Passo tantas vezes à tua porta de bicicleta
e toco a campainha (como se te chamasse)
o teu gato preto no parapeito da janela
ergue a cabeça rosna qualquer poema mudo
e volta aos seus devaneios eu pedalo
sem receio de que demores sei que virás
com as heras e com o movimento dos astros
habituei os pés a tropeçar no rasto do silêncio
e as mãos a reconhecer o advento dos musgos
pedalo e a bicicleta é o meu cavalo alado
EM - AMO-TE - JOÃO MANUEL RIBEIRO - TRINTA POR UMA LINHA
sábado, 31 de maio de 2014
sexta-feira, 30 de maio de 2014
Sequestro - MARIA TERESA HORTA
Ah! a tua
língua
Alongada na sua
trança
de saliva branda
Tão ácida
tão meiga
na minha anca
EM - AS PALAVRAS DO CORPO - MARIA TERESA HORTA - DOM QUIXOTE
língua
Alongada na sua
trança
de saliva branda
Tão ácida
tão meiga
na minha anca
EM - AS PALAVRAS DO CORPO - MARIA TERESA HORTA - DOM QUIXOTE
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Canção infantil - EUGÉNIO DE ANDRADE
Era um amieiro.
Depois uma azenha.
E junto
um ribeiro.
Tudo tão parado.
Que devia fazer?
Meti tudo no bolso
para os não perder.
EM - PRIMEIROS POEMAS... - EUGÉNIO DE ANDRADE - ASSÍRIO & ALVIM
Depois uma azenha.
E junto
um ribeiro.
Tudo tão parado.
Que devia fazer?
Meti tudo no bolso
para os não perder.
EM - PRIMEIROS POEMAS... - EUGÉNIO DE ANDRADE - ASSÍRIO & ALVIM
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Faltas-me - GONÇALO LOBO PINHEIRO
continuo a perguntar por ti ao tempo.
haverá ainda tempo e aquela nossa brisa
que se ria para nós quando nos abraçávamos?
gostava de ser outra pessoa para assim
não permanecer na calçada deste beco sem saída.
permaneço acorrentado
agarrado às paredes e amarrotado por dentro.
faltas-me na vida,
concluo agora tarde, será?
EM - SOFÁ DE ILUSÕES - GONÇALO LOBO PINHEIRO - TEMAS ORIGINAIS
haverá ainda tempo e aquela nossa brisa
que se ria para nós quando nos abraçávamos?
gostava de ser outra pessoa para assim
não permanecer na calçada deste beco sem saída.
permaneço acorrentado
agarrado às paredes e amarrotado por dentro.
faltas-me na vida,
concluo agora tarde, será?
EM - SOFÁ DE ILUSÕES - GONÇALO LOBO PINHEIRO - TEMAS ORIGINAIS
terça-feira, 27 de maio de 2014
Salada russa com maionese - NUNO JÚDICE
Cortadas em pedaços, batatas e cenouras
acrescentam-se a ervilhas e feijão-verde. Depois
de pôr o atum em posta, pode temperar-se
com azeite ou juntar maionese. A natureza
que separou cada pedaço desta salada, não
faz parte da ementa, e o resultado
leva-nos a pensar que não é um acaso
a forma como os sabores se juntam,
embora o creme da maionese possa
fazer com que se abstraia das cores
do conjunto. Uma galáxia de sensações
enrola-nos neste espaço; e o frasco
da maionese roda como a cabeça
de um cometa, enquanto, num intervalo
filosófico, comemos a salada.
EM - GUIA DE CONCEITOS BÁSICOS - NUNO JÚDICE - DOM QUIXOTE
acrescentam-se a ervilhas e feijão-verde. Depois
de pôr o atum em posta, pode temperar-se
com azeite ou juntar maionese. A natureza
que separou cada pedaço desta salada, não
faz parte da ementa, e o resultado
leva-nos a pensar que não é um acaso
a forma como os sabores se juntam,
embora o creme da maionese possa
fazer com que se abstraia das cores
do conjunto. Uma galáxia de sensações
enrola-nos neste espaço; e o frasco
da maionese roda como a cabeça
de um cometa, enquanto, num intervalo
filosófico, comemos a salada.
EM - GUIA DE CONCEITOS BÁSICOS - NUNO JÚDICE - DOM QUIXOTE
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Diógenes vs Alexandre - ANTÓNIO GIL
Leva daqui o momento
que tua presença perturba
e com ele, leva a turba
que profanou meu silêncio
e se te puderes afastar
antes do dia que tomba
leva também tua sombra
que me rouba a luz solar
ah, e apaga se possível
as marcas desta aventura
esfumando-se em noite escura
no céu de um sonho impossível
EM - OBRA AO RUBRO - ANTÓNIO GIL - LUA DE MARFIM
que tua presença perturba
e com ele, leva a turba
que profanou meu silêncio
e se te puderes afastar
antes do dia que tomba
leva também tua sombra
que me rouba a luz solar
ah, e apaga se possível
as marcas desta aventura
esfumando-se em noite escura
no céu de um sonho impossível
EM - OBRA AO RUBRO - ANTÓNIO GIL - LUA DE MARFIM
domingo, 25 de maio de 2014
Palavra - VIRGÍLIO CARNEIRO
Grande palavra a palavra pequena!
Grandes palavras de curto sentido...
Mas as pequenas não fazem ruído,
Ouve-se a ideia de forma serena!
Buscam os homens os longos vocábulos
Para fingirem um grande saber!
Pobres coitados, haveis de morrer
Tão ignorantes e cegos incrédulos!
Deus tem a chave do grande Universo;
Pai, é raiz contra o tempo perverso;
Mãe, terno berço da vida, emoção!...
Fé, pão, paz, lar... não há quem não entenda!
E só por mágica crua e horrenda
Se troca o que é por um cínico não!
EM - SONETOS SEM CHAVE E OUTRAS MÁGOAS - VIRGÍLIO CARNEIRO - EDITORIAL NOVEMBRO
Grandes palavras de curto sentido...
Mas as pequenas não fazem ruído,
Ouve-se a ideia de forma serena!
Buscam os homens os longos vocábulos
Para fingirem um grande saber!
Pobres coitados, haveis de morrer
Tão ignorantes e cegos incrédulos!
Deus tem a chave do grande Universo;
Pai, é raiz contra o tempo perverso;
Mãe, terno berço da vida, emoção!...
Fé, pão, paz, lar... não há quem não entenda!
E só por mágica crua e horrenda
Se troca o que é por um cínico não!
EM - SONETOS SEM CHAVE E OUTRAS MÁGOAS - VIRGÍLIO CARNEIRO - EDITORIAL NOVEMBRO
sábado, 24 de maio de 2014
Coração - HELENA ISABEL
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA
Habitas nele
Lá... naquele recanto
És ar que o purifica.
És a onda que o agita.
És batida que o permanece ligado à vida.
És o meu encanto.
Árvore do meu campo.
Tulipa do meu jardim.
Seiva das minhas veias.
Pulmão dentro de mim!
EM - MAR QUE ME ESCREVE - HELENA ISABEL - CHIADO EDITORA
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Gaivota amiga - JOSÉ LUÍS OUTONO
... esperei em vão por ti
E apenas vi a sombra triangular
Da gaivota amiga.
... sorri no meu inquietar
Beijei-a com uma fotografia
E voou para o céu.
... voltou ao poiso do meu devaneio
e segredou-me...
Se ela não vier vou buscá-la!
EM - MAR DE SENTIDOS - JOSÉ LUÍS OUTONO - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA
E apenas vi a sombra triangular
Da gaivota amiga.
... sorri no meu inquietar
Beijei-a com uma fotografia
E voou para o céu.
... voltou ao poiso do meu devaneio
e segredou-me...
Se ela não vier vou buscá-la!
EM - MAR DE SENTIDOS - JOSÉ LUÍS OUTONO - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Fábula - JOSÉ CRAVEIRINHA
Menino gordo comprou um balão
e assoprou
assoprou com força o balão amarelo.
Menino gordo assoprou
assoprou
assoprou
o balão inchou
inchou
e rebentou!
Meninos magros apanharam os restos
e fizeram balõezinhos.
EM - OBRA POÉTICA I - JOSÉ CRAVEIRINHA - CAMINHO
e assoprou
assoprou com força o balão amarelo.
Menino gordo assoprou
assoprou
assoprou
o balão inchou
inchou
e rebentou!
Meninos magros apanharam os restos
e fizeram balõezinhos.
EM - OBRA POÉTICA I - JOSÉ CRAVEIRINHA - CAMINHO
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Momento perfeito - JOÃO CARLOS ESTEVES
manhã.
brisa suave vestida de luz
num momento com o sabor de um beijo
um café fumegante
acorda-me o dia
e acende-me aromas de terras distantes
ao meu lado
observas o mar indolente
e enches-me o horizonte
EM - INVENTEI-TE AS MANHÃS - JOÃO CARLOS ESTEVES - CHIADO EDITORA
brisa suave vestida de luz
num momento com o sabor de um beijo
um café fumegante
acorda-me o dia
e acende-me aromas de terras distantes
ao meu lado
observas o mar indolente
e enches-me o horizonte
EM - INVENTEI-TE AS MANHÃS - JOÃO CARLOS ESTEVES - CHIADO EDITORA
terça-feira, 20 de maio de 2014
Dia de mar aceso... - AMÉLIA VIEIRA
Dia de mar aceso nas lâminas deste nada.
Enorme oceano que se estende.
Rios de brumosas torrentes.
Em círculo lunar fomos vencidos, à hora sexta, num crístico estar de mitos.
Por isso a nossa busca faz-se e concretiza-se - Cabala de véus - rosas marinhas - a nossa consciência é um potro que caminha.
O percurso alonga-se, galgando cabalino ser o lado do presente.
O caminho sou eu, querido Perseu, incendiando o que me promete a mente!
EM - REVELAÇÕES SOLARES - AMÉLIA VIEIRA - VEGA
Enorme oceano que se estende.
Rios de brumosas torrentes.
Em círculo lunar fomos vencidos, à hora sexta, num crístico estar de mitos.
Por isso a nossa busca faz-se e concretiza-se - Cabala de véus - rosas marinhas - a nossa consciência é um potro que caminha.
O percurso alonga-se, galgando cabalino ser o lado do presente.
O caminho sou eu, querido Perseu, incendiando o que me promete a mente!
EM - REVELAÇÕES SOLARES - AMÉLIA VIEIRA - VEGA
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Navegar... - CECÍLIA VILAS BOAS
Hoje, madrugada transparente e brilhante,
Fiz-me ao mar, na caravela da vida.
Velas brancas, fazem o barco navegar rápido,
Sinto o vento nos meus cabelos, que me afaga, levemente
Olho o céu, beleza azul que se mistura com o oceano
O sol cumprimenta-me e acompanha a viagem.
As gaivotas em voos calmos, sobrevoam o meu sentir.
Navego, sem rumo, fecho os olhos, cheiro o mar
Ouço o silêncio e desejo permanecer.
Absorta, imprimo na alma este beleza natural
Voltarei, ficarei, só o meu desejo ditará.
EM - ÂMBAR E MEL - CECÍLIA VILAS BOAS - CHIADO EDITORA
Fiz-me ao mar, na caravela da vida.
Velas brancas, fazem o barco navegar rápido,
Sinto o vento nos meus cabelos, que me afaga, levemente
Olho o céu, beleza azul que se mistura com o oceano
O sol cumprimenta-me e acompanha a viagem.
As gaivotas em voos calmos, sobrevoam o meu sentir.
Navego, sem rumo, fecho os olhos, cheiro o mar
Ouço o silêncio e desejo permanecer.
Absorta, imprimo na alma este beleza natural
Voltarei, ficarei, só o meu desejo ditará.
EM - ÂMBAR E MEL - CECÍLIA VILAS BOAS - CHIADO EDITORA
domingo, 18 de maio de 2014
Versos do prisioneiro(1) - MIA COUTO
Deixei de rezar.
Nas paredes
rabiscadas de obscenidades
nenhum santo me escuta.
Deus vive só
e eu sou o único
que toca a sua infinita lágrima.
Deixei de rezar.
Deus está numa outra prisão.
EM - IDADES CIDADES DIVINDADES - MIA COUTO - CAMINHO
Nas paredes
rabiscadas de obscenidades
nenhum santo me escuta.
Deus vive só
e eu sou o único
que toca a sua infinita lágrima.
Deixei de rezar.
Deus está numa outra prisão.
EM - IDADES CIDADES DIVINDADES - MIA COUTO - CAMINHO
sábado, 17 de maio de 2014
Madrugada - LÍLIA TAVARES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA
Madrugada. Sim, e as palavras por companhia.
Sinto-me despida de mim quando releio os poemas
que vou apartando como ovelhas a balir
antes de se acalmarem no abrigo.
Sim, desabrigada me vejo ao destapar
o véu dos meus versos. Mas leve cai a calma
sobre eles como um lenço branco de cambraia...
EM - PARTO COM OS VENTOS - LÍLIA TAVARES - KREAMUS
sexta-feira, 16 de maio de 2014
Novo respirar - EMANUEL LOMELINO
O ar que inspiro em golfadas urgentes
queima-me os pulmões calcinados
pelas respirações da outra existência.
As velhas cicatrizes ainda não sararam
e as dores teimam em marcar presença.
Cerro os dentes na eterna esperança
que toda a fúria deste novo respirar
seja o reinício que a vida me prometeu.
EM - NOVO RESPIRAR - EMANUEL LOMELINO - LUA DE MARFIM
quinta-feira, 15 de maio de 2014
Febre - MARIA FÁTIMA SOARES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Arde-me a boca, com falta da tua
dói-me a pele nua,
como a terra, seca à planta
Não sei que mais faça...
Não sei.
Definho.
Mas consigo ficar no meu caminho.
Sem brilho. Amor. Sozinho.
Consigo aniquilar-me
tão bem...
Quando me arde a boca,
me dói a pele
estou mais além,
de tudo. Onde...
Não há terra de que brote flor,
de seca.
Como está a minha boca.
Me está a pele... Seca!
De amor!
EM - JOGOS DE ÁGUA SERENA - MARIA FÁTIMA SOARES - LUA DE MARFIM
quarta-feira, 14 de maio de 2014
13 - VICTOR OLIVEIRA MATEUS
Toda a noite a lua
dançou dançou na orla do palmeiral. Seus braços de fina prata revestiam de brilho o vermelho da terra; armadilha de astro cego na desordem do mundo.
E toda a noite ela saltou, rodopiou, encenou a mais estranha coreografia no silêncio eloquente dos céus. Inconstante lua. Dissimulada. Vai-te imagem de mil abismos - tu que a tantos enredas com tuas múltiplas faces. Vai-te. Vai-te sinal do efémero, maga do instante . tu que na vida dos homens, sempre que queres, entras e sais. Vai-te e não voltes mais.
EM - PELO DESERTO AS MINHAS MÃOS - VICTOR OLIVEIRA MATEUS - COISAS DE LER
dançou dançou na orla do palmeiral. Seus braços de fina prata revestiam de brilho o vermelho da terra; armadilha de astro cego na desordem do mundo.
E toda a noite ela saltou, rodopiou, encenou a mais estranha coreografia no silêncio eloquente dos céus. Inconstante lua. Dissimulada. Vai-te imagem de mil abismos - tu que a tantos enredas com tuas múltiplas faces. Vai-te. Vai-te sinal do efémero, maga do instante . tu que na vida dos homens, sempre que queres, entras e sais. Vai-te e não voltes mais.
EM - PELO DESERTO AS MINHAS MÃOS - VICTOR OLIVEIRA MATEUS - COISAS DE LER
terça-feira, 13 de maio de 2014
Volto a um lugar gémeo da memória - GRAÇA PIRES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA
Volto a um lugar gémeo da memória
e retenho um diálogo a dançar-me nos lábios:
amo-te como no tempo em que o meu corpo era uma ilha
e nenhuma palavra me parecia intrusa dentro da tua boca.
Amo-te. vejo na tua face a pátria e o exílio
onde, simultaneamente, me sinto.
Chamo-te a minha fuga, asas desenhadas no meu riso.
Direi o fascínio que sobrou do gosto das cerejas
e lembrarei, devagar, o culto da sedução e dos abraços.
Conta-me, meu amor, o sabor do pão na tua boca.
Conta-mo com adjectivos sôfregos e claros,
para que a minha sede invente o vinho novo,
no cântaro onde a terra ausculta todos os regatos.
EM - POEMAS ESCOLHIDOS 1990/2011 - GRAÇA PIRES - EDIÇÃO DE AUTOR
segunda-feira, 12 de maio de 2014
Pureza - SÍLVIA SILVA
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Tanta saudade,
Tanta alegria
Tantos estilhaços de optimismo;
É tão forte!
E é tão vivo...
É a única certeza
Deram-me, simplesmente...
A maior pureza!
De um novo sentimento.
EM - SONHOS DE PRATA E OURO - SÍLVIA SILVA - UNIVERSUS
domingo, 11 de maio de 2014
Olhem o balão - GABRIELA PAIS
Andam balões no ar
distraídos no folguedo
rodopiam até estoirar
e acaba o brinquedo.
Andam cabeças para o ar viradas
que se parecem com a criançada,
estas têm sonhos, outras... gaitadas,
mas que desmedida palhaçada.
Ó meninos olhem pro balão...
É de graça ainda não se paga taxa,
mas se pensam... é dinheiro em caixa.
EM - CASTELO DE LETRAS - GABRIELA PAIS - LUA DE MARFIM
distraídos no folguedo
rodopiam até estoirar
e acaba o brinquedo.
Andam cabeças para o ar viradas
que se parecem com a criançada,
estas têm sonhos, outras... gaitadas,
mas que desmedida palhaçada.
Ó meninos olhem pro balão...
É de graça ainda não se paga taxa,
mas se pensam... é dinheiro em caixa.
EM - CASTELO DE LETRAS - GABRIELA PAIS - LUA DE MARFIM
sábado, 10 de maio de 2014
Ainda - ANTÓNIO MR MARTINS
Ainda
O tempo nos destinava
O destino que nos rendia
Ainda
A razão não contemplava
A situação que nos sorria
Ainda
A Lua manobrava
O sossego de quem dormia
Ainda
A noite desbravava
O ocaso para mais um dia
Ainda
O Sol não brilhava
Com a luz que nos alumia
Ainda
A amanhã não chegava
Já o futuro nos unia
EM - MARGEM DO SER - ANTÓNIO MR MARTINS - TEMAS ORIGINAIS
O tempo nos destinava
O destino que nos rendia
Ainda
A razão não contemplava
A situação que nos sorria
Ainda
A Lua manobrava
O sossego de quem dormia
Ainda
A noite desbravava
O ocaso para mais um dia
Ainda
O Sol não brilhava
Com a luz que nos alumia
Ainda
A amanhã não chegava
Já o futuro nos unia
EM - MARGEM DO SER - ANTÓNIO MR MARTINS - TEMAS ORIGINAIS
sexta-feira, 9 de maio de 2014
Quem fala - ANTÓNIO RAMOS ROSA
Quem fala
não sou eu
é o outro o que me expulsou
da concha do meu sol
É ele que caminha nos meus passos
e eu olho-o e esqueço-o
Quem pode suportar em reflexo?
Quem pode viver contra o seu duplo?
Eu digo eu ainda
mas sou eu que declino
sou eu que caio
com a ferida do sol que ele me arrancou
EM - NUMA FOLHA LEVE E LIVRE - ANTÓNIO RAMOS ROSA - LUA DE MARFIM
não sou eu
é o outro o que me expulsou
da concha do meu sol
É ele que caminha nos meus passos
e eu olho-o e esqueço-o
Quem pode suportar em reflexo?
Quem pode viver contra o seu duplo?
Eu digo eu ainda
mas sou eu que declino
sou eu que caio
com a ferida do sol que ele me arrancou
EM - NUMA FOLHA LEVE E LIVRE - ANTÓNIO RAMOS ROSA - LUA DE MARFIM
quinta-feira, 8 de maio de 2014
O grito - MARIA ROSA MARQUES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Num grito de tanta dor
amarfalhada no peito
sem uma palavra de amor
um sonho na alma desfeito
só a chuva que abundante cai
ma esconde na escuridão
com esta saudade
que em mim desliza
sem piedade...
e mesmo na solidão
jamais se vai
Dor que rasgas meu coração
apertas, sufocas, sem compaixão
Num tormento caminho
sem destino nem guarida
renascer, eu queria
noutro mundo, noutra vida
EM - RENASCER - MARIA ROSA MARQUES - EDIÇÕES OZ
quarta-feira, 7 de maio de 2014
Tu não precisas dos livros dos sábios - EDUARDO ALEIXO
Tu não precisas dos livros dos sábios
Para vires falar sobre o voo das gaivotas
Nem sobre o escoar leve das areias finas
Pelos dedos das tuas mãos
Nem sobre o azul do céu e das ondas do mar!
E não precisas,
Porque tudo está nos teus olhos,
Nas tuas mãos,
Na pele do teu corpo,
Pincel mágico
Que pintou o quadro vivo do poema.
EM - OS CAMINHOS DO SILÊNCIO - EDUARDO ALEIXO - CHIADO EDITORA
Para vires falar sobre o voo das gaivotas
Nem sobre o escoar leve das areias finas
Pelos dedos das tuas mãos
Nem sobre o azul do céu e das ondas do mar!
E não precisas,
Porque tudo está nos teus olhos,
Nas tuas mãos,
Na pele do teu corpo,
Pincel mágico
Que pintou o quadro vivo do poema.
EM - OS CAMINHOS DO SILÊNCIO - EDUARDO ALEIXO - CHIADO EDITORA
terça-feira, 6 de maio de 2014
XXIX - SÉRGIO FRANCLIM
Duas moedas para o barqueiro
E um sonho para renascer...
A noite turva-se como sempre
Na escuridão do cansaço.
Minha alma alarga-se no Obscuro,
E conquisto o terror dos mistérios.
Morrerei! E serei sempre outro,
Não tendo nada mais
Do que duas moedas para o barqueiro.
Atravessarei o rio dos Infernos,
Esperando tirar do leito infernal
O plano de Deus - o desejo
De renascer, de ser outro e de nada ter.
Duas moedas sobre os meus olhos -
Duas moedas para o barqueiro.
EM - ETERNO VIAJANTE - SÉRGIO FRANCLIM - MINISTÉRIO DOS LIVROS EDITORES
E um sonho para renascer...
A noite turva-se como sempre
Na escuridão do cansaço.
Minha alma alarga-se no Obscuro,
E conquisto o terror dos mistérios.
Morrerei! E serei sempre outro,
Não tendo nada mais
Do que duas moedas para o barqueiro.
Atravessarei o rio dos Infernos,
Esperando tirar do leito infernal
O plano de Deus - o desejo
De renascer, de ser outro e de nada ter.
Duas moedas sobre os meus olhos -
Duas moedas para o barqueiro.
EM - ETERNO VIAJANTE - SÉRGIO FRANCLIM - MINISTÉRIO DOS LIVROS EDITORES
segunda-feira, 5 de maio de 2014
A rosa de Horoshima - VINICIUS DE MORAES
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa sem cirrose
A anti-rosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
EM - ANTOLOGIA POÉTICA - VINICIUS DE MORAES - DOM QUIXOTE
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa sem cirrose
A anti-rosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
EM - ANTOLOGIA POÉTICA - VINICIUS DE MORAES - DOM QUIXOTE
domingo, 4 de maio de 2014
Quero guardar no interior das mãos* - GRAÇA PIRES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA
Quero guardar no interior das mãos
a esquiva cintilância das manhãs inadiadas.
Quero palavras com punhais de raiva
a ferir o grito dos cumes,
a riscar o ventre da neve com minuciosas unhas.
E viro do avesso o manto do olhar
para chegar à Montanha Mágica
quando Hans Castorp fazia um esforço
para ver e deparava com o nada,
o remoinho branco do nada.
EM - POEMAS ESCOLHIDOS 1990/2011 - GRAÇA PIRES - EDIÇÃO DE AUTOR
sábado, 3 de maio de 2014
Campo de batalha - MARIA FÁTIMA SOARES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Não vou exumar mortos,
nem cortar pulsos,
não vou dizer obscenidades
engolir mais atrocidades,
ou penas.
Sou um campo de batalha,
duma urna, uma mortalha
sou do lume um acendalha
e sou minha, tua, de quem me quiser
Porque escrevo!
Ao fazê-lo,
deixo de ser só de nós,
para passar a ser do povo
sem deixar de ser mulher.
De génio vincado.
Ar determinado
Que não se dá... A qualquer!
EM - JOGOS DE ÁGUA SERENA - MARIA FÁTIMA SOARES - LUA DE MARFIM
sexta-feira, 2 de maio de 2014
A declaração - SÍLVIA SILVA
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Reúnes tudo o que quero, o que pedi...
É sincero!
O que sinto;
Fazes o meu ser e mundo!
Cair a teus pés...
Faças o que fizeres, ajas como agires
Continuarás a ser como considero...
A beleza dos meu olhos.
EM - SONHOS DE PRATA E OURO - SÍLVIA SILVA - UNIVERSUS
quinta-feira, 1 de maio de 2014
O amor voa - GABRIELA PAIS
O amor voa sem embaraço
no peito e sente-o pulsar
coração vive o cansaço
de correr para o agarrar.
Acha-se rei a blasonar
o encanto de passo a passo
o amor voa sem embaraço
no peito sente-o pulsar.
O amor deseja pedaço
da ternura de um olhar
arrulha, dá-lhe regaço
partir o laço e abismar
o amor voa sem embaraço.
EM - CASTELO DE LETRAS - GABRIELA PAIS - LUA DE MARFIM
no peito e sente-o pulsar
coração vive o cansaço
de correr para o agarrar.
Acha-se rei a blasonar
o encanto de passo a passo
o amor voa sem embaraço
no peito sente-o pulsar.
O amor deseja pedaço
da ternura de um olhar
arrulha, dá-lhe regaço
partir o laço e abismar
o amor voa sem embaraço.
EM - CASTELO DE LETRAS - GABRIELA PAIS - LUA DE MARFIM
Subscrever:
Mensagens (Atom)