quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Continuo muda - Maria João Neves

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Continuo muda
Muito muda continuo muito muda.
A realidade esteve sempre cá.
Mesmo que às escondidas
Uma vez na violência do cinto.
E outras? – Continuo muda.
Com vinte anos foi no Vera Cruz
Agora descobri muito.
Deixei de pintar
Significado? – Automático distanciamento.
Do quê? – Da minha parte humana.
Espeto cravo vermelho na boca do bombardeiro.
Com toda a minha força.
Rebento-lhe as tripas.
Como pedir ajuda?
Lido com o lado errado da História.
Quero apagar a memória do Fascismo.
E o impacte da palavra preto? - Inumano.
Porque repetido e repetido e repetido.
É como estar numa aldeia despovoada
Nela resta apenas uma única pessoa.
Eu - Totalmente só.
Não suporto o fim de semana
Nem estar sozinha
O melhor é deslocar-me
Onde?
Aos velhinhos – É garantia certa de ser solicitada.
Até poderia ser amada – O meu desejo mesmo que
com vergonha. De quem? – De mim.
Resgatar o vínculo humano - condição essencial da minha vida.
Os aviões bombardearam campos agrícolas
e povoações?
Não sei - O povo não parece demonstrar conflito interno.
Apenas eu.
Como reparar a ferida?
Qual?
A minha.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

E esta saudade... - Maria Eunice Sisti Fabricio

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Deixei-me ficar alí, num ponto qualquer da vida, 
e vim ser quem sou. Nada entendia das coisas e das gentes... 
tampouco, que fosse o mundo assim... tão estranho
O que sou agora não é nada... nada diante da imensidão do que fui... 
cuja alma não tinha medo nem angústia. 
Acreditava que o mundo era os limites do jardim da mãe.
Onde fiquei? Onde foi parar a parte melhor de mim? 
Qual o momento exato que me perdi ? 
Os sonhos de outrora pousaram na minha saudade. 
Parece um filme que guardei para ver depois e agora não o encontro mais. 
Ah, como hei de encontrar-me se a criança que fui 
chora sem saber onde a esqueci? 
Ou teria sido ela que, distraída, se perdeu de mim?

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Esta forma de mim - Alexandra Conduto

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Esta forma de mim
Que o espelho transparece
Mostra a minha fragilidade
Enquanto a mente adormece.
Sinto-me fragmentar
Em milímetros do meu ser
E o meu interior a desvanecer.
Sinto-me nua e desprovida
De vontade, de querer.
Já não me reconheço
E paguei
Pela vida que escolhi
Um elevado preço.
No fundo, de nada valeu
O desejo que em mim nasceu
De possuir o que não devia
Almejar mais do que podia.
Esta imagem
Que o espelho me transparece
Não sou eu
É apenas uma prece.

EM - ENTRE VIDAS - ALEXANDRA CONDUTO - IN-FINITA

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Vitalidade poética - Maria do Carmo da Silva Santos

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A Poesia é atemporal.
A Poesia é ancestral.
A Poesia não é mera alegoria.
A Poesia sintetiza o viver,
com perspicácia e maestria.
A Poesia rememora o ontem.
A Poesia narra o agora.
A Poesia reflete sobre o amanhã.
A POESIA É VIVA!
VIVA A POESIA!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Bramidos do Nicles - Alan Dornales

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O grito do som que alucina os quatro ventos
Veemente e impetuoso impulso da boca que sopra
lentamente
Lâminas de olhos famintos
Liberdade, saudade
Um fogo que arde friamente
Sufocado, quase sem fala
Agito
Agonia
Preso pelo invisível
Prisão de zéfiro
Onde está tua fala

EM - GRITO ANÔNIMO SILENCIOSO - ALAN DORNALES - IN-FINITA

INFERNO - Ana Acto + João Dordio

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Quantas almas carrego nesta vida
Ou quantas vidas trarei em minha alma…
Arrasto meus passos, como se os arrastando pudesse prolongar
meu destino.
Os corvos grasnam arrogantes, inquietos, à minha indiferença
Enquanto deambulo pelo chão enlameado rumo ao inferno.
Curioso, sempre pensei que fosse quente
Mas o sinto gélido, frio, como o mais duro inverno

Divaguei entre sombras perdida nesse umbral
Mas fui resgatada em réstia de vida
“Doeste-me” e ainda me “dóis” um Inferno...
Foste asas num céu aberto
Agora, junto ao peito, as recolho
Depenadas das saudades, dos braços do teu voo...

Quantos corpos carrego nesta alma
Ou quantas vidas abraçarei ainda para me devolver…
Todas as estradas são paragens, todas as casas são desertos!
Os gritos das pessoas são o exemplo da distância que tenho delas!
Pessoas infernais! Infernos debruçados para mentes insensíveis!
Provavelmente a frieza deste mundo acabou por esfriar o inferno…
Nem ele sobreviveu aos muros erguidos para com o meu sofrer…

Hoje recolhi uma das minhas asas porque neste inferno perdi a tua…
Tu próprio eras uma das minhas asas, mas nunca percebeste…
A minha revolta repousa na solidão, o meu grito… no poema
infernal!

EM - DUELOS POÈTICOS - COLECTÂNEA JOÃO DORDIO - IN-FINITA

domingo, 28 de janeiro de 2024

Na Primavera - Maria Antonieta Gonzaga Teixeira

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Na primavera
Um olhar
Cheio de esperança
Encontra o horizonte e poetiza.

Esse olhar
Inspira na flor-de-maracujá
Na madrugada fria
Na geada que cai na serra
No cheiro da terra molhada.

Olha o horizonte
E sonha.

Sonha
Com o amor distante
Com o encantamento do encontro
Com o sabor do amor.

Na ternura do olhar
No encontro que deslumbra
O amor floresce
Na primavera!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Avarentos - Antónia Balsinha

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Pessoa avarenta
Embora digam que não
São muito cuidadosas
E dinheiro nunca dão

Detestam abrir bolsa
Mostrando desagrado
Para ter de pagar algo
Não alinham no fado

Gente trabalhadora
Para além de sovina
Preservam bem o ganho
Dessa luz cristalina

Acreditam somente
Na simples palavre Ter
Regozijo com ela
E também nalgum Poder

Desejando adquirir
Com brilho e distinção
Estatuto social
Escondendo coração

Escondendo modelo
Com imenso sucesso
Numa sociedade
Onde tenha progresso

Ideia assustadora
Com austera ambição
Diz: Eu mando, eu quero
Governar esta nação

EM - A POESIA CORRE MUNDO - ANTÓNIA BALSINHA - IN-FINITA

Sem desistir... - Andreia Sofia Vale

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Prazer imenso, vontade louca!
De fazer, de poder escolher,
e continuar com uma esperança louca,
O que vou poder fazer?
Para me acontecer o que desejar.
Não sei, talvez continuar a imaginar
ou então a decifrar
o que ainda há para contar,
longa palavra há a dizer
Pois ainda não está a acontecer,
Aquilo que eu penso conseguir
vir a poder descobrir.

EM - SENTIMENTOS DE POESIA - ANDREIA SOFIA VALE - IN-FINITA

sábado, 27 de janeiro de 2024

Túnel do tempo - MJ Abreu

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Minha palavra é área esquecida sem fronteiras,
a conexão entre sonhos e despertares.

Minha palavra, é um túnel mágico e simbólico,
a pedra filosofal entre a divindade
e minha exagerada humanidade e humildade.

Não são apenas letras e um rabisco num pedaço de papel,
é um rastro sem seguir o passado,
é uma semente voltando à sua origem,
pele viva e arranhões marcados no esquecimento.

É fervor e batimento cardíaco,
alegria, força e alento,
presente e futuro,
a única forma de não perder o discernimento.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Pinturas - Sílvia Silva

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pétalas pintam riachos
desenhos delicados
de rosa e azuis pastel
são terras nipónicas
onde me mergulho
conta-se uma primavera
e outra que se vai
a beleza efémera
mortalidade...
desabrocha,
até à próxima…
saudação…
das flores de cerejeira.

EM - SÍLVIA SILVA - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Atraída... Marilena de Castro

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atraída pelas gaiolas e quadrados
ofereço o pescoço ao carrasco
fui traída

EM - ESTÓRIAS RASGADAS - MARILENA DE CASTRO - IN-FINITA

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Mente que mente - Maria Cabana

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Perguntei à minha mente:
Porque mente a si própria?
Ela se fingiu demente
Com mentiras em panóplia.

Perguntei à minha mente:
Porque está sempre a mentir?
Ela me disse que quando mente
São só mentiras a fingir.

Perguntei à minha mente:
Porque mente á descarada?
Ela se fez de doente
E meteu-se numa enrascada.

Perguntei à minha mente:
Porque mente sem querer?
Ficou em silêncio e ausente
E fingiu enlouquecer.

Perguntei à minha mente:
O porquê de ser mentirosa compulsiva?
Ela me olhou consciente
E disse: a mentira também é precisa!?

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Tempo - Maria Madalena Ramos

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Consomem-se horas no tempo
numa vida de tudo e nada
numa imagem que floriu
e que de mim fugiu...
Compro no mercado dos sonhos
abraços entrelaçados
sorrisos engraçados
olhares iluminados
lábios para amar
mãos para acariciar...
Encontrei-te no jardim do desejo
onde as flores são perfumadas
onde a cama é adornada
pela loucura do beijo...
Criei um mundo no momento
deixei-me levar pelo vento
nos corpos que se cruzaram
na encruzilhada
na estrada...
Parti sem ti
procurei por ti
nada encontrei
um dia voltarei...

EM - PALAVRAS QUE FAZEM A DIFERENÇA - COLECTÂNEA GERÁBRIGA - IN-FINITA

Nostalgia - Joaquina Raimundo

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As palavras mais belas que recebi
Guardo-as bem dentro do meu coração
E quando apertam as saudades de ti
Nelas revivo momentos de sedução.

Falam de amores, de sonho e ilusão,
Choram, cantam e riem contidamente
E por copos de cristal, alegremente,
Brindam ao nosso amor, com emoção.

Dizem da nossa vida encantada,
Da saudade da vivência passada,
Do nosso longo amor fazem história!

São a prova do amor que nunca perderei
E, por isso, eternamente as guardarei
Para que nunca se apague a memória!

EM - PARA AMAR NÃO HÁ LIMITES - JOAQUINA RAIMUNDO - IN-FINITA

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Silêncios - Maria Bell

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Espero por ti todo o dia.
Digo depois às paredes que não vens.
Fico a olhar o teto, plácido,
troçando do meu embaraço.
Sorrio-lhe em desafio,
e segredo de novo às paredes
que é só nelas que confio.
Pergunto-lhes se ainda lembram as palavras
que em segredo um ao outro jurámos eternas
E se viram, como subiam,
os teus lábios afoitos nas minhas pernas.
Elas calam, coram um pouco,
Sussurram que tanto amor
é coisa de poeta e de louco.
Fico-me então pelo silêncio,
as portas tristes não sabem nada,
e não há que se pergunte
a uma porta fechada.

Amanhã falamos de novo,
talvez a porta se abra.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Dias difíceis - Alexandra Conduto

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Há dias difíceis de suportar
E que nada consegue amainar
Aquela dor que nos trespassa o peito
De uma forma e jeito
Impossível de acalmar.
Traz lágrimas salgadas
Noites mal dormidas
Madrugadas geladas
E longas fadigas.
Há dias em que a dor é tão forte
Que a insanidade desperta
A vontade de abraçar a morte.
Há dias difíceis de entender
Quanto mais queres esquecer
Mais vincada se torna a dor
E mais forte se impõe esse sentimento
Chamado Amor.

EM - ENTRE VIDAS - ALEXANDRA CONDUTO - IN-FINITA

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Barco à vela - Maria Antonieta Oliveira

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Barco à vela
Caravela
Rio
Mar
Oceano
Lá ao longe
Muito ao longe
Português se vira
Portugal é nobre
Brasil para além da
Amizade
Amor
Palavras
Tudo nos une
Em conexões
Atlânticas!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Galardoado - Alan Dornales

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Cá estou eu, sol escaldante
Vejo o mirante despontar
Não é mar
Rio gelado frutífero
Navegantes, apenas um que vejo
Minúsculo destemido
Faminto de responsabilidade
Família em casa necessitando de cuidado
Incapacidade não existe em seu vocabulário
Busca cotidianamente viver o presente
Esquecendo o passado
Lança a rede, encontra força e fé
A esperança está na proa de pé
As águas enxergam-o e se compadecem
Busca longe um cardume
Sinceridade é visto até mesmo por quem não tem olhos

EM - GRITO ANÔNIMO SILENCIOSO - ALAN DORNALES - IN-FINITA

O ALPINISTA - João Dordio + Ana P de Madureira

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Hoje subi e desci
Pelo teu corpo
Como alpinista de paixão.
Deixei as tendas nos pés
Lancei a corda pelos seios
E nem o tamanho da mochila impediu
Que a minha paixão entrasse
Por ti antes que a tempestade chegasse
E o êxtase instalasse o suspiro e o grito.
Hoje subi e desci
E o teu corpo reteve a minha pele
Reteve a minha língua
Reteve o meu sexo no teu sexo
Até a placa da paixão se cravar no orgasmo.

Cume o que nos traz o céu às bocas
Estonteadas pelo fulgor da escalada azul
Que asperge o sal
E eleva os corpos ao Alto
Celebrando o arrebatar do sol
Que nos escorre
Por dentro dos olhos
Comoção a dos corpos
Espelhada na simetria
Tatuando-nos com magma
O prazer vagaroso que tomba
Como mel
Num favo de beijos
Amanhecidos por uma montanha
Ardente

EM - DUELOS POÈTICOS - COLECTÂNEA JOÃO DORDIO - IN-FINITA

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

É louca a gaivota - Margarida Piloto Garcia

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É louca a gaivota
que apenas olha para o dia
e no seu voo alonga-se sobre as ondas
grasna ao sol, come
e volta ao mar.
Nas suas penas simples
segura a vida, nas falésias transfiguradas.

Nada lhe traz mais que um qualquer
Fernão Capelo lhe diria.
Voa com a fome desperta
nos sulcos solitários das nuvens.

Parte num céu aberto
numa quilha de mar
o vento curvado do nada
sem princípio e sem fim.

Anda pela beira do mar
sem promessas
num dia repetido.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Assunto - Antónia Balsinha

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Olhando o rio ou o mar
Sentado num’ esplanada
O assunto não esgota
Com loja sempre fechada

No café do restaurante
Morte é anunciada
Turista meio maluco
Caiu da sua jangada

No palanque da suspeita
Regresso é tempo morto
Calor de Verão é frio
Trouxeram corpo já morto

Com cara de gafanhoto
Notícia morde, fura
A praia enche de gente
Nessa tarde de loucura

Finalmente chega corpo
Na ponta dum rebocador
Traz boca cheia de peixe
O morto era professor

As claves do sol batiam
Entrelaçadas nas rugas
Do professor de música
Alheio a tantas fugas

Circulam logo rumores
Palpites da palma da mão
As marcas da tragédia
Secaram a terra do chão

EM - A POESIA CORRE MUNDO - ANTÓNIA BALSINHA - IN-FINITA

Depois de… - Andreia Sofia Vale

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Deus sabe como te amei,
E de tudo que por ti passei
De tantos beijos me recordo,
Passado uns minutos acordo,
Sonhar, valerá a pena?
Talvez um dia saiba a resposta,
Desta minha dúvida oposta.
Oposta à solidão e à tristeza,
Quero apenas ver as coisas com clareza.

EM - SENTIMENTOS DE POESIA - ANDREIA SOFIA VALE - IN-FINITA

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Mentes - Márcio Silva

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Subjugados em sentimentos alheios
Atraídos por mentes perversas
Damos vida a loucuras e devaneios
Construídos em longas conversas

Com pessoas que julgamos conhecer
Ao final de meia dúzia de encontros
Nos conduzem a seu belo prazer
Achando que somos tontos

Carregados de manias e caprichos
Querem tudo à sua disposição
Tratam pessoas como objectos
Julgam tê-las sempre na mão

Pobres mentes, frustradas e vazias
Que se acham iluminadas
Almas pequenas e doentias
Perpetuam encruzilhadas

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Pássaro - Sílvia Silva

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Sou um pássaro ferido...
Precisando do Teu amparo
Depenado e fraco
Querendo virar Fénix
Querendo virar cisne
Aprisionada, engaiolado
Em feras e metálicas grades;

Sou um pássaro ferido...
Requintado, mas sem própria estima
Voa no sonho...
Mundo privado e ansiado
E poesia, pública
(Desejado...
Reconhecimento!)

EM - SÍLVIA SILVA - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Perdi as asas - Marilena de Castro

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perdi as asas
fingi morrer
fui colhida
confinada

quando chegaram os ventos
pari um escorpião
mudei de pele
fiquei nos ossos

EM - ESTÓRIAS RASGADAS - MARILENA DE CASTRO - IN-FINITA