quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Dentro do Momento, Através do Escuro Pensamento - JACKMICHEL

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Dentro do momento, através do escuro pensamento
Um hirsuto gênio rasteja
Combalido e absorto;
À margem,
Cariando os mundos de contágio fácil...
Reconhecendo vestígios, conchas, gestos...
Enquanto cumprimenta seus companheiros cegos.

EM - JACKMICHEL - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

Albatroz - MARIA JOSÉ GONÇALVES MILLARD

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O homem de fé não queixa solidão.
Embora dentro dela...
Consciente da dor existente n’alma
Segue a passos largos.
O mundo geme!
A dor é profunda...
De parto demorado...
Se demora nas tormentas do dia
A natureza reza deitando-lhe bálsamos
Sob torrentes de luz
Queimando os miasmas...
A vergonha tem dor!
Têm dores a invigilância!
Dores na nudez fétida
Que carrega a irresponsabilidade
Do poder pobre.
Dos sorrisos sarcásticos de um mundo cão.
Oh! Humanidade!
Ajoelhemo-nos!
Circundemo-nos neste gólgota.
Quiçá! Sejamos perdoados.
E Bem Aventurados haveremos de ser...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Amo-te assim - VÍTOR COSTEIRA

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Amo-te,
na proporção do que não sei dizer,
na infinitude de gestos
que alguém um dia saberá decifrar,
na inquietude de momentos
que nervosamente desenham sorrisos,
sem enigmas, nem códigos,
onde todos sabem ler
aquilo que não tem fim,
num tempo que fez nascer
este outro tempo agora a acontecer,
docemente em mim!
Amo-te assim!

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Assim somos nós - EDNA LESSA

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A chuva cai agora serenamente
Outrora brava, forte e rápida...
Se analisarmos bem, assim somos nós
Inconstantes, aprendizes
E por vezes rebeldes
Envoltos nas dispersas fases
Que vivenciamos
E assim, a natureza vai
Seguindo seu percurso
As águas correm sozinhas
Para o rio e para o mar
E logo o sol surge, esplendoroso e gigante
Aquecendo cada coração
Que sob ele desperta.
E percebemos que após a tempestade
Vem sempre o tempo bom:
O sorriso, a alegria de se estar vivo!
E de sentir, ouvir, tocar, amar...
A vida é feita de momentos
De músicas, poesias, brisas,
Noites e amanheceres!
Viver é isso: uma ininterrupta espera
Pelo árduo e primoroso dia que virá.
Assim sou eu, assim somos nós!

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Telepatia - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA

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Sintonia
Amor
Paixão
Recordação
Palavras que nos unem
Actos que sonhámos
Situações que são nossas
Sintonia
Amor
Paixão
Recordação
Unidos pelo destino
Separados pela vida
Amor em sintonia
Paixão telepatia
Recordação.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Silêncio Interior - VERA DI BOMFIM

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Meus silêncios, abriga fantasmagóricas alegorias,
Contradições, que só minha alma reconhece.
Fascínio de histórias, memórias nunca finalistas,
Que a vida, qual as mitológicas parcas, tece, corta e retece...

Nos meus silêncios coexistem, ecoam e se confundem,
Lembranças doces e dores impulsivas,
Evasivas, emotivas, quase agressivas,
Que interagindo e embricando-se, subsistem.

Dos meus silêncios, do meu nada uno eu,
Aquele eu que só a minha alma vislumbra,
Ainda que chorando pela alegria que de mim se arrefeceu,
Ressurge a força que ao inusitado acolhe e celebra.

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

NÍSIA: floresta literária - DIVANI MEDEIROS

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Pensadora, escritora e poetisa brasileira
Precursora do feminismo com bravura
Rompeu paradigmas, lutando pelos direitos das minorias sociais
Amiga de Auguste Comte, buscou novos horizontes

Uma mulher além do seu tempo
Versava com diversas vertentes
Defendia uma educação de qualidade
Ser de luz, sapiência e celeridade

Criou laços de amizade, lutou pela
emancipação feminina, com dignidade
Mulher notável, guerreira, destemida
Lutou pela igualdade de gênero e dos direitos humanos, magnífica

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Lágrimas do tempo - RITA QUEIROZ

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Rego minhas feridas com mel
Palavras rasgam meu peito
Vendaval de sonhos incompletos
Insanos desejos mimetizados.

Guardo minha solidão
E invento cartografias
No instante pleno das horas mortas
Grafitadas nas manhãs de domingo.

Ao sabor da chuva, debulho mistérios,
Inscrevendo meus fantasmas na retina
Náufragos da ilusão de amar.

Engulo a dor dos afetos,
Recolhendo os espinhos
Na delicadeza dos silêncios!

EM - RITA QUEIROZ - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

Renascer das cinzas - MARI BARBOSA

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Buscar é lutar!
Lutar contra o mundo e contra todos!
Desanimar...nunca!
Perceber nas entrelinhas...
Oh! Bendita maturidade
Que faz acreditar:
Nem tudo acabou!...
Faz perceber a ponta do iceberg,
E entender a linguagem subliminar
Dos olhares, dos gestos,
Das respostas mudas,
Dos sentidos dúbios,
Que confundem, aniquilam, corroem...
Faz juntar pedaços da vida,
Deixa rolar no rosto,
Lágrimas, muitas lágrimas...
E depois...
Desafiando, chorando, lutando, buscando...
... renasce das cinzas!
Até quando?
Não sei!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Canções do mar - VERA DI BOMFIM

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A primeira vez que eu a ouvi,
Escutei-a no interior de um búzio.
Era fascinante o som que se escutava daquele aparente vazio.
Era a canção do longínquo mar, tangida pelo vento do devir.

Porque pleno de fantasias, o devir, então,
era transformador de realidades...
A canção do mar que no búzio ouvi, como canto de sereia,
Se fazia móbile de viagens e emoções...
Bravatas da minha infantil odisseia.
Não era apenas um som que me envolvia,
era o mar em toda sua unicidade

O mar que vibrava no interior de um búzio,
e que tantas vezes ouvi,
Compunha a mesma canção que hoje escuto quebrar
de ondas nos rochedos.
Mas já não me traz enredos dos amores que vivi
ou quiçá inventei... Segredos...
Segredos fantasias que se esfumaram no tempo
em que me estou a ir.

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

O mistério - DENIZE RIBEIRO

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A voz moribunda
dita a sentença
imutável
fiel

Atravessa muros
desvia da multidão
abraça desavisados e
segue
saciada

Asfixia o tempo
sempre inesperada
não dorme
não espera
vela

Sussurra
no tímpano
empoeirado
o segredo nunca
revelado
no último suspiro
a derradeira
imaculada.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Será tarde ou nunca - IRENE MATIAS

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Será tarde
Será nunca
Será o viver
Será o esquecer
Será o falar
Será o dizer
Será o bem-estar...
... Ou será o mal-dizer?
Será que vai desaparecer?
Esta é uma luta renhida
De coração... para coração!
Muito, mas muito sentida
Uma luta desigual!
Porque o mal vê-nos
Mas nós não vemos o mal!

Amigos... em guarda!
De armas em riste
Fiquem em casa!
Com o ar de que...
... Aqui ninguém EXISTE!...
Enfrentemos a besta
De espada em riste,
Fiquem em casa
A dormir a sesta,
Aí, ela não tem chave
Tem que bater à porta,
Amigos, deixem-se estar
Ninguém lha abra!
... Vamos matar...
Essa MACABRA!

EM - AMANHECEU... RENASCEU! - IRENE MATIAS - IN-FINITA

Abismo - MARGARIDA PILOTO GARCIA

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Medir o abismo
com as mãos abertas
desdobrá-lo
parti-lo em mil pedaços
e voltar a colar.
Ou achar a distância
entre a importância de estar viva
e o tempo que se vai esgotando.
Nada de métodos científicos
ou ideias transcendentes.
Apenas uma solidão útil a servir
de bitola aos dias sem graça.

Aos poucos perdem-se todas as guerras
mesmo que te esforces para confundir
a vida , ou será a morte?
Contra o peito, medes o abismo
e ficas a pensar como será cair.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Sorriso largo - VÂNIA PONTES

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O nome dele é José,
Com sorriso largo,
Nos olhos tem a fé,
Na boca traz o gozo.

Um homem-menino,
Com estética de anjo,
Tocou-me com o sino,
Do amor mais célico.

De cabelo em cachos,
Sorriso todo aberto,
Rasga os meus olhos,
Que faíscam de perto.

Os sinais da face linda,
Pareceram tão familiar,
Que fiquei sem saída,
Comecei logo o amar.

Se for pecado amar anjo,
Já era, pois só penso nele,
Não existe um arcanjo,
Mais lindo do que ele!

Quando acordo o sinto,
Perto ou longe noto ele,
Em mim com o instinto,
De dona dos achegos dele.

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

De passagem - DEBORA PIO

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In memorian, Lui

Em teus olhos
Havia mais morte que vida.
Assim como uma dona de casa
Que estende a roupa limpa no quintal
Em dia de chuva
foste vivendo.

Vez por outra uma placidez invadia-te as feições
Que em geral eram algo entre triste, tenso e morto,
Como as folhas que caem, ainda são folhas e podem até estar verdes
Mas já não têm vida.
Ainda me lembro
Daquela tarde em que, juntos, olhávamos o mar, em silêncio.
Teu rosto, enigmático
De estátua sem olhos
Teu corpo, naquele usual abandono a si mesmo
A respiração, leve
Subitamente, um suspiro. Tua mão segurou a minha.
Naquele momento, foi como se tivesses despertado mas quisesses
ainda lá ficar, onde estiveras há um instante...
Depois disso, foste-te afastando. Deixei. Não havia nada a fazer.
Um dia, percebi que já não estavas... distância e neblina.

Muito tempo se passou
Seguimos por caminhos diferentes
Voltas e voltas, vertigens
Também o planeta deu voltas
Assim como os ponteiros do relógio
- objeto que abominavas!
Num certo fim de tarde ofereceram-me um envelope pardo
Onde havia algumas fotos
Disseram-me que era tudo o que guardaste, mais umas outras
coisinhas, como pedras e conchas

Aguardei o momento
Momento
Tu sempre odiaste o passado, raramente te referias a ele
E eis que a minha herança foram as fotos daquele dia, no mar
Eu e tu, de mãos dadas.
Tu já não habitavas entre nós
Eu não soube o que fazer
Então coloquei o disco do Albinoni para tocar.

Fica em paz, mar imenso!

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

domingo, 26 de setembro de 2021

Gestação - CHRIS HERRMANN

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após o inverno
deixar-se cobrir
pelo outono,
disse à primavera:
esta ainda não será
a última vez
que vocês me verão.

EM - CHRIS HERRMANN - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

Banho - MARCELA SOARES

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Gotas caem forte e
lentamente
perfurando o chão
espanando a terra
apalpando a alma.
A chuva escorre
dos olhos
incessantemente,
e não há respostas
nas pesadas nuvens.
Apenas sou molhada
por lembranças e
infinitas possibilidades.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Beija-flor da toca - VÂNIA PONTES

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Ele chegou como beija-flor,
Levou meu néctar do peito,
Ficou só a marca viva na flor,
Que sonha brotar amor feito.

O beija-flor foi para sua toca,
E aqui não toca, mas me olha,
Trocando encanto que entorna
Dentro de mim e cai na folha.

Da toca recebo as saudações,
Que não substituem o abraço,
O beijo que traz as salvações,
Para as flores do amor de laço.

Sem previsão de sair da toca,
Bem sabe que no deleite dele,
A minha flor deseja a beijoca,
Mais pura para gozar com ele.

Não é o tempo de toca dele que doí,
Mas a falta de previsão do encontro.
Se ocupa tanto em ser o super-herói,
E esquece que preciso do seu amor.

Sonho com a sua saída da toca,
Para florescer meu jardim largo.
Vivo na espera do beijo de boca,
Que ele guarda na toca do afago.

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Sequestro - DANIELLE MONTEIRO

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Há palavras prontas
Para o resgate
Elas esperam um olhar atento
Uma alma penada
Solitária
Que caminha à procura do nada
Partículas luminosas
Soltas no ar
Engolidas pelos apressados
Tornam-se silêncio insosso
De uma melancolia muda
Inexpressiva
Capturada pelos cuidadosos
Transformam-se em manifestações
Salutares
O poema porvir.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

sábado, 25 de setembro de 2021

Nós - CRISTIANE CUNHA BEZERRA

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Sabe o que eu queria?
Era estar contigo comendo batatinha
No pacote mesmo
Despretensiosa
Com o sal nos beiços
Pra te encher de beijos
Só que tudo tem que ser perfeito
A vida mete medo
A simplicidade não sustenta
Tem gordura trans
Tem sódio e carboidrato
Só que era tudo o que eu queria
Pieguices misturadas na delícia de te ver sorrir
Matar tempo e etiquetas
Da humanidade que se diz verdadeira
Tão revestida de mentira
Eu quero me despir pra você
E te tirar do sério
Romper o que pode
E me meter no insólito
De me atirar em nós

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Sombras - MANUEL MACHADO

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Encostado ao varandim
da casa virada ao mar
regalo o olhar e a alma
à luz prata reflectida no oceano
em dia de esplendorosa lua cheia,
águas calmas, serenas, prateadas
apenas agitadas por brincadeiras
de gorazes há muito desaparecidos.

Olho lentamente em redor
na curiosa busca das sombras
provocadas pelo intenso luar,
há sombreados escuros e estáticos
dos prédios e casas vizinhas,
os esguios, por vezes ondulantes,
das palmeiras de folhagem inalcançável
estendidos pela rua abaixo
até se esvanecerem no alcatrão
mais escuro e longínquo,
onde se desenham linhas escuras
das viaturas estacionadas e alinhadas.

Está deserta de caminhantes, a rua.

Subo ao terraço de melhor vista e alcance
onde em noites escuras como breu
reencontro e conto pacientemente
as minhas estrelas no firmamento.

Hoje, sob este intenso luar
apenas vejo estendida no chão
a sombra esguia de mim próprio,
com notória curva acentuada
provocada pela minha escoliose.

Mergulho na intensa escuridão da sombra
esbarro com cansaços estratificados
acumulados pela vida vivida,
enfrento e questiono medos,
agarrados que nem lapas
às paredes imaginárias do cérebro,
incuto esperança e positividade
a algumas fraquezas encontradas
em caminhos sinuosos da recuperação,
danço, gargalho e rejubilo
com o grande amor sentido.

Nado energicamente para as margens
da sombra escura mergulhada.
Reencontro o meu físico
melancólico no estar e ser,
olho descaradamente a minha sombra
agora menos negra e já ténue,
o olhar regressa ao mar prateado,
às estrelas na abóboda celeste
com as sombras e os sombreados
já confrontados e apaziguados.

Em rotação, a lua lá vai em passo lento
a provocar novas silhuetas
ansiosa por novos e prementes encontros
às mentes abertas e conscientes.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Visão da Alma - JACKMICHEL

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Na capela abandonada é silente a paz.

Os vitrais coam a luz tíbia
Do último raio de sol
Da tarde que morre...
Os bancos ebúrneos e a penumbra interior
Formam um ambiente inefável:
Por tudo o alvor do mármore
E a cinza da tarde.

Detrás do sacrário paira uma nuvem
De estranho incenso
E diante do altar,
Tendo na fronte a unção
E na face o livor dos desolados,
Ergo a urna onde repousam – sacrossantas –
As cinzas do passado morto.

EM - JACKMICHEL - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

Paradigma de um novo mundo - TITA TAVARES

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Tenho a ilusão de um mundo novo:

- Sou Sol, sou Luz, sou Céu e Firmamento.
Sou o mar, sou ondas e marés em movimento.
Sou vulcão...
Sou lava que se emana,
Que corre, e se derrama...
Por campos, rios, prados e montanhas,
Em húmus, vida, e fertilização

- Sou cosmos num parto de dor e de transmutação:

Sou ansiedade, sou angústia e desilusão
De prenúncios de um novo mundo,
Pérfido,
Emulado em combustão.

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Sem rosto - CLÁUDIA MONTEIRO

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Os braços do silêncio
Despem-me a alma e fico nua
O espelho roubou-me a imagem
Em troca deu-me a sua
E sem rosto, nesta ausência de ser,
as viagens atropelam-se
para paragens que não são minhas
Visitas inesperadas irrompem
sem convite na madrugada
São vozes de um presente sem tempo
Que trazem bagagem para ficar.
E é então que me encontro,
De alma despida, sem rosto,
Embrenhada num labirinto,
De uma vida a várias vozes,
Que ainda não sei decifrar.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

À Espera de Uma Sereia… - MANUEL A. RODRIGUES

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Deitado na areia,
Com o corpo molhado,
À espera de uma sereia,
Receber um beijo salgado.

Sopra o vento,
Agitam-se as águas,
Deixo voar o meu pensamento,
Solto de mim as mágoas.

Sobem as marés,
A agitação vai e vem,
A onda refresca-me os pés,
Alivia-me a alma também.

A areia aquece,
O corpo deitado se aborrece,
A sereia desaparece,
O sonho esvanece…

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Juventude - TITA TAVARES

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Juventude volátil
Embriaguez da Vida!
Conturbada etapa
Da curta corrida.

Qual onírica caça
À felicidade em taça,
Pulsada pelo sonho
Do sangue vibrátil?!

Quanta ganho ou perda
Derramada ou colhida
No enfoque ideal
Da semente escolhida?!

A juventude só voa...
Porque é volátil...
É gérmen portátil
Que se replanta
No troço final:

- Doce e sereno -

Se não viajou
Nas asas do tempo,
Sem rota... à toa...

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quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Pessoas jardins - CLÁUDIA GOMES

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Pessoas jardins estão sempre em busca de fertilizar a terra
Fertilizar as dores alheias com palavras de acalanto
Fertilizar a tristeza ao redor com a força das mãos
Que revelam segurança e sinceridade
Estão em busca
De fertilizar com a beleza da vida os corações rígidos
Com a beleza das cores das flores
Que perfumam
Que entrelaçam
Que colorem o cinza que encobre quão importante somos...
Pessoas jardins gostam de cultivar
Cultivam paz, amor, respeito, honestidade,
Empatia, companheirismo
E todos os bons sentimentos
Que nascem da árvore da boa ação.

Pessoas jardins gostam de espalhar sementes...
A semente do bem
Que faz o amor vingar
A semente da amizade
Que faz o amigo se perpetuar
A semente do bem
Que faz os espaços por onde circulamos
Serem espaços de retorno
Pois onde há aconchego
Há vontade de voltar
Há sentimento de pertencimento
Há solo fértil
Para plantarmos união.

Pessoas jardins não escolhem as flores
Que devem florescer
Todas as sementes para elas são bonitas,
Importantes, interessantes.

Pessoas jardins
São pessoas que queremos sempre assim:
Entrelaçadas nos laços da nossa vida
Com fitas do bem querer!
Pessoas jardins são assim...
Fazem um rebuliço gostoso dentro da gente.

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Medo do ser - LUCIENNE TINOCO RODRIGUES

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A escuridão.
O buraco sem fundo,
o breu sem fresta de claridade.
Sonho acordada.
Na borda
delírio pelo pavor da queda.
O medo da incapacidade,
o não fazer
para evitar o fracasso.
Medo estanca.
Não faz, frustra.
Medo do que virá.
O medo da vida
diante da certeza da morte.

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Tu foste - TITA LEAL

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De tantos
e tantos dias que me aconteceram
Tu foste o mais lindo
onde em ti
meus olhos se prenderam

Travei uma incansável luta
nos momentos em que os teus me apeteceram
Buscando em cada gesto deles
lugares
Talvez pelo mistério
que sempre me esconderam

Foste o mais belo dia de calor
Onde pairava o amor
Numa força que em ti desconhecida
Vício bom dos doces sabores
Quando em desejo em ti me perdia

Na desordem dos meus pensamentos
Teu nome preciso chamar
Olhos nos olhos
Teu olhar no meu
fruto proibido que a vida me deu
em teimosia pretendo segurar
Tu foste o mais lindo dia
que me aconteceu

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Solitude - RITA QUEIROZ

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Nos muros estão escritas as minhas histórias.
Desmoronaram, como as partituras do músico desconhecido.
Pelo chão: pedaços de sonhos, sorrisos, lágrimas.
No peito, os eus se confundem com os muros.

Na estaca zero do destino,
Percorro caminhos sem volta,
Mesmo marcando-o com as pétalas do meu rosto.
Sigo sangrando uma saliva doce,
Fazendo jorrar mel das pedras.

Minha boca desfolha beijos,
Serenados pelo canto do rouxinol,
Esquecidos junto às cinzas da alma,
Remendada pelo vento do mar de memórias.

Atiço as velas das reminiscências
E remo as ânsias com doçura.
Nas irreais chamas da cegueira
Dos gritos que correm pelas entranhas.

E os pássaros me levam para o infinito...

EM - RITA QUEIROZ - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Falar assim - IRENE MATIAS

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Ao coração cansado
Falemos de falas mansas,
Falas que põem de lado
Frescuras e desesperanças,
Falas do coração...
Para outrora a quem damos a mão
Segurando da vida a decisão
De nela ficar, e esquecer a partida!

Falar assim, com doçura,
Falar assim, sem sermão,
Querendo distribuir ventura
Laivos de grande amizade
E satisfação
Sentidos pelo sentido...
... Com ternura!

Sonhar com o mundo...
De verdade, sem falsidade,
Dando-nos aos outros
Com autenticidade!
Procurando na loucura
De um viver bravo
Toda aquela força estranha
Mas que em nós existe...
... E é tamanha, que não acaba...
PERSISTE!

EM - AMANHECEU... RENASCEU! - IRENE MATIAS - IN-FINITA

Atlântida - LUCIENE AVANZINI

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Atlântida...
realidade ou mito?
Perguntas sem respostas
imaginação fértil
volto no tempo
sinto na pele
calafrios
Atlantis, seres tão especiais
onde estão?
imagens surreais
transcendo-me...
além das Colunas de Hércules
no continente perdido
tão belo, tão rico
simplesmente perdido
Será que foi engolido
Ou demolido
Ou a fúria de Poseidon
Ou a culpa é do próprio homem
cego de ganância e amor pelo poder
autodestruíram-se
travaram lutas
violência crescia
Há quem culpe
os exilados de Capela
recebidos
acolhidos
conflitam costumes
Mito ou realidade?
desajustes
Terra, fogo, água e ar
Os quatro elementos
antes, em harmonia
Perderam o equilíbrio
e foram engolidos
Por Poseidon ou Hefesto
Não sei ao certo...
Só a Atlântida sucumbiu

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

À lareira - TITA LEAL

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Recordo o nosso intenso momento
Como se o inverno tivesse chegado
Brisa do instante
encanto de um poema inacabado

Abraçados junto à lareira
Dela fumegava
o chá aroma limão, cidreira
A lenha numa melodia a crepitar
Rendilhava de magia
as palavras mudas que lia
no teu terno e meigo olhar

Vestia-se de silêncio
o aproximar de nossas bocas
num sentido arrepio de pele
Um ardente gostar
no encanto da noite me sabias a mel
Eu e tu, tu e eu
Numa entrega de poetas
em madrugada de luar
de calmaria ornada
num sentido enlace
aprendíamos a amar

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Epílogo - CLÁUDIA GONÇALVES

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na quase esquina
não há vaga
perdeu-se o tato
perdeu-se a valsa
perdeu-se o enlace
na quase esquina
não vale
não vale o dote_
não vale
não vale a pena_
não vale
não vale o trote_
não vale
não vale o chumbo_
não vale
não vale o passe
[não vale o rito do sal
jorrado na face]

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Trova da resistência - CHRIS HERRMANN

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Somos as sempre vivas
Vivemos nossas masmorras
Ora alguém quer que tu vivas
Ora alguém quer que tu morras

EM - CHRIS HERRMANN - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

Póstuma missiva - LÚCIA D'VERONA

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Querida Inês, amada minha
tal como vos prometi, coroei-vos rainha.
Vivemos à margem da lei,
em plena transgressão.
Mas quem fez o vosso sangue escorrer
sofreu uma grande desilusão,
passaste de ama a rainha,
Senhora minha, do meu coração.
Só nós sabemos o quanto foi grande e sublime este amor,
por isso, numa só vida, não se poderia viver...
nem mesmo a morte, o conseguiu vencer...
Amor que por séculos se tornará imortal
História vivida e afamada, do reino de Portugal.
E para lá das nossas fronteiras,
os enamorados elogiarão,
este amor mais forte que a morte,
gigantesca e eterna paixão!
Sim, minha amada Inês, são poucas estas linhas
para o meu amor vos expressar.
Mas mais do que falar, o importante foi demonstrar
o quanto em vida vos pude amar...
Provei a todos, minha infinita paixão,
que mesmo depois de morta, continuastes a ser a rainha
do meu país e do meu coração!
                        Do vosso Amado, Pedro.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Dor - CLAUDIA FILIPPO

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Sinto tanto
Pelo feminicídio
Que assola
O mundo.
Meu país
Brasil.
Violentadas,
Agredidas!
Sangram
No âmago
do seu Ser.
Muitas
Nem sabem
Que sofrem
Abuso.
Acham
Natural
Serem
Achincalhadas,
Pelos homens
Canalhas!
Chega
De abuso!
Mulheres
Não permitam!

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Por um fio (vínculo) - SUELI SANTOS

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A vida se inicia
Alimenta
Forma
Desenvolve...

Nele se envolve
Alheio ao que espera.

Em sua estadia
Repleto de melodia
Um aconchego suave
Gargalhada estridente
Que viagem sem igual!!

Acomoda-se
Incomoda
Incomoda-se.

Chegada a hora
Ventre contrai
Chega ao destino

O fio que me liga a ti será
Partido.
Rompido.
Cortado.

Se tornará invisível
Não menos sentido
E tão profundamente vinculado.

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Senhora Donzela - CLÁUDIA CAROLA

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Toca o relógio
Rompe a alvorada
Sem um elogio
Está arranjada
Prepara refeições
Os filhos p'ra escola
Tem ambições
Na sua sacola
Segue a trabalhar
Reuniões e afins
Sempre a equilibrar
Dias bons com ruins
Sai do trabalho
P'ra escola dos filhos
Passa no talho
Para evitar sarilhos
Em casa jantar
Sempre a correr
Não consegue parar
Não há tempo a perder
Cozinha arrumada
Filhos a dormir
Sente-se esgotada
Não sabe fingir
Mais um dia passou
Do seu aniversário
Ninguém se lembrou
Não era necessário
Exausta mas segura
De que vai vencer
Não perde a postura
Há muito a fazer
Deita se e agradece
É feliz com quem é
Se na vida padece
Continua com fé
Desistir isso não
Pelos filhos, por ela
Segue com paixão
A Senhora Donzela

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Pôr do Sol - LUCAS FLOR

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Hoje vi o pôr do sol,
Que me trouxe saudades de ti.
Pássaros voando
E, entre eles, um bem-te-vi.
E eu aqui sem te ter.
Pois, o amor é doloroso
Quando se ama
O que não se pode ter.
Se amar é ilusão
Então, venha logo me ver.
Pois, como os pássaros cantam
Também quero te dizer
Que te amo tanto
E sem ti não sei viver.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

A palavra não dita - SUELI SANTOS

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Diga o que tem vontade
Não deixe para depois, isso não faz bem.
Pense com serenidade, porém.

Expresse as palavras para não adoecer.
Cada um tem seu caminho, sua história para viver.

Se acolher sem se julgar. Sem ser julgada.
Com ninguém se deve ser comparada.
Seja livre!!!
Siga seu destino, siga sua caminhada.

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Nau Sem Rumo - JACKMICHEL

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A uma nau sem rumo lancei-me
Sem querer chegar em porto seguro...
Ordenei aos leves ventos que partissem
Para os confins dos mundos
E chamassem os ciclones.
Sem velas e sem bússola,
A nau rota, sem rumo certo,
Farandolava insanamente, sem magia,
No compasso do turbilhão...
E o meu pensamento – atado ao cárcere
Da Incompreensão descomunal –
Também singrava, esfazendo-se,
Como se fosse vetustos selos de coleção!...

EM - JACKMICHEL - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

domingo, 19 de setembro de 2021

As várias saias de quem sou - CLÁUDIA ASSIS

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Sou mônada, sou diversa.
Sou calmaria, sou temporal.
Sou beata, sou festiva, sou presença.
Sou Fortaleza enluarada.
Sou no interior, a paz.
Sou a que acolhe e abriga.
Sou a que reza e escuta.
Sou a que lidera, sou a que teme.
Sou a que evolui, sou a que sonha.
Sou a que divide e compartilha desejos.
Sou a que zela e vela pelos seus.
Sou filha, sobrinha, tia e mãe.
Sou Lainha, Cícera, Chaguinha e eu.
Sou as várias saias de nós.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Rasto Dúbio - LUANA BOAVISTA

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Não soube seguir a tua trilha,
Não soube ler os teus sinais.

As sardas que, na tua pele, te teimavam denunciar.
Lisa, luzidia e livre de rasto,
Com um gasto suave
Que só tu conseguirias explicar.

Segui mato dentro
E confundi pétalas que largaste
Por sinais que não deixaste.
Perdida, fiz flores
E o mato virou buquê,
Sem nunca perceber o porquê
De te seguir para te perder.

Não sei se não soube,
Não sei se não quis saber.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA