EDITORA

Sob a janela, feito flor de cera - ROSA MARIA MANO

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Sob a janela principal, feito flor de cera,
um cão moribundo vigia.
A mulher já não tem dentes, a pele não transpira.
Vestem negro o chão e as camas onde se deitou,
o gozo empapando a alma do planeta
no futuro que não houve.
Havia filhos feito fantasmas,
delinquindo as flores brancas,
macerando orquídeas de ácido.
A Terra não vinga.
A palavra gume morreu na garganta,
ferindo afagos e colmeias.
Paridos pelo sangue arroxeado dos séculos,
ruelas escuras, fissuras, afiados corais contaminados
pela fuligem gorda do descaso.
Em torno dos túmulos (quando houver),
a brancura da túnica que envolve a morte
há de sonhar amarelos.
E acolherá os pequenos,
os futuros interrompidos,
apartados dos seios,
frios fantasmas com dedos de finíssima textura,
petrificados diante das auroras.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

O cowboy - LARA SALGUEIRO

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Solta o cabelo
Sente-te a voar
Senta-te num cavalo belo
E começa-te a libertar

Liberdade é o que se tem
Sentir o vento e o sol na cara
Sem se ouvir gritar a mãe
Ter uma corrida sem fim, sem pára

Gritar e dançar
Vida com liberdade
É de aproveitar
Pois pode acabar mais tarde

EM - SER AMIGO NÃO É DIFÍCIL - LARA SALGUEIRO - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Travessia emocional - ROSELI QUEIROZ

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Livros são estradas que conduz uma alma,
para além do horizonte narrado.
Musicalidade gratifica quem a aprecia
e faz reserva de estadia
em raros paraísos emocionais.
A tela, um pincel e tintas levam um ser em construção,
a novas fronteiras da razão.
Uma simples lição de vida arremessa detalhes
que complementará projetos e sonhos.
Um sonho distante acaricia um coração sem fé
e o ressuscita
das mais remotas profundezas.
O sabor de uma fruta deliciada transporta nas asas
de um sorriso
O eco da liberdade alimentada.
Pegar carona, na veloz passagem do vento em alto mar,
é o mesmo que num segundo se encontrar,
e com alegria, o eco de uma poesia escutar:
Meu olhar questiona as muitas águas.
Meu sorrir abraça e enfrenta a ventania.
Minhas palavras certifica-se que devo ir.
Meu amedrontado coração diz: Não se vá.
Minha ousadia ordena: Tens que parti!
Siga os velhos trilhos das conexões atlânticas,
sem para traz argumentar nem desistir.
Aprenda com o desconhecido mar da vida...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

A estrela - MARIA SALVADOR

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Quando as rosas morrem
transformam-se em estrelas
num universo florido...

EM - DA MINHA JANELA/FROM MY WINDOW - MARIA SALVADOR - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Mil mãos - MARGARIDA CIMBOLINI

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Mil mãos me disputam
em mil torneios
são mãos que escutam
dedos que sabem dos meus anseios
vêm de noite sorrateiras
caladas… armadas de ternuras
Morreram quando o tempo parou
voltam agora para quem as amou
São mãos suaves brandas capazes
sabem bem amar
Nas vértebras do meu corpo
cavam ruas de amargura
estendem esteiras
correm nas areias
apagam as marcas dos corpos
do amor que ali passou
Secas e delgadas. Mãos tão amadas
voltam para mim as mãos que o meu corpo amou


EM - VIVÊNCIAS - MARGARIDA CIMBOLINI - IN-FINITA

Altares - ROSA MARIA MANO

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Fez-se a luz onde não há videntes
e o Senhor dos parvos
dança sobre as cabeças dos anjos.
Duas serpentes ígneas
guardam os olhos de Deus.
É verão nos polos e a chuva arde,
abrindo as cicatrizes mal curadas.
Os rios bebem aço e salivam sarin.
Nas mãos de homens e mulheres,
as linhas, os grãos, os vermes e flores,
os fios que bordam mortalhas e pão.
Diante do espelho do Tempo,
o Senhor dos parvos medra,
enamorado do brilho dos altares.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Assombro - MARIA JOÃO CANTINHO

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Sentas-te na sombra e sabes
do modo como apenas o crepúsculo
salva a tua urgência, a tua sede
de chuva e do avesso da noite
o assombro
o desvario de palavras,
essa lâmina que rasga o real
uma garra de nada, uma pedra
no teu caminho.

E procuras o escopro,
o arado alquímico, o compasso,
o fogo e o atanor
que há-de medir-te
o ritmo matemático
e a matéria transfigurada do poema,
esse golpe certeiro e lírico,
asa de sonho,
magma, víscera, palavra
suor, sangue, alma
língua, jogo, imagem
trevas esperando a alba
e a clara luz, esse estremecimento
mínimo
oculto nos detalhes.

Nascente, luminescente,
é um abismo em forma de rosa.

EM - DO ÍNFIMO - MARIA JOÃO CANTINHO - EDITORA PENALUX

Restia de gente - ROSAMAR

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sou,
tão somente, uma réstia
em cima da mesa o pão bolorento,
deitada na cama, a dor, o tormento,
andando, perdida, vou contra o vento
uma réstia de vida sem cor, sem fermento
sou,
tão somente, uma réstia
procurando a paz em tom cinzento
procurando o amor como alimento
desistindo de Ser por falta de alento
sou réstia de vida, já adormecida, no chão bafiento
sou
tão somente, uma réstia...
uma réstia de esperança sem semente,
uma réstia de terra sem água corrente,
uma réstia de luz sem brilho, ausente,
uma réstia de vida tentando ser gente
sou
uma réstia de nada, tão somente
mas voando no mar
aspirando o ar
livremente...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Do poema - WANDA MONTEIRO

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sobre o mar o voo das marias
asas adentram a vertigem do azul
o canto de seu voo irrompe o silêncio
na dobradura da onda
no exato quando de seu vago tempo
na inexata dança
na inteira pausa do movimento

à luz da estrela
embainhada pelo fio do poente
o poema nasce _ deita na areia
e fica lá (por ínfimo intante)

sequioso de olhos e sentidos
incapaz de rasgar a rede que os prende
na tela de líquido cristal
o poema sequer forceja ao vento
o mesmo velho vento volta da antiguidade
para cumprir a sina de modelar a areia
{desertor}
o poema comete suicídio
morre afogado
de água
sal
e indiferença

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Apaga a noite da minha noite - MIGUEL CURADO

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apaga a noite da minha noite,
é madrugada e só sinto outra
perda de pele para renascer,
cansado em cima de camas de
solidão,
preciso de amanhecer em cima
do seguro de ser,
em ti...


EM - ABRIR OS OLHOS ATÉ AO BRANCO - MIGUEL CURADO - IN-FINITA

Amar simplesmente -RÔ MARTINS

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E quando a gente se olha
É a nossa pele que grita o instante.
Quando a gente sorri
É a emoção escapando, aceleradamente,
para mergulhar no espaço
e adocicar o silêncio.
Quando a gente se beija,
desmistificamos, em sabor,
o saber confidente,
tonificando o refrão de um desejo ardente.
Quando a gente se encontra,
já não há razão para pouco querer...
A sensação que invade vai muito além
do que se pode prever.
Nem a distância resiste a tanto!
Embalados ao mais caloroso dos sentimentos,
estar dentro é suficiente para
o mundo se tornar um encanto.
Completas-me, serenamente.
Já não o tenho como um sonho,
mas como o fogo que a minha alma clama, por vezes,
tão de repente.
Despertaste-me doce e febril natureza,
rodopiando desejos em meu corpo e mente!
Como o trovão, teceste a loucura de um ser envolvente
e sob a luz da tempestade, aceleraste-me o pulsar.
És tu um redemoinho de sensações, num arrepio
sem fronteiras!
Foste capaz de inundar o universo dos meus sentidos
arrebatando, com um piscar, o mais sigiloso querer.
Essa paixão desmedida tira-me o ar...
O que hei de fazer?
Na esfera do amor, não deveria haver mistérios!
O caminho não poderia ser outro, se não único
para a certeza de um voo tão precioso.
Tanto anseio ao infinito torna o horizonte mais intenso
que o Mar.
Nesse Sol de inquietude, o brilho trespassa o olhar.
Enquanto a matéria de um bem maior se rende
ao esplendor de trazer-me para junto de ti,
há uma turbulência sem igual
Que pode o tempo marcar...
Quimera ser tão natural!
No amor nos cabe apenas, e tão simplesmente, amar

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

A música - MARIA SALVADOR

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Quedas de água e gotas de orvalho a vibrar na brisa matinal
bater de asas de borboletas, lágrimas e sorrisos
ternura, nostalgia e paixão...

EM - DA MINHA JANELA/FROM MY WINDOW - MARIA SALVADOR - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Mesmo na boca do mar - ROSAMAR

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remando contra a maré,
trago no peito, cansaço,
anos de vida sem espaço,
para um pouco de ternura,
não colho a fruta madura,
apodrece e cai no chão,
resta-me um pouco de fé,
que adormece a emoção,
já não espero grande coisa,
e o frio da minh’alma poisa,
no centro da tua mão,
não esqueças de mim, agora,
pois se a ternura demora,
chega tarde ao coração,
e esse beijo que desejo,
e que tarda em chegar,
vai morrer perto da praia,
tão perto do meu olhar,

mesmo na boca do mar...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Do corpo - WANDA MONTEIRO

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há quem diga que do corpo e sua concretude e solidez
mas o que há é liquidez
mais de mil partículas
fluindo num rio andante
na disputa e na defensa
pelas mesmas artérias
pelos mesmos veios
na permanente luta de vida e morte
há uma força que lhes une e desune
que lhes funde e aparta
o rio esse corpo que mergulha em si
pesado demais para chover
e precipitar-se no ar
o corpo esse rio de sal e sangue
lento de correr
que mal sossega e mal respira
ilhado de vento e vazio
há quem diga do corpo
de sua agudeza em mirar
mas o que há é plena miragem
consciência centrífuga
ilusão de ser que reflui no verbo
o corpo é esse rio cuja nascente e foz
disputam a força e o espaço
o tempo e as profundidades
no centro de um coração

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

domingo, 28 de outubro de 2018

Sem ti - ROSA MARIA

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O tempo que passa lá fora leva o sol,
O vento, a chuva até que rega a Flor
Mas a Flor não se desprende,
Não quebra e no seu auge produz amor...
Amor sentido sem direção,
Pois ao lado dela muitas vezes não há um coração
Mas mesmo assim ela vive
Alegre e feliz sem ti.

EM - QUANDO A ALMA CHORA - ROSA MARIA - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Nos passos do sol - RÔ MARTINS

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Olha-me ao poente
de onde um poema
acena por vir...
onde um sorriso se abriria
em pétalas
para desabrocharem
nos lábios que... querem sorrir.
Por onde caminhas,
o orvalho se faz presente e...
entre tantos,
despontam no sentir.
Radiante ao calor,
nos passos do Sol,
a acolhida é sublime.
Em sereno perfume
saboreio a
doçura que intensifica
o meu despertar
pelas manhãs...
Remetidos ao ar,
raios generosos iluminam
a seiva do horizonte
ressoando uma nova melodia...
Ondas ritmadas,
traduzem o instante para
desvendarem o sentido de mar.
Doravante na caminhada,
procuro-te...
Estás tão perto,
embora distante do meu olhar.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

A essência dos poetas - JOÃO DORDIO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR

Beijo teu para lábio meu?
Alma tua para a alma minha?
Amor teu para amor meu?
Beijo, alma e amor nosso?

Há delírios da mente que são e têm tanto de intenso como de frequência.
Abalam de nós sem saírem e conquistam o mundo disfarçado no teu abraço.

Tenho pouco de razão e tanto de loucura e tudo de paixão!

Esta é, aliás, a essência dos Poetas.
Uma maldição de intranquilidade e insatisfação permanentes, apenas suavizada por um certo mundo...
Aquele teu abraço...

EM - NÃO FAÇAS BARULHO. FUI ALI GRITAR QUE TE AMAVA - JOÃO DORDIO - EMPORIUM EDITORA

Notas de rodapé - RITA QUEIROZ

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Todas as águas correm em meus abismos.
Nelas, lavo minha alma
E, dos cascalhos, brotam os diamantes,
Que planto ao longo do caminho,
Deixando para trás as impurezas do coração.

Os ventos cândidos do infinito
Varrem as folhas mortas do meu jardim.
Os girassóis florescem na madrugada fria.
Despetalo-me das angústias e silêncios
E a borboleta grita seus versos nus.

As (in)certezas do viver ficam nos escombros.
Na dança das letras, bailo flamenco
Em nudes de vermelho paixão,
Rubis que seguem o voo das andorinhas
Em resplandecentes giros sobre o labirinto.

Enterro as ilusões na alvorada.
Sou apenas poesia alada
Fruto das alquimias ambulantes
Do deslizar celeste do tempo
No correr do rio para o mar!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Do tempo - WANDA MONTEIRO

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de súbito
corto-lhe o curso à foice
meço a inteireza de seu propósito
enterro estacas
para cegar vindoura estação
jogo-lhe a inerme isca da palavra

inútil intento domar o tempo
ele sempre volta ao cume
conjulga-se à revelia
de minha desmedida primavera
ele sempre volta ao cume
com olhos de escárnio
mira-me
de dentro da areia
como uma irrefutável sentença

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

sábado, 27 de outubro de 2018

O sentido do meu viver - JOSÉ CARLOS PEREIRA

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Sem Ti
Sinto o vazio
Que invade todo o meu ser
És o Infinito, és o Tudo,
O sentido do meu viver.

Encontro-Te no silêncio,
Nas coisas simples da vida,
No outro, no sentimento,
O meu ser fica sedento
Da Tua força, do Teu alento,
Da Tua Palavra amiga.

EM - SEMENTES DE HUMANIDADE - JOSÉ CARLOS PEREIRA - CHIADO EDITORA

Cantar-te-ei mistérios - RÔ MARTINS

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Por mim, cantaria ao teu ouvido
uma serenata de mistérios.
Sim!...
Te convidaria a uma interlocução sensorial.
Mas, afinal...
qual seria a tua sensibilidade ao toque?
Ao norte das minhas palavras,
encontrar-te-ias como colina
de alegria e inspiração.
Entregue ao prazer da escuta,
liberdade de encanto terias
prendendo a respiração,
ao acolher o meu sopro quente e adocicado,
numa mística mistura de afeto e afago.
Sim... minhas mãos também
querem falar-te para além do som.
És tu, viajante das ondas de Sol,
o ritmo “Lá” da minha canção.
Lá, parece tão distante!
Apetecendo o instante,
um atrevido mergulho de olhares
conduziria a intensidade
de luz, desassossegando o dia.
Efeito melhor, não haveria!
Minha voz segue o ritmo
que acompanha a melodia
para ecoar em profundidade
a tua imaginação...
Cantar-te-ei mistérios,
mas permita-me falhar na entonação.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Raiz que no amor respira - JOSÉ ANTÓNIO CORREIA PAIS

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR MARIA ASSUNÇÃO MARTINS

avançam na suavidade da madrugada
as vibrações dos corpos que no amor se descrevem e desaguam.
olhos-amêndoas.
seios-laranjas.
círculo esperado e vivo
                                  sempre os lábios acesos para os lábios.

contornando descem e sobem as mãos
                                  pelas pernas que se alongam e entrelaçam.

do afago se incendeia e entreabre a península
                                  raiz que respira no movimento dos dedos.

EM - CORPO ABERTO - JOSÉ ANTÓNIO CORREIA PAIS - EDIÇÃO DE AUTOR

Escombros - RITA QUEIROZ

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Rasgo o ventre em mil passados
Perpetuados na calada da noite
De silêncios eternos sequelados
Na incompletude do esquecimento.

Escrevo para respirar
Das lancinantes lembranças
Transbordadas no desconcerto dos sonhos
Fronteira dos medos guardados no labirinto.

Minha biografia muda é vendaval
Rastro utópico do verbo cego
Que implode os remendos do mosaico
Transitório na rima imperfeita do olhar.

E na bagagem da alma
As fases da lua adversa
Reinventadas no descompasso
Da natureza morta e fria.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Onde estás tu, quando não estás? - VÍTOR COSTEIRA

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Onde estás tu, quando não estás?
De que parte de mim te ausentas tu,
quando o teu olhar vago
busca algo que está além de mim,
em direcção a outro algo
que eu desconheço?

Onde estás tu, quando o teu olhar,
me trespassa, desembainhada espada,
como se eu fosse nevoeiro,
fina e vulnerável neblina,
e vagueia entre algo depois de mim
e um imenso nada
que, eu prefiro pensar,
que assim seja?

Ou será que sou eu esse imenso nada
e tens que olhar além
para que encontres algo ou alguém
que preencha vazios,
que adoce sorrisos
e te dê motivos
para deixares de me olhar?

Onde vais tu, quando não estás?
Que partes de ti aqui ficam
para que me distraiam o olhar
e não veja que não estás,
sempre que me procuras
em quem me é alheio?

Onde vais tu, se eu estou aqui?

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Alma ausente - FILOMENA VILAS BOAS

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Turbinas de vulcões
Chuva de candeias!
Um céu que eu pintei
Cascatas de emoções
Lembranças que guardei
Um tempo que vivi
Não vivo mais!
Entre os dedos
Folheio a saudade
A verdade
Onde o céu tocava o mar!
O lugar está vazio
As palavras não rimam mais
A cada amanhecer
Ecos de surdez!
Suspira o corpo
Que a alma não respira

EM - RESPIRO DA ALMA - FILOMENA VILAS BOAS - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA  

Pobre, negra, homossexual - REGINA BOSTULIM

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(para marielle, a que levou tiros na cabeça)

quando uma mulher se mexe incomoda
quando uma mulher se vira incomoda
imagine uma mulher a se importar
com crianças desvalidas
com vítimas de balas perdidas
com gestantes parindo na porta de hospitais
deve ter incomodado muito mesmo
incomodado os poderes
sejam eles quais forem
institucionalizados
é fácil dizer que ela foi vítima das circunstâncias
e que não haveria outro fim para ela
senão o do martírio
que ela mesma escolheu este caminho
mas sabe
sendo mulher
teria tido o mesmo destino
sendo mãe
também o mesmo destino
- não há segurança -
mas escolher lutar pelos mais fracos
ali ela selou seu destino
incomoda muito tentar fazer o certo
muito mais fácil não fazer nada
se omitir
ela tentou bravamente
mas ainda
falar de abusos policiais é proibido
proibido o amor lésbico
proibida a educação de carenciados
proibidos partos mais humanos a carenciados
quem sabe com mais marielles
ceifam uma surgem outras
a semeadura é aleatória
a colheita implacável
ceifaram uma
virão outras
disto sim tenho a certeza
esta a esperança que me move

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Eu sei - MARGARIDA CIMBOLINI

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na fímbria do meu vestido
os cortiços dos teus olhos

e sei dos doces mistérios do tempo
e sei dos cânticos as longínquas quimeras
tão belas...
e do cheiro desses jardins
onde danças com os meus prantos
e das flautas que tocas dando recados ao vento
os teus sons de outras eras

os cortiços dos teus olhos cheios de mel
escorrem nos meus dedos
e as saudades que tenho de senti-los nos meus...

eu sei de como é ser sorriso
como o teu abraço é abrigo
eu sei como é raro esse teu riso
vem… dizer-me tudo o que sei...
diz mil vezes repetido… e mesmo assim não sei...

EM - VIVÊNCIAS - MARGARIDA CIMBOLINI - IN-FINITA

Duas cidades - R. A. STUANI

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Eu gostava que o último ladrilho da minha Lisboa
desse na primeira pedra da minha São Paulo
justo no fim da rua augusta , ali na boca do tejo,
haveria um trilho para uma nova dimensão
Num comboio pleno de poeira cósmica
eu desembocaria em uma noturna rua augusta
de becos paulistas e de postes mijados
para encontrar meu ciber punk tatuado
Ouviríamos, recostados um no outro,
o batmacumba dos mutantes,
e um astronauta libertado, num bonde elétrico diáfano,
me levaria de volta a Lisboa
(não essa, a da minha memória)
Eu, de propósito, me perderia entre a Lapa
e as Amoreiras
encontraria meu amor fidalgo a ouvir o kuduro
em passos debruados pelas curvas do Chiado
E assim passariam os dias…
O meu brinquedo seria atraiçoar um e o outro:
de dia o solar português
de noite o noturno paulista
e também vice-versa ao contrário
sem nunca ter de escolher
Para sempre escolha sem perda
para nunca a perda da escolha
num prenhe sonhar libertário

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Balada das manhãs sem açucenas - VÍTOR COSTEIRA

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O tempo passou por aqui
e deixou marcas do entardecer
nos dias de pele escamada e despida,
rugas de uma árvore distraída,
folhas em viagem dócil
tão indesejada quanto inesperada,
derradeiro cristal ou fóssil.
Não eras esperado, mas chegaste
fizeste-te convidado
beijaste, bailaste, estrela brilhaste
senhor de um único reinado
e foste indiferente à surpresa
e ao não querer crer
que te recebeu sem saber o que fazer.
As madrugadas despertam agora
muito mais cedo,
as dores, os lamentos e as penas.
Passaste por aqui e levaste o albedo.
Já não há manhãs de açucenas...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Gete - CLÁUDIO AMÍLCAR CARNEIRO

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A ti, anjo meu,
'strela matutina,
essência divina,
nascida no Céu

consagro meu canto,
meus versos de amor,
de aroma e frescor,
de sublime encanto.

Astro resplendente
de luz infinita,
minha alma palpita
tão leda e contente

por ti, anjo amado,
meu sonho florido,
jamais esquecido
mas antes lembrado.

Não posso esquecer-te,
'squecer é morrer,
e eu quero viver,
amor e viver-te.

EM - CANTARES DA MINHA TERRA - CLÁUDIO AMÍLCAR CARNEIRO - CHIADO EDITORA

Mar de espumas - PETRUCIA CAMELO

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Quebra sobre a orla restos de mar espumantes
Debruça sobre areias praieiras segredos oceânicos
Espumas peroladas aterrissam qual nave ancorada
rufam aos meus pés em oferendas de sonhos titânicos

Ó gente de bordo, brava gente! Que de cartas e de máquinas
belonaves flutuam, passam ao largo, bandeiras arvorando-se
longe bem longe, fronteiras de espumas levantam-se
embates de sangue borbulham, que de glória faz o infante.

Espumas-de-mar, espúmeas taças de orgias netunianas!
Por entre vagas, o gemer das ondas, avante, galeras remando!
Salvas festivas, sonhos desatam-se, Américo Vespúcio canta!

Ó espumas circundantes, à hora é dalva, nave ao mar!
Navega por onde sopra o vento, leva os meus pensamentos.
Ó timoneiro, conduz esse veleiro, que do meu porto zarpa!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Poema de limão à noite - MIGUEL CURADO

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... via a noite como um limão,
de casca forrada a estrelas,
os gomos eram as mulheres sem corpo
que deslizavam pelos espaços
menos possíveis em busca não
se sabe do quê...

e os caroços,
os poucos caroços,
pintavam-se de sem espíritos como os que
se recolhem no vácuo da ausência de luz,
em fuga de si mesmos...

quando o dia fez o desenho na folha branca
da madrugada,
dormia a pensar em como citar o
verbo solidão,
sem arrancar a pele vazia que me velava
o frio da inquietude...


EM - ABRIR OS OLHOS ATÉ AO BRANCO - MIGUEL CURADO - IN-FINITA

Ventos de minha vida - PC_SO

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Ventos fortes
De todo o lado sentia as suas vibrações
Não tinha noção desses dotes
Toda eu emoções
A tempestade em mim instalada
Adversidade que age contra mim
Os ventos vão passando
E pensamentos maus vão levando
Da minha mente e alma doente
Cansada destes sentimentos
Não saem de mim e vivem de mim
Sugam-me o sangue, a vida
Tristeza que me queres tanto assim
Atenta nas minhas palavras
Por vezes desalinhadas
Escritas pela minha mão
Comandadas pela minha razão
Fizeram parceria com o coração
Captar a força e coragem dos ventos
Vão de reto pensamentos malditos
Entrelaçados no meu corpo
Estão estes dotes desconhecidos
Meus ventos e tempestades
Que sugaram minhas lágrimas
Afastaram as minhas contrariedades
Ventos da minha aura
Eternos nas minhas páginas

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Pérolas - VIEIRINHA VIEIRA

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Espalhei pérolas
Alguns apanharam e guardaram
Alguns devolveram
Teve quem nelas caísse!
Espalhei pérolas
Formadas na minha dor coagulada
Lágrimas revendo do interior
Fórmulas do amor!
Pérolas antigas
Uns dizem que não se usa
Uns que é precioso
Aquém defende, alguém acusa.
Doloroso é o momento.
Aguento!
Toda esta solidão e silêncio
Na multidão procuro
Todas as pérolas que conseguir
As que tu abandonaste
As que para longe atiraste
E esta mão só,
Limpa as pérolas que deixaste.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Caminho enganador - ZÉ MANEL DA LIXA

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Apareceste no meu caminho
Em teu caminho caminhei
Caminhei nele estou sozinho
Porque teu amor não conquistei

Foi caminho enganador
Foi caminho sem amor
Foi caminho sem caminhar
Foi caminho que me provocou dor
Caminho teu que eu quis amar

Percorri esse teu caminho
Caminhei nele mas parei
Caminhei nele e estou sozinho
Não encontrei nele o meu ninho
Ninho esse que não partilhei

Caminhei noutro caminho
O teu deixei livre para passar
Se precisares do meu carinho
Eu ainda vivo sozinho
Esse carinho eu te vou dar
E te voltarei a abraçar

EM - AMOR E SEDUÇÃO - ZÉ MANEL DA LIXA - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Mar de andorinhas - PETRUCIA CAMELO

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Ó andorinha, voas assuntando os mares!
Revoas ondeando o ondear das ondas.
Há no silêncio das vagas um corpo vencido,
pelos acordes das marés acontecidas.

Voas andorinha, andorinhão-das-tormentas!
Os céus desabam, os oceanos exasperam-se,
sonhos e desejos vagueiam sobre ondas
ondeiam sôfregos de lamentos e esperas.

Ó andorinha-da-serra, voas em volteios,
na terra e no mar!
Nas águas gloriosas e de lágrimas cor de algas
arrebatas esse corpo transido de mágoas.

Ó andorinha-da-praia, quisera, à beira - mar quisera!
Que encontres esse corpo entre espumas e areias
naufragado de sonhos nas solidões marinhas.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Visão III - FOUREAUX JÚNIOR

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR ALVARO GIESTA

Charco de tédio e sensaboria
Continua
A existir e resistir incólume
À minha volta
Lama, lama mesmo, não há
Já só o pó que a tudo encobre
A tudo embaça
Como a secura ventosa deste agosto
Que não passa...
Neste paradeiro
Deparo-me com uma página aberta a esmo

EM - COLECTÂNEA LITERÁRIA I 2017 - COLECTÂNEA - EDIÇÃO ACADEMIA DE LETRAS E ARTES

Amiga lua - PC_SO

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Lua nova ou cheia
Não importa a confusão
A mente navega na ilusão
Nos dias que és falada
Nos momentos amada
Nos gestos idolatrada
Não serás esquecida
Tão perto de mim estás
E vejo tua face esbatida
A tua presença aquece
E meu coração agradece
Tamanho fora do vulgar
Esborda minha visão
Colando os pés ao chão
Felicidade envolvente
Meu corpo dormente
Se deixa seduzir
Por ti lua presente
Com seu brilho ardente
Ó lua fiel
Neste espaço infinito
Serás minha parceira
Da minha vida inteira

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Eterno amor - VIEIRINHA VIEIRA

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Na Vida eu passo tempo,
Não passa de uma passagem temporal.
O temporal passa, TUDO FICA MAIS ABERTO
Mais amplo e claro
O sol espreita e irradia vida!
Mas passa… eternidade.
Cheira a saudade E DE NOVO TUDO SE FECHA
Há quem venda seu tempo
Quem compre o tempo de outrem
Eu passo o meu tempo…
... ao lado de alguém
... a fazer o bem
... a melhorar
... mas sempre a passar!
Muito embora...
Tem alturas que o passo é mais largo
Tenho baixas em que o passo amanho
O caminho é tamanho.
O caminho é intenso.
Exaustiva, vida
Inerte, morto
Pela passagem do tempo,
Realizei o impossível!
Porque vivendo morri
Morrendo marquei a minha vida
ETERNAMENTE

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Amiguinhos - A. M. GUERREIRO

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Tão amiguinhos que são
o pensamento e a ação
Mas apenas em momentos
de maior descontração...

EM - T/SER - A. M. GUERREIRO - CHIADO EDITORA

N(ave) mar - NIC CARDEAL

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É certo que as ondas irão dar na praia.
Também seguem mar adentro,
conforme o vento.
Somos águas revoltas,
somos águas profundas
em constante movimento,
até que a eternidade desponte
bem na linha do horizonte
revirando-nos ao avesso do mundo.

Por certo que o oceano sou eu,
teus mares irão adentrar aos meus
- dois mares raros - tempestades conjugadas
reverberando grandes trovoadas
e um Piloto que abandonou o navio.

Decerto é insensato
que mares raros sejam inocentados
bem certo que depois da calmaria
pagaremos o preço
ainda que o bom Piloto volte ao navio
jogando âncoras de aportar ao cais.

Sinto muito desde antes do mundo
sou oceano a beber dos teus mares
em goles de causar tempestades.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Um abraço - JORGE CHORA

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR CARLOS ARINTO

Um abraço
funde dois corações,
permite senti-los bater
a compasso,
conjuga o verbo amar
ao ritmo de um tique-taque:
eu amo-te,
tu amas-me.
Nos braços um do outro,
dois seres dão testemunho
do seu amor,
sem que tenha sido dita
uma só palavra,
embalados ao
ritmo do tique-taque.

EM - CADERNOS DE POESIA - ANTOLOGIA - CÍRCULO ARTÍSTICO E CULTURAL ARTUR BUAL

EU, o sem DEUS! E outras abominações - PAULO DE CARVALHO

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Em ritos sacramentais – disseram-me: ANÁTEMA!
Dito em ritos vezes sete – tantos quantos cabiam...
sabiam...
Excomungado por Sua Imagem um deus dessemelhante,
soube-me Homem!

Cruas palavras vociferadas em timbres d’estanhos
urdidas por suas línguas de sabres – perpetuavam
estatutos perenes erigidos em aços reluzentes – evadidos
de suas bocas esculpidas em granitos – CARRANCAS
estéticas de seus horrores.

ANÁTEMA! Disseram-me em ritos tantos...

Portentosos! Seus plenos planos edificavam templos
[oásis rodeados de areias e najas – pedras de lápide
unidas por argamassas de betume e verbos – a liturgia
de ferro suas falas materializavam barras, grades elos
engodos do pão.

ANÁTEMA! Tanto quanto sabiam, disseram-me...

Sempre tão pios transubstanciavam-se – momento
eucarístico mística circense do trigo onde o pão se fez
posse e a fome habitou entre nós. E a disseminação
do mal fez ranhuras na carne tábuas inscritas em covas
rasas.
Em ritos tantos sabiam o quanto...

O chão do beco sabe a dor da minha sombra revela seus
cânticos nos emboços dos muros proscrito medo à luz
da insegura dança da vela reflexos de fogo na poça da
vala preconizam tanto o dentro e o fora iconografias
proféticas para templos d’escuros estéticas d’um agora
eterno a rua nua a noite crua aporta ao gueto
a fé apagada do credo arremate das cansadas prédicas
em arremedos de Homens e suas lápides de verdades
guardadas ao musgo das eras onde perambulam por
meios de Vós os preâmbulos agonizantes timbrados
guturais prelúdios das tendas do BEM e seu MAL.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA