quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Como eu gosto de te ver - PATRÍCIA CACAU

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Como eu gosto de te ver
Como esses teus olhos me aprofunda,
me deseja e me deixa sem graça.

Não te percebo tirar-me a roupa
Mas minha alma passeia nua diante de ti.

          Te sinto tocar-me sem sequer esticar as mãos.

Envolta na tua presença, flutuava sem sair do chão

Me embaraço e respondo asneiras
          - já nem sei se penso -

Conto os dias de trás para frente para te encontrar
mas te encontro em mim
mesmo quando distante me encontro.

          Vem, que não tenho como chegar.

EM - QUINTAIS - PATRÍCIA CACAU - IN-FINITA

Sombra da minha sombra - ITANIRA SOARES

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Sombra minha que tem a minha hora,
A hora da minha história,
Anda no meu tempo móvel
E ela quase imóvel
Tem o meu retrato mudo
Onde o chão é seu reduto
Alma leve serena
Invisível xérox plena
Esboço indelével que imita meu ser,
Para me convencer
Que caminha o meu caminhar
Sem me apressar
Obedece ao meu comando
Sempre andando
Ora à minha frente para que eu não tropece
E me obedece
Às vezes do lado para a direção certa
Em alerta
Outras vezes atrás como anjo da guarda
Que me resguarda
Ao meio dia quando o pico da hora
O sol não ignora
Põe-se sob meus pés sem vaidade
Para que eu pise sobre ela com humildade.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Volátil - MARIA ELISA S. RIBEIRO

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Escolhi vestir-me de plumas,
não de ouro como as outras, pesada.
Não sou notada na festa, pouco importa.
Flutuo invisível. Prefiro, me basta.
Sem peso, alheia e abstrata,
meus pés tocam de leve a terra
e o vento, ainda que inexistente,
apaga minhas pegadas.
Do passado precioso, juntei retalhos,
fragmentos que remendo,
paraquedas no meu voo solitário.
Distraída, lanço à sorte os dados
o futuro é apenas contingência
não há certezas, só presságios.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Postal com amor - FATINHA DO BARREIRO

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Espero-te com ansiedade,
Passe o tempo que passar,
Trago em mim uma grande vontade
De te abraçar e beijar.

Do teu olhar quero ternura,
Do teu peito carinho e amor,
Dos teus braços a loucura
Que traz paixão e ardor.

Guardo em meus lábios o sabor
Do teu tão emocionado beijo.
Nas mãos carinho e calor,
No meu corpo paixão e desejo.

EM - MISTÉRIOS DA MENTE - FATINHA DO BARREIRO - IN-FINITA

Despedida - ISABEL BASTOS NUNES

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Gastaram-se os meus olhos
Nas lentas carícias
Que já esqueci.

Adormeci a carne
Na sombra do frémito
Que também se desvaneceu.

Sou náufraga de uma obstinada dor
Que não sei se existiu.

Olho-me na noite
Corpo no escuro da nudez plena
E escondo-me na folhagem da ramagem
Da árvore solitária que sou.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Sonho meu - MARIA GOMES CABANA

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Me deleito em meu sonho sobre as ervas,
E ele vai levando caminho.
Mas, sonho meu não te atrevas,
A te ires embora sozinho!
Leva contigo o meu pranto,
Leva as cores mortas de cor!
Leva todo o desencanto,
Leva a solidão e a dor!
Sonho meu, espera por mim,
Sabes que é em ti que eu vivo!
Queria ter-te sempre aqui,
A sonhar em meu livro!
Sonho meu não te olvides,
De tudo o que me prometes!
Só és sonho enquanto vives!
Se te concretizas,morreste!

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Canto da Sereia - ISA PATRÍCIO

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Sois fogo e água em simultâneo, matéria viva do espírito
Como pode arte geradora colocar-vos diante meu olhar?
Que potência sabe bem carácter observar,
Musa livre, dona de uma natureza escultural...
Vivifico-me na experiência do caminho, da verdade
e da vida essencial,
Redentora paz amanhecida, digna de acção, nobre figura
Até se me arrepia carne entre o soneto dito a seu tempo,
Atendo sossegada com afecto superior na candura
As mudanças de alta fortuna inspirando naturalmente.
Em razão pude principiar por expressão profunda lira,
Fazeis-me romper sentido inexplicável, assim
espontaneamente…
São toques excelentes próprios do pincel do grande
mestre.
Admirável Calíope que do canto da sereia, um toque
de amor,
Um olhar cruzado para nos vermos chegar numa
labareda ardente.
Reencontro tranquilo como água milenar – Amor
da vida! Essência diferente!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

A lua e o amor - MARIA FRATERNA

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Vem para o meu mundo
No próximo destino
Sob a influência da lua cheia
Ou até da lua nova
Para um recomeço

Mesmo assim
Trás a sedução do teu sorriso
A calma da tua voz
Que aplaca a minha alma

Deixa-me atravessar contigo
O denso mar
Onde nascem os girassóis
E sem saber das ondas
Embala-me nos teus braços

Mesmo assim
Não fujas à nossa conversa
Ouve este clamor
De um sonho justo
E vem à pátria deste poema.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

domingo, 27 de setembro de 2020

Seja - MARLI DIAS RIBEIRO

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Nesse mundo de tantas cópias,
Fotocópias, xerocópias e prints...
Seja você!
Seja você mesma!
Afinal,
Todos os outros já existem, seu DNA é próprio.
E na verdade, o belo, o que dá sentido,
E o maravilhoso da vida é ser.

EM - PARDAS POESIAS: SOBRE SER, FAZER E SENTIR - MARLI DIAS RIBEIRO - IN-FINITA

Encontro - INÁCIA GIRÃO

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Daqui a pouco chega a noite
E corro pra lhe encontrar
Amar você é um afoite
Que me leva a delirar
Você chega e me enrosca toda
Sinto a chama desse amor arder
As horas passam tão depressa
Logo esse instante termina
E chega o amanhecer

Ah! se um dia eu pudesse
No seu coração morar
Sei que o amor não tem pressa
E ele pode esperar

Mas o encontro é uma arte
E com você sou um vulcão
Sou chama, calor e contraste
Entre o delírio, o desejo e a emoção

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Ilha ou continente - MARIA DE FÁTIMA SOARES

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Uma ilha
Num qualquer mar.
Um vulcão submerso
que parece brotar de mantos de espuma.
Uma casa, na bruma
Janela com vista para coisa nenhuma.
Carta de marear, escrita em sânscrito.
Casca de noz a cruzar o Atlântico.
Efígie solitária,
em moeda a cunhar...
Continente longínquo, que custa a achar.
Quisera saber, de todos quem sou.
Ou, se há ainda...
Coisa mais singela, absurda ou bela,
para me designar.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sábado, 26 de setembro de 2020

Poilão 3 - ARLINDO ANDRADE

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Inspiração de muitos gestos
que nos tocam o coração...
E nos movem a abraçar
a proteger,
e a pugnar
pela dignidade
dos mais infortunados,
a quem a sorte traiu,
marginalizados
pela sociedade
que não os ama
nem os quer.
Mas tu, ó poilão,
és o exemplo
de quem abre os braços
para acolher a todos
e a todos amar.

EM - FIRME E HIRTO COMO O POILÃO - ARLINDO ANDRADE - IN-FINITA

O frio e a chave - HUMBERTO CELLUS

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O frio gelado, a noite escura.
A capa molhada, a tua ternura.
Tua ausência, tua presença.
inferno, tortura.

A porta trancada, meu coração.
A chave não cabe, morte em vão.
O desespero, o desmantelo.
Angústia, aflição.

A esperança, o dissabor
Minha vingança, franco terror.
Uma criança, a aliança.
A coisa certa, o desamor.

A alegria, a minha dor.
O teu sorriso, o seu calor.
Hão duas almas, a mão e a palma
Eu desertor.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Pássaros Concretos - MARIA DE FÁTIMA RIBEIRO SOARES

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Pássaro no cimento cinza
Sobrevida em concreto armado
Pensando, pousando, olhando do alto.
A quem interessa a torre cinza, a morte da mata?
Quem sente saudade do cheiro, da sombra, das cores do mato?
!!! Os pássaros!!!

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

A fome do mundo - PATRÍCIA CACAU

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O mundo tem fome e eu tenho sede...
O mundo tem fome de sonhos
e come a tua esperança,
Come pedaço da estrada que você não percorreu,
O perdão que você não deu.
O mundo tem fome, come a paz, arrota a guerra.
O menino no sinal pede uma moeda
e o mundo tem fome, come a educação.
O direito à vida, à liberdade, à oração.
Como? Acabar com essa fome do mundo.
Se eu tenho sede, com a garganta seca
de gritar para multidão que o sol é para
todos, que a minha sede é de justiça
para criança e o ancião.
Para sede eu peço chuva; para a fome eu peço grão,
que brote semente de amor
para alimentar esse mundo cão.

EM - QUINTAIS - PATRÍCIA CACAU - IN-FINITA

Essência - HELENA MONTEIRO

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Se não tens
a quem amar
ama-te a ti
de tal maneira
que amor nunca te falte.

Se vives para alguém
solte o leme
arranje coragem
retorna-te a ti:
sorrir, abraça-te,
expressa a melhor versão de ti.

Se desejas um amigo
corre-te ao espelho
mira-te profundamente
enxerga a tua essência:
grita, esmurra, chora
tudo ao mesmo tempo.

Se andavas perdido,
enfim, chegaste em casa:
tua pele, teu corpo, tua alma!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Amizade - MARIA DE FÁTIMA BRAVO

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Eu gosto de olhar para ti
Mas não sei se é amor
Eu gosto de falar contigo
Mas, se partes não sinto dor.
Eu espero que apareças
Mas receio teu nariz torcido
Ou teu olhar que tira meu vestido
Mas gosto que não me esqueças.
Isto não pode ser amor
Isto é uma grande amizade
Cimentada pelos anos, um ror
Ser meu amigo, sempre hás-de
Senão, não te zangavas assim
Nem de mim tu troçavas
Senão, só olhavas p’ ra mim
E nunca às outras tu amavas.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

O “hoje” - FATINHA DO BARREIRO

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Hoje é o momento
De reacender o sentimento,
Fazer acontecer.
Hoje é preciso reagir
E não apenas existir,
A vida é para se viver.

Ontem já passou,
Só a lembrança restou,
Já nada pode ser mudado.
O ontem de nada serve,
É água que já não ferve,
É cinza de lume apagado.

O amanhã quem o verá,
Quem sabe o que trará,
Se a janela se abre ou fecha a porta.
O amanhã é previsão,
Apenas especulação,
Se chove ou não, pouco importa.

Não fiques a ver o tempo passar,
O passado e o futuro a preocupar
E no presente apenas “ser”.
Vive cada dia com alegria,
Hoje é o único dia
Em que tudo podes fazer acontecer!

EM - MISTÉRIOS DA MENTE - FATINHA DO BARREIRO - IN-FINITA

Homicídio culposo - HANNAH CAVALCANTI

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O vento fresco e o silêncio da noite me acariciam
Mas hoje matei uma flor
Fomos incapazes de nos comunicar
Para além da tv e o celular
O tempo mastiga o tempo
Roendo cada segundo
No limite mais profundo
Do absurdo
Mas hoje matei uma flor
E isso é tudo

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

A primavera na cidade - MARIA CLEIDE BERNAL

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Chegou a primavera
E a gente nem se deu conta
Que o tempo já mudou
Chegou o vento, chegou o calor
E a gente nem percebeu
Que foi o verão que chegou,
Mas como miramos no asfalto
Com olhos sombrios e enlutados
Não vemos que a primavera chegou,
Quando olhamos para o alto
Com vista mais aprumada
Por certo vamos avistar as flores dos ipês.
E nem percebemos que as flores amarelas
Singelas que embelezam nossos caminhos
Muito alegram a nossa visão!
As avenidas rosadas e às vezes amareladas
Da paisagem urbana desta cidade
Quase não são notadas...
São as máquinas nas ruas,
Túneis e viadutos em obras
Que ofuscam a beleza do lugar.
Minha cidade já foi tão bela.
Agora desfigurada!
Cadê o direito dos caminhantes,
condutores e viajantes?

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Hipnose - CARLA FÉLIX

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR ADRIANA MAYRINCK

Na perplexidade da vida
Rogo por uma hipnose
Que me leve a viajar
Pelas mentes doentes
Que asfixiam o meu olhar
Soltando algumas palavras
Poesia pura que irradia
Luz perpétua no íntimo das almas
Voltando num dedilhar
Que desfolhem as folhas
Do livro aberto da vida...

EM - LIVRO ABERTO 2020 - COLECTÂNEA - EDIÇÃO DE AUTOR

Póstumas Sentenças - GRAZIELA BARDUCO

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Deixei póstumas, tais sentenças
Que em vida foram trabalhadas
Que frescas foram desprezadas
Que velhas tornaram-se crenças
Levando minhas diferenças
Pra longe de tanto desdém
Do pranto que vai e que vem
Da dor que disfarça a amargura
Com o ódio que assim me tortura
Semeio só o que me convém.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Onde mora a felicidade - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA

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Sei que a felicidade está ali
Ali mesmo ao virar da esquina
Eu sei, sei que está naquele lugar
Na casa onde morei
Ou na esquina onde te encontrei
Sei, sei aonde a encontrar
Tirando o gelo do caminho
As ervas daninhas
que ornamentam a calçada
Desviando o alcatrão derretido da estrada
E as bermas poluídas de inveja
A maldade disfarçada
E as beatas espalhadas pelo chão
Sei, sim eu sei
Que está mesmo ali
Onde mora a amizade
O amor e a bondade
Aí, mora também a felicidade.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Solidão fechada - MARIETE LISBOA GUERRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELA EDITORA

A casa habitada
que acolhe pouco amiúde
o refúgio de onde o mundo é visto,
assegura-se que a cadeira está livre
tão desocupada e sozinha
no ar vazio e frio.

Reclusa, a Poesia é labor e parágrafo
olhando a ébria caneta e extasiado papel.

Lá fora na noite lenta, talha acertos
o corvo atento.

Nenhures! A luz desce. Metáfora.
Um luar sobre um cipreste.

EM - SENTIDOS DESPERTOS - COLECTÂNEA - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Primaverar - GILSA DA ROCHA MAGRI

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Já podes abrir-te
Não te ressintas se tuas cores
tão cuidadosamente preparadas
durante o inverno
não forem suficientes e contagiantes
A primavera não acontece para todos
Os olhos se propõem a recebê-la
à medida que o coração amolece
e se o processo de cura não acontece
fica difícil a contemplação
O esforço da sempre labuta
requer certo descanso para receber o novo
muito cuidado e preparação podem estragar a surpresa
desmanchar as crenças
Apurar os ouvidos para os novos cantos
é exercício de fé e aprendizado constantes
Marinar o coração com esperança de novos rumos
é condição para ganhar o fôlego
na medida da estrada
Ser humano prescinde deste constante ciclo
onde o caminho seja ornado sempre
por novas flores e outros aromas
mesmo que o ofício de jardinar
já não pareça tão nobre.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Pig ment ação - MARLI DIAS RIBEIRO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Você que tem pele azul
Você que tem cor de terra
Você que não tem cor
Você que se pinta, e se revela
Você que tem coragem de ser você
Você que tem cara para dizer não
Não
Não a pigmentocracia, não a discriminação.

EM - PARDAS POESIAS: SOBRE SER, FAZER E SENTIR - MARLI DIAS RIBEIRO - IN-FINITA

Borbotão - MARIA AMÉLIA ELÓI

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E me pergunto por que eu escrevo
por que eu ainda escrevo
— apesar dos tudos todos
apesar de todos
apesar de mim —
por que mesmo assim
com falta de jeito
por que não paro de escrever.

Se ele não vai ler.

Se há tanta obra ótima de gente ótima
que vale resenha que vale entrar na lista
se me zango, dolorida, com crítica pesada cítrica
ácida cáustica.

Se sinto náusea só de pensar
que ele não vai mesmo ler
ele não vai se interessar.

Se o tempo não nos redime de nada nadinha
menos ainda da falta de tempo
se maracujaremos todos até a morte ou morreremos
antes, com pele ainda rija
se o meu bendito três-parágrafos
por mais queridinho e refinado que seja
pode cansar mendigando piedade anistia
que não vai impedir.

Mas por que mesmo?
Se meu verso não abala estrutura
se não trata preconceito
não abraça quem tem frio
se meu texto não vira emprego
não consola a mulher que apanha
nem livra a menina do pai que abusa
nada alivia
minha fala não tem serventia.
Pra quê, então?
Só como prova de que estou viva e me importo
com o que dói em mim e no outro?
Porque a vida é assim também
essa mistura de acaso com falta de propósito
essa doideira de causa
consequência loopings descalabros
desprogramados?
Porque a morte ninguém explica
só se vive (mais a dos outros que a nossa)
nenhuma palavra que se invente vai servir,
que eu continuo borbotando teimosia?

Escrever por quê? Para quê? Se há só razão pra se
livrar de desejo tão pentelho!

Mas por que não? Como não? Já que é esse mesmo
meu motor meu destrambelho
só desse jeito sei sentir e vivo?
Se ele não ler, eu nem ligo.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

3 quadras - PINHO NENO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELA EDITORA
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V - Peão de brega

82
Uma vez conquistada a liberdade,
Como foi que traçaram teu destino?
Com equilíbrio, paz e dignidade
À margem de arraiais do desatino

83
Ou ao sabor de esconsos interesses
De forças que anelaram dominar-te
Através de polítrofas benesses
A fim de te causar mortal enfarte?

84
A questão que te ponho deste modo
Provém de certa angústia que em ti vejo...
Contudo, se com ela te incomodo,
Aguardemos então melhor ensejo...

EM - PORTUGAL EM REFLEXÃO - PINHO NENO - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Dasein - GILBERTO LÚCIO DA SILVA

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Toda vida para a morte é um caminhar
Construído entre a angústia e o nada
Amparado no rigor da caminhada
Do sentido do percurso a conquistar.

Sendo humano, essa dor me é inata,
De saber que por mais que possa amar,
Do morrer não há forma de escapar
E aceitá-lo é a coisa mais sensata.

Ao nascer, ao problema fui lançado,
Envolvido no mistério desta vida,
Sempre à vista, mas jamais elucidado.

Consciente que morrer se faz premissa,
E antecede um desejo autorizado
Faz autêntica essa vida tão finita.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Poilão 2 - ARLINDO ANDRADE

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Se pudessem meus braços alongar-se
para teu enorme tronco,
grosso e firme,
abraçar...
Fosse eu um pássaro
para baloiçar em teus ramos
sem ter inveja
as aves
que fazem em ti os seus ninhos
e em ti se refugiam
dos predadores!
Oh, como seria bom
sentir o balançar das tuas folhas
ao ritmo do vento que sopra,
vendo-te
a sorrir e a cantar!

EM - FIRME E HIRTO COMO O POILÃO - ARLINDO ANDRADE - IN-FINITA

Rumo a absalão - MARIA ALICE BRAGANÇA

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Aos olhos azuis de minha mãe,
Ângela Biasi Bragança

E, se fossem azuis
como o céu de Absalão,
os teus olhos espelhados nos lagos?
Poderiam ser simplesmente
azuis os dias,
como o mistério de Absalão.
Os rios nada perguntam às águas
para onde correm as suas.
E também assim são os dias,
a moldar o tempo.
O barco sem Norte
faz o caminho certo.
O rumo que lhe cabe sobre o mar azul.
Assim é a minha vida aos teus olhos.
Rio, barco sem leme,
rumo a Absalão.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

domingo, 20 de setembro de 2020

Dispersa em vida - GEORGINA CAÇADOR

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Tu és um furação!
A ponta de uma espada de esgrima.
Tu és a mais equilibrada
Criatividade de uma rima.
Passas com beleza a destruir
Todo o espaço que criei.
Perdeu-se, está a ruir.
No meio encontro
Um nada que me agarre.
Um pé de flor,
Um pouco de amor.
No meio de mim
Está a dançar a chuva,
A dança dos véus
O dobrar da curva, a vida.
A existencial.
Aquela que nos leva do nada da vida,
Ao especial.
No meio de mim nada existe,
Tudo é triste, Desolado.
Eu sou um mundo acabado!
Porque estalaste os dedos,
Sopraste a brisa,
Fizeste transbordar a maré.
Deixaste-me presa às pedras,
Ao caminho.
A chegar a casa sem medo,
Mas sem carinho.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Partida - PATRÍCIA CACAU

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Esteja comigo onde eu estiver,
O teu braço curto já não alcança as minhas mãos,
Levo no coração o nosso longo amor,
No ouvido Sinatra ainda canta My way,
Eu notei que você mudou o birô
evitando a cadeira vazia
que era o meu lugar.
Mas no pensamento sempre vou te encontrar,
A garrafa de vinho,
uma taça sozinha
sem ter com quem brindar,
Vai passar...
Lembranças são momentos vividos,
um álbum de fotos presente de você ausente.
Não havíamos planejado o passado
e o nosso futuro como terminou.
Os nossos olhares confidentes denunciavam
que ali existia
AMOR.
Não tem desculpas foi o medo
de desarrumar a vida
que decidiu a minha partida.
Você me guardou na gaveta.
Eu te levei na maleta.
E a vida recomeçou...

EM - QUINTAIS - PATRÍCIA CACAU - IN-FINITA

Escárnio da ignorância - LUZIA COSTA BECKER

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Tem um homem se fazendo de sonso governando o país.
Tem uma mulher sonsa orientando a família e os direitos
humanos.
Um diminuto desdenhando a educação.
Não tem ninguém cuidando da sanidade do povo.
A realidade me parece prenhe de uma revolução.
Se passiva, eu não sei.
Só sei que a panela de pressão está apitando.
Pergaminhos vão rolar.
A ignorância, vai para o carnaval vestida de verde amarelo.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sábado, 19 de setembro de 2020

Casa Amarela - GENICE NOGUEIRA

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Minha casa marela
Tem portas, tem janela
Tem varanda, tem jardins
Tantos lugares tem a casa marela
Tantos espaços só pra mim
Não me vejo fora dela
Só quero ela pra mim
Mas pensei
Se você não está nela
Eu fico cinza sim
Não combinou com nada
Nem mesmo a madrugada
Apenas a sua chegada, iluminaria
a minha morada
e eu ficaria feliz aqui

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

A borboleta e a flor - FATINHA DO BARREIRO

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A flor era suave e delicada,
Bela e perfumada,
Mas não podia voar...
A borboleta voava,
Numa e noutra flor pousava
Para os seus ovos deixar.

Não invejes a minha sorte
Apesar de eu voar e tu não.
Tive que ser muito forte,
Já fui lagarta, quase vi a morte
Ao ter esta transformação!

E eu, que estou presa aqui!?
O quanto que já padeci...
Um dia já fui semente,
Fui fruto para alguém comer,
Semeada, voltei a nascer,
Fui planta e flor novamente...

Cada um sabe o que passou,
O que o tempo deu ou tirou,
Não há o que invejar...
A cada pessoa, a sua história
De derrota ou de vitória,
A cada vida, o seu caminhar.

EM - MISTÉRIOS DA MENTE - FATINHA DO BARREIRO - IN-FINITA

Poesia amarela - LUCIANE COUTO

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Tenho compromissos hoje
E nos amanhãs também:
Reservei toda a agenda
Para me colocar em pauta.
Cancelei aquele velho contrato
Feito com o anjo caído
E só irei trocar alianças
Com o que tem bons frutos.

Terei tempo para a colheita
Para fazer a pisa
E teremos muito.
Já vejo os copos cheios, a dança
E a pergunta sob o céu do solstício:
Do que é feito esse lindo vestido
Vistosa menina?

– Oh, gratidão!
Ele é feito de sol!

Agende aí também
Para fazer Tempo
E venha me ver
Vestida de amarelo e risos.
Não precisa trazer as flores de sempre:
Sei que já são meus
Todos os girassóis do mundo.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Retalhos de vida - FREDERICO DANTAS VIEIRA

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Beira o caos o instante externo
que se apossa desse vazio sem fim
tão cheio de mim
onde já não sou mais eu nesse mar de pensamentos eternos.
Desígnios de um agora em apatia
dos horizontes sem nada
de uma vida impedida e aprisionada
dessas horas macabras de uma cruel distopia.
Antes que acabe,
o dia,
o tempo
ou que o mundo desabe
servirei de banquete o meu momento
nessas doses diárias de poesia.
E rimarei com teu nome doce e viciante
pois é onde ancoro minha saída.
Sobrevivente, te sinto, perdido no instante
entre o anseio e o devaneio nesse retalho de vida.

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Fluido - LÚCIA WAN

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os corpos se largam
nas bykes nas malhas
beijocas pro ar
sorrisos pra selfies
os colos se lacram
sentidos zipados
amores rolam on-line
ou vão para o ralo

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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Vó, tens uma “supesa”? - FORTUNATA FIALHO

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Voz carinhosa de curiosidade envolta,
Pergunta inocente de esperança vestida.
Olhos brilhantes, um doce sorriso iluminam.
Gargalhadas sonoras ecoam ternuras.
Falar baixo, missão impossível,
Chamar a atenção é o mais importante.
Caracóis cor de mel num rostinho lindo.
Beijinhos ternurentos num abraço apertado.
Birras inocentes, protestos não contidos,
Choros sonoros de contestação vestidos.
Amor infinito num corpo pequenino,
Doçura tão grande num simples olhar.
Ternura infinita no coração dos avós
Amor incondicional... igual ao dos filhos.
Filha na mesma... por mim não parida.
Pedaço de mim que só posso amar,
Mesmo zangada, mesmo num ralhar.
Ser docinho, que enche a alma,
Alegria dos meus dias e esperança no futuro.
Doce criatura desta que muito te ama.
Marianita da avó, que o futuro te sorria,
Que o amor seja uma constante da tua vida.
Muitos parabéns querida Mariana.

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Poesia do meu jeito - MARLI DIAS RIBEIRO

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Faço poesia como quem pensa uma liberdade sem
sinônimos, minha,
Puro DNA
Me entrego a vontade de expressar em palavras
um tom preto-pardo que me representa
Não importa se jogaram minhas letras e poesia
no canto, ela já está viva, parida.
Do meu jeito, ela já existia, mesmo embrionária,
e no seu jeito, uma poesia que é minha, pode ser sua

Relacione-se com ela apenas se lhe tocar o coração,
Sem pressa, sem pressão, leve, solta, flutuante
Deixe nascer
E sinta do seu jeito, o que eu escrevo, do meu jeito.

EM - PARDAS POESIAS: SOBRE SER, FAZER E SENTIR - MARLI DIAS RIBEIRO - IN-FINITA

Saudades de Ti! - LÚCIA D'VERONA

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As minhas saudades
estão a ficar do tamanho
de um imenso mar...
E não há como contornar,..
Tudo me leva ao mesmo porto,
ao mesmo lugar...
Dê as voltas que der...
Um novo porto de abrigo
não consigo encontrar...
Ando por aí a marear...
Não me consigo libertar....
e ao mesmo ponto
sou impulsionada a voltar...
Não adianta fugir...
Não adianta...
... novos amores inventar...

Serás sempre TU...
... a força do meu amar!

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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Menina Cristal - FLORINDA DIAS

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De repente
O céu ficou nublado
Não te viu,
Iluminaste-te...
E o sol se abriu
Menina Cristal
Menina de luz,
Do céu as estrelas
O amor que te seduz
És tu,
O teu sorriso,
As tuas lágrimas,
E a tua cruz...
Menina Cristal
És sol no pendor da ladeira
És brilho à qual na noite, o luar
És o que alimentas...
Não importa quem te quer ou não amar
És tu... Tal como és e foste a vida inteira
Menina Cristal...
Importa sim a luz que te quer iluminar
Adiante menina, rega as tuas plantas,
Venera o teu jardim...
Menina Cristal senhora de mim,
Assim.

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Os pássaros do Poilão - ARLINDO ANDRADE

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Espetáculo belo
E enternecedor
Os pássaros que, em bando,
Se levantam do poilão,
Chilreando
Ao meu encontro...
Saúdam-me com o bater
Das suas asas...
Em festa, me acolhem!
Aquela sinfonia,
O bailado acrobático
Tendo por cenário
O próprio céu,
Eleva-me o espírito
Às alturas
E humaniza-me
O coração!

EM - FIRME E HIRTO COMO O POILÃO - ARLINDO ANDRADE - IN-FINITA

Adversativas - LORENA GRISI

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Mas deveria ter sido o primeiro,
o mito, a gênese,
o sol,
o dia de ano novo,
o anjo anunciador,
o verbo.
Entretanto,
o que se barra na entrada.
O conhecido interdito
visto entreolhos,
piscada pesada
do sono
de quem insiste.
Todavia já se via um tanto
e não há começo sem contudo um antes.

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terça-feira, 15 de setembro de 2020

Tolices - FLAVIANE BORGES

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Vagueio na estrada do tempo
Esse invento dos tristes
Essa agonia transloucada
Temperada a pouco sal,
Sal este não do mar
Mas das lágrimas que escorrem
O pálido rosto dos amantes
Que de tanto amor são tolos
E desgostosos de ilusões
Que de tantas crendices
Creem em tolices...
Tolices estas doidivanas
Destas que só os tolos de amor
Sabem sentir, nunca explicar
E sentem-na tão profundamente
Que recolhem-se em versos
De tantos outros cheios dessa
Tolice que é o amar
Tolices de sentimentos arrecadados
Guardados em baús envelhecidos
No tempo... mas nunca tolo para
O esquecimento.

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Eu e o medo - PATRÍCIA CACAU

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Eu e o Medo.
O medo diz não vai,
Eu digo não fico!
O medo diz há risco,
Eu me arrisco!
O medo não pode,
Eu posso!
O medo não queria,
Eu quero!
O medo: Não ame.
Eu amo!
O medo: Não pegue.
Eu pego!
Eu e o Medo.
Por medo,
Com medo,
Eu medo,
Tu medo.

Sigo.
Eu e o Medo
em frente,
adiante,

sempre.

EM - QUINTAIS - PATRÍCIA CACAU - IN-FINITA