Hoje, recordei-me
da minha boneca sem nome,
boneca de papelão,
deixada, esquecida
numa noite de nevão.
Vila Real ficou sem a menina
Lisboa recebe-a
fui dona de bonecas de todos os tamanhos
com vários penteados
fios de seda, entrelaçados,
mexiam os olhos, roupas, choravam,
diziam papá e mamã.
Chegando à idade,
a menina chamada de boneca, pelo seu avô,
despede-se de um mundo ilusório
que um dia já chamou de infância.
EM - LÓTUS JASMIM LADO A LADO - MARIETE LISBOA GUERRA - EDIÇÕES OZ
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Sépia - MARIA FÁTIMA SOARES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Numa tela imaculada,
tracei uma linha fantasma,
para te desenhar de cabeça
não sei se a sanguínea, se a sépia,
ou a sumo de limão.
Para que o teu retrato lá fique
mas eu não me prejudique
pelo que fez minha mão.
Vai que alguém, em ti reconhece
o quão profundo é o golpe
desta minha solidão.
EM - JOGOS DE ÁGUA SERENA - MARIA FÁTIMA SOARES - LUA DE MARFIM
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Amor ausente - MARIA ROSA MARQUES
No meu caminho surgiste
nesta vida, já sem vida
como flor, tu floriste
nesta alma adormecida
Nossos destinos se cruzaram
mas contigo não vivi
nossas vidas se separaram
mas não posso viver sem ti
Tua boca não beijei
teus braços não me abraçaram
em meus sonhos enfeitei
as mil vidas que passaram
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
nesta vida, já sem vida
como flor, tu floriste
nesta alma adormecida
Nossos destinos se cruzaram
mas contigo não vivi
nossas vidas se separaram
mas não posso viver sem ti
Tua boca não beijei
teus braços não me abraçaram
em meus sonhos enfeitei
as mil vidas que passaram
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Memória longínqua - RITA FARIAS
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Beijos suculentos
em meu corpo falam.
Gemidos ocultos
nas epístolas do baú
de aventuras cegas
e vibrantes.
Acelerando coração
pelas viagens excitantes
nas curve linhas de teu rosto.
Explodindo gotas tépidas de prazer
fazendo-me enlouquecer.
Na luz calma de escuridão
panorâmica ardente.
Reflectida nos desenhos rústicos
feitos de unhas inquietas
no quadro costal.
EM - AUDÁCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - UNIVERSUS
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Enamorar-se - MARIZA SORRISO
Enamoro-me todo dia,
De coisas,
De gestos,
De sonhos,
Da vida.
Coloco gestos nas coisas
E dou vida aos sonhos.
E o que é o namoro, senão sonhar
Juntos com as coisas da vida e
Apaixonar-se pelos gestos?
Feito isto, todo o dia,
Adormeço com a paixão
dos primeiros dias de namoro,
Na certeza de enamorar-me
Mais uma vez
Na manhã seguinte.
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
De coisas,
De gestos,
De sonhos,
Da vida.
Coloco gestos nas coisas
E dou vida aos sonhos.
E o que é o namoro, senão sonhar
Juntos com as coisas da vida e
Apaixonar-se pelos gestos?
Feito isto, todo o dia,
Adormeço com a paixão
dos primeiros dias de namoro,
Na certeza de enamorar-me
Mais uma vez
Na manhã seguinte.
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Sempre que não estás - FRANCISCO VALVERDE ARSÉNIO
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Sem ti o vento não passa dum eco que pulsa na inquietude da colina e as palavras não são mais que vocábulos rasgados no meio de falsos versos. Em cada instante o meu sono plácido redesenha ruas onde me perco nas demoras, onde a voraz estrela da tarde se desvanece na aguarela da íris dos meus olhos. Sem ti não há quadro pintado com exclamações nem sonhos indizíveis, não há significados nem significantes nem o hipnótico encanto do teu corpo. Sem ti... o mundo é um pequeno infinito.
EM - CIDADE EMPRESTADA - FRANCISCO VALVERDE ARSÉNIO - UNIVERSUS
sábado, 22 de fevereiro de 2014
A nossa primeira vez - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Escorre-me pelos dedos
O suor do teu corpo
Pareces louco!
Qual miúdo adolescente
carente
Os teus olhos brilham, piscam
como um farol no meio do mar
avisando os navegantes.
E eu,
a te olhar.
Afinal eras um desconhecido
que eu encontrei perdido
quando perdida andava.
Nem sequer te amava!
beijo, cada gotícula do teu corpo
peludo, sensual atrevido.
Chamas-me MULHER!
E tu,
és o HOMEM que eu desejava!
EM - AUDÁCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - UNIVERSUS
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Rasgos sem rima - CRISTINA FERNANDES
chegas num gesto abraçado
trazes nas Mãos o pó aceso das estrelas
e o brilho do negrume precipitado
dum outro Mar...
a luz eleva-se no culminar do entardecer
tocas as Margens na abrangência dos teus braços,
demoves o Manto bordado a pérolas negras
onde um dia me perdi
a luz regressa na transparência da noite
como uma confissão silenciada...
EM - POETAR CONTEMPORÂNEO - ANTOLOGIA - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA
trazes nas Mãos o pó aceso das estrelas
e o brilho do negrume precipitado
dum outro Mar...
a luz eleva-se no culminar do entardecer
tocas as Margens na abrangência dos teus braços,
demoves o Manto bordado a pérolas negras
onde um dia me perdi
a luz regressa na transparência da noite
como uma confissão silenciada...
EM - POETAR CONTEMPORÂNEO - ANTOLOGIA - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Essências - ÂNGEL MAGALHÃES
Debruço-me sobre as letras de teu corpo
oceano de palavras fundidas no prazer
arrebatadora essência que me desperta os sentidos
exílio de minha alma abandonada em fragmentos.
Salvação dos meus pensamentos antecipados
rasgando a máscara de meus bloqueios
lapidando as pedras de meu ser
de versos em poesias
de preliminares em fantasias
de artérias em artérias
perco-me em ti por ti
sedutor amante de meus sonhos
Sem resistências
indecência colheita
intensidade de nossos olhares
que se perdem por uma eternidade
incessante procura
neste infinito universo
de censura.
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
oceano de palavras fundidas no prazer
arrebatadora essência que me desperta os sentidos
exílio de minha alma abandonada em fragmentos.
Salvação dos meus pensamentos antecipados
rasgando a máscara de meus bloqueios
lapidando as pedras de meu ser
de versos em poesias
de preliminares em fantasias
de artérias em artérias
perco-me em ti por ti
sedutor amante de meus sonhos
Sem resistências
indecência colheita
intensidade de nossos olhares
que se perdem por uma eternidade
incessante procura
neste infinito universo
de censura.
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Em fogo de luz - ANA COELHO
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Entras
na floresta negra
firme
na sedução
que o teu olhar
entrega
delicado e audaz...
Os dedos
penetram a suavidade
húmida
da cavidade aberta para ti...
O astro
vagueia sem pressa
na oscilação vibrante
que desenhamos nos lençóis
com o cheiro da lua
a absorver todos os suspiros...
Na boca
o sabor do teu cosmo
quente
canela afrodisíaca
que os meus lábios
sentem
consentem
antes da consumação...
Bagos de romã
inebriam
a passagem do solstício
neste vício
decifrado
por ti... em mim
por mim... em ti
na combustão
a escorrer
nas labaredas dos corpos
em fogo de luz...
EM - AUDÁCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - UNIVERSUS
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Poema sem nome... - JOSÉ LUÍS OUTONO
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR
Já não escrevo
Já não leio...
E o que sinto
... é saudade longe...
Perdi-me
No encontro do mar
E não o ouvi...
Esgotei-me no abraço
Sem o dar...
E o velho temporal
Choveu-me na face
Em lágrimas de naufrágio...
Já maresia não é
E o beijo da onda
Morde como sargaço
Seco...
EM - DA JANELA DO MEU (A)MAR - JOSÉ LUÍS OUTONO - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Dia 339 - JOAQUIM PESSOA
Quem morre de tempo certo
ao cabo de um certo tempo
é a rosa do deserto
que tem raízes no vento.
Qual a medida de um verso
que fale do meu amor?
Não me chega o universo
porque o meu verso é maior.
Morrer de amor é assim
como uma causa perdida.
Eu sei, e falo por mim,
vou morrer cheio de vida.
Digo-te adeus, vou-me embora,
que os versos que eu te escrever
nunca os lerás, sei agora
que nunca aprendeste a ler.
Neste dia que se enquadra
no tempo que vai passar,
termino mais esta quadra
feita ao gosto popular.
EM - ANO COMUM - JOAQUIM PESSOA - EDIÇÕES ESGOTADAS
ao cabo de um certo tempo
é a rosa do deserto
que tem raízes no vento.
Qual a medida de um verso
que fale do meu amor?
Não me chega o universo
porque o meu verso é maior.
Morrer de amor é assim
como uma causa perdida.
Eu sei, e falo por mim,
vou morrer cheio de vida.
Digo-te adeus, vou-me embora,
que os versos que eu te escrever
nunca os lerás, sei agora
que nunca aprendeste a ler.
Neste dia que se enquadra
no tempo que vai passar,
termino mais esta quadra
feita ao gosto popular.
EM - ANO COMUM - JOAQUIM PESSOA - EDIÇÕES ESGOTADAS
domingo, 16 de fevereiro de 2014
Clímax espiritual - ÂNGELA GONÇALVES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Nua, na minha cama,
Desejo-te numa noite sem fim...
E sonho contigo acordada!
A minha libido chama por ti
Arde intensamente, penetrando-me.
A tua a adrenalina
Neste jogo de êxtase.
Ah! Corre para mim
Nesta rua do prazer,
Aprisiona o meu ser
Sê comigo assim!
Permite-me que te prenda,
Te arranhe, morda, beije!
Deixa-me contemplar-te,
Abraçar-te, devorar-te!
Sou o teu instinto insaciável...
Suplica que eu te deseje!
EM - AUDÁCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - UNIVERSUS
sábado, 15 de fevereiro de 2014
Memórias - TELMA ESTEVÃO
São recortes de memórias vadiando
indistinto sussurro de vozes
empalidecidas, turvas e ocultas
que na alma vão uivando.
São berço de heras suspensas
que o tempo rigoroso não desenraíza
e o brando vento lamenta.
São rugas de quimeras cansadas
que ao redor
dos meus húmidos e tristes olhos se agasalham
e sangram.
São paisagens lunares fugidas
véus de luto inquietos
sonhos secos, devastados
pelas nefastas madrugadas.
Sonhos tesos em labirinto sulcados de negro.
Mar cruel... que não corre, seca e cala-se!
Abortando a coragem das letras redondas
o meu corpo extenuado adormece.
Emudecendo os suores e a relva da minha pobre alma.
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
indistinto sussurro de vozes
empalidecidas, turvas e ocultas
que na alma vão uivando.
São berço de heras suspensas
que o tempo rigoroso não desenraíza
e o brando vento lamenta.
São rugas de quimeras cansadas
que ao redor
dos meus húmidos e tristes olhos se agasalham
e sangram.
São paisagens lunares fugidas
véus de luto inquietos
sonhos secos, devastados
pelas nefastas madrugadas.
Sonhos tesos em labirinto sulcados de negro.
Mar cruel... que não corre, seca e cala-se!
Abortando a coragem das letras redondas
o meu corpo extenuado adormece.
Emudecendo os suores e a relva da minha pobre alma.
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
A fera em ti - NUNO MIGUEL MIRANDA
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
A tua mão no meu peito
Respiras no meu ouvido enquanto me falas
Tens um efeito hipnotizante em mim
Sabes que me fazes delirar
Adoras ter o poder
Deitas-me...
O teu lado mais selvagem sobressai
Sinto-me transportado para o teu território
Ali és a fera e eu a presa...
Em cima de mim
As unhas cravam-se no meu peito,
Enquanto o teu olhar me penetra
És dona do momento
Sou incapaz de reagir
O momento é de excitação...
A tua língua brincando nos lábios deixando-me louco
Incapaz de saber que irás fazer
A sensação de poder que tens sobre mim
A reacção esperada que seria reagir, não a quero ter
Luto contra mim...
Domina-me...
Possui-me...
EM - AUDÁCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - UNIVERSUS
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Estado líquido - JOÃO CARLOS ESTEVES
na miragem das águas
todo o meu ser flui
entre lágrimas
e gotas de chuva branda
pelas minhas mãos
a vida escorre
numa esfera translúcida
absorvo-te
numa vertigem de nudez líquida
EM - INVENTEI-TE AS MANHÃS - JOÃO CARLOS ESTEVES - CHIADO EDITORA
todo o meu ser flui
entre lágrimas
e gotas de chuva branda
pelas minhas mãos
a vida escorre
numa esfera translúcida
absorvo-te
numa vertigem de nudez líquida
EM - INVENTEI-TE AS MANHÃS - JOÃO CARLOS ESTEVES - CHIADO EDITORA
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
Adormeço no odor dos jasmins* - CARLOS TEIXEIRA LUIS
Adormeço no odor dos jasmins
Amoleço com a luz de toda a cor
mondego tão pouco veloz
dir-se-ia parado mas brilhante de azul
Aborreço os meus passos na calma
deste caminhar de santa clara
atravessando o leito do rio subo
à cidade das canções e dos poetas
dos estudantes das mulheres de sorriso
e lenço contra o frio dos poemas
das empedradas calcetadas
dos tintos dos abraços
Regresso ao rio à estrada de ferro
ritmada como um blues pouca terra pouca terra
da minha cidade regresso à minha cidade
esta com tejo e tudo e tu ali na foto
EM - HOMEM-ÁRVORE - CARLOS TEIXEIRA LUIS - LUA DE MARFIM
Amoleço com a luz de toda a cor
mondego tão pouco veloz
dir-se-ia parado mas brilhante de azul
Aborreço os meus passos na calma
deste caminhar de santa clara
atravessando o leito do rio subo
à cidade das canções e dos poetas
dos estudantes das mulheres de sorriso
e lenço contra o frio dos poemas
das empedradas calcetadas
dos tintos dos abraços
Regresso ao rio à estrada de ferro
ritmada como um blues pouca terra pouca terra
da minha cidade regresso à minha cidade
esta com tejo e tudo e tu ali na foto
EM - HOMEM-ÁRVORE - CARLOS TEIXEIRA LUIS - LUA DE MARFIM
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Palavras - SÃO REIS
E depois de tudo sofrido
e calado
de tudo se ter chorado
e pensado
de tudo se ter amado
e gostado
tudo se resume às palavras
às redondas
às oblíquas
às com farpas
às que abraçam
às que enlaçam
às que ferem
e desgastam
às que perfuram
e fazem sangrar
às que desrespeitam
e fazem desrespeitar
às que ficam
e não nos deixam esquecer
No fundo
tudo se resume às palavras
às que foram ditas
e às que ficaram por dizer!
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS II - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
e calado
de tudo se ter chorado
e pensado
de tudo se ter amado
e gostado
tudo se resume às palavras
às redondas
às oblíquas
às com farpas
às que abraçam
às que enlaçam
às que ferem
e desgastam
às que perfuram
e fazem sangrar
às que desrespeitam
e fazem desrespeitar
às que ficam
e não nos deixam esquecer
No fundo
tudo se resume às palavras
às que foram ditas
e às que ficaram por dizer!
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS II - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Chove(s) em mim - JESSICA NEVES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Ainda sinto o aroma da tua voz
Empoleirada ao meu pequeno ouvido
Na urgência de me falares de nós
Chove no decote do meu vestido
Chovem carícias por mim abaixo
Chove(s) poesia por mim acima
... Lentamente, contigo encaixo
Como uma genuína obra-prima
Chove na minha pele aveludada
No sossego casto do teu abraço
Não há espaço para mais nada
Sou Mulher, em ti me (re)faço!
EM - AUDÁCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - UNIVERSUS
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Último tango - ALBERTO RIOGRANDE
A força do teu desejo em mim
tem a violência da tempestade
que sacode o cimo dos montes.
Cercas-me, longos braços
febril vontade
e entrego-me rendido
enquanto houver luz e estrada
e céu para o sangue desmedido.
EM - OFÍCIO DOS PÁSSAROS - ALBERTO RIOGRANDE - LUA DE MARFIM
tem a violência da tempestade
que sacode o cimo dos montes.
Cercas-me, longos braços
febril vontade
e entrego-me rendido
enquanto houver luz e estrada
e céu para o sangue desmedido.
EM - OFÍCIO DOS PÁSSAROS - ALBERTO RIOGRANDE - LUA DE MARFIM
sábado, 8 de fevereiro de 2014
Amo-te - FERNANDO JORGE BENEVIDES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR
Amo-te
Como ama o amor
Amo-te
Por todas as razões
Que possam existir
No verbo amar
Não pode existir
Outras razões
Para te amar
Em meu profundo sentir
Amo-te
Porque só tu
Podes ser
Todas as razões
Para que eu possa viver
Amo-te
Pura e simples...
No meu saber
Porque não encontro
Outras razões
Para te descrever
EM - O GESTO E O OLHAR - FERNANDO JORGE BENEVIDES - EDIÇÕES OZ
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Força de querer - NATÁLIA CANAIS NUNO
Anda em mim a força da tempestade
quem ousará querer parar-me?
Sou corrente, comigo levo vontade...
E é na poesia que vou libertar-me.
Nada nem ninguém me impede de seguir,
meu caminho tem por nome liberdade;
porque parar é morrer, é desistir
acolho a esperança, sigo com saudade.
Minha vida é longa carta aberta!
Repleta de palavras mal rabiscadas
no silêncio da noite a alma se liberta...
Resta-me o jeito de semear e de colher
palavras com aromas de madrugadas...
E abraçar-me ao tempo que resta viver...
EM - A MELODIA DO TEMPO - NATÁLIA CANAIS NUNO - LUA DE MARFIM
quem ousará querer parar-me?
Sou corrente, comigo levo vontade...
E é na poesia que vou libertar-me.
Nada nem ninguém me impede de seguir,
meu caminho tem por nome liberdade;
porque parar é morrer, é desistir
acolho a esperança, sigo com saudade.
Minha vida é longa carta aberta!
Repleta de palavras mal rabiscadas
no silêncio da noite a alma se liberta...
Resta-me o jeito de semear e de colher
palavras com aromas de madrugadas...
E abraçar-me ao tempo que resta viver...
EM - A MELODIA DO TEMPO - NATÁLIA CANAIS NUNO - LUA DE MARFIM
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Outono - LÍLIA TAVARES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA
Dias curtos,
mais escuros,
os de Setembro.
Trazem noites nas manhãs
e secura rubra nas folhas quebradiças.
O mar traz mais uma canção,
o grito livre
das marés vivas
que não quero parar.
Pego o refrão
de uma balada que conheço
e que me preenche de tardes outonais.
EM - PARTO COM OS VENTOS - LÍLIA TAVARES - KREAMUS
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
Amante - RITA FARIAS
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Rimas métricas melódicas
sussurram ao ouvido teu nome.
Nome trocado, amaldiçoado
na perda abandonado.
Vida dupla,
humilhada na dignidade do ser
por mero e, momentâneo prazer.
Segundos de suor intercalado
legando a gemidos espalhados.
Na gigante maré de calores
e dissabores.
Fortes abraços e promessas
na vazia esperança de amor.
EM - AUDÁCIA DOS SENTIDOS - ANTOLOGIA - UNIVERSUS
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
As minhas mãos - FLORBELA ESPANCA
As minhas mãos magritas, afiladas,
Tão brancas como a água da nascente,
Lembram pálidas rosas entornadas
Dum regaço de Infanta do Oriente.
Mãos de ninfa, de fada, de vidente,
Pobrezinhas em sedas enroladas,
Virgens mortas em luz amortalhadas
Pelas próprias mãos de oiro do sol poente.
Magras e brancas... Foram assim feitas...
Mãos de enjeitada porque tu me enjeitas...
Tão doces que elas são! Tão a meu gosto!
Pra que as quero eu - Deus! - Pra que as quero eu?!
Ó minhas mãos, onde está o Céu?
... Aonde estão as linhas do teu rosto?
EM - SONETOS - FLORBELA ESPANCA - BERTRAND
Tão brancas como a água da nascente,
Lembram pálidas rosas entornadas
Dum regaço de Infanta do Oriente.
Mãos de ninfa, de fada, de vidente,
Pobrezinhas em sedas enroladas,
Virgens mortas em luz amortalhadas
Pelas próprias mãos de oiro do sol poente.
Magras e brancas... Foram assim feitas...
Mãos de enjeitada porque tu me enjeitas...
Tão doces que elas são! Tão a meu gosto!
Pra que as quero eu - Deus! - Pra que as quero eu?!
Ó minhas mãos, onde está o Céu?
... Aonde estão as linhas do teu rosto?
EM - SONETOS - FLORBELA ESPANCA - BERTRAND
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Indignado - JOEL LIRA
Estou indignado. Não c'os indignados
que lutaram e vão continuar,
com infernos, governos desgraçados
que pouco a pouc'o pouco vão tirar.
Que pilhagem tão descarad'é esta
dos governos, castos e emproados
que tiram aos pobres o que não resta
e que se vêem quase espezinhados!?
Por este andar teremos de pagar
impostos p'ra dejectar ou mijar
e o pobre está sempre mais depenado!
Eu falo já sem cinto p'ra apertar
por aqui ando e andarei a lutar
já que sou um cidadão indignado.
EM - POESIA AO VENTO - JOEL LIRA - LUA DE MARFIM
que lutaram e vão continuar,
com infernos, governos desgraçados
que pouco a pouc'o pouco vão tirar.
Que pilhagem tão descarad'é esta
dos governos, castos e emproados
que tiram aos pobres o que não resta
e que se vêem quase espezinhados!?
Por este andar teremos de pagar
impostos p'ra dejectar ou mijar
e o pobre está sempre mais depenado!
Eu falo já sem cinto p'ra apertar
por aqui ando e andarei a lutar
já que sou um cidadão indignado.
EM - POESIA AO VENTO - JOEL LIRA - LUA DE MARFIM
domingo, 2 de fevereiro de 2014
O fado do Coveiro - NATÁLIA CORREIA
Das artes mágicas campeão audaz
tira Marcelo da manga outra faceta:
por su dama Lisboa, o Galaaz
faz-se à viela e ginga à lisboeta.
Calça à boca de sino e cachené
ao marialva senil metendo inveja,
fidalgo edil que canta para a ralé
o faduncho finório gargareja.
Estremece Aníbal com o pardal fadista
que aquilo é treino para o último regalo:
escaqueirar o reinado cavaquista
e sobre a tumba, por fim, cantar de galo.
EM - POESIA COMPLETA - NATÁLIA CORREIA - DOM QUIXOTE
tira Marcelo da manga outra faceta:
por su dama Lisboa, o Galaaz
faz-se à viela e ginga à lisboeta.
Calça à boca de sino e cachené
ao marialva senil metendo inveja,
fidalgo edil que canta para a ralé
o faduncho finório gargareja.
Estremece Aníbal com o pardal fadista
que aquilo é treino para o último regalo:
escaqueirar o reinado cavaquista
e sobre a tumba, por fim, cantar de galo.
EM - POESIA COMPLETA - NATÁLIA CORREIA - DOM QUIXOTE
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Tatuagens - ÂNGEL MAGALHÃES
Refaço as tatuagens de meu ser
periféricos olhares de nossas almas
equações de nossos gemidos
a repetição das nossas fantasias
vincos matinais que nos separam
de nossos esquemas escaldantes
filme que contracenamos
episódios de nossas loucuras
beijo-te, beijo-te (loucamente)
toco-te, adivinho-te (docemente)
Amor meu que me alimentas
na mais pura realidade
na voz oculta desta verdade
abismos de nossas noites
abismo do meu coração
onde a chave teria sido
enterrada outrora
teu beijo foi o suficiente
para eu renascer
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS I - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
periféricos olhares de nossas almas
equações de nossos gemidos
a repetição das nossas fantasias
vincos matinais que nos separam
de nossos esquemas escaldantes
filme que contracenamos
episódios de nossas loucuras
beijo-te, beijo-te (loucamente)
toco-te, adivinho-te (docemente)
Amor meu que me alimentas
na mais pura realidade
na voz oculta desta verdade
abismos de nossas noites
abismo do meu coração
onde a chave teria sido
enterrada outrora
teu beijo foi o suficiente
para eu renascer
EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS I - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ
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