domingo, 31 de outubro de 2021

Da poesia - LENA FUÃO

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a poesia é carne
tem fibra o verso
o sangue rima
força da estrofe
se come
com a alma
e quanto mais se come
mais se tem de fome

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

O mar do meu eu poético - ISABEL BASTOS NUNES

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Deste meu mar calmo e tranquilo
Soltam-se por vezes vagas revoltas
Que envoltas em espuma
Espraiam-se no areal da praia.
Desassossegam o olhar…
E na leve brisa matinal
Ordenam o meu silêncio
Consciência e pensamentos.
Desço as escadas da minha escrita
Na enorme vastidão da dialéctica
Onde a minha poesia caminha
Ela própria, fazendo-se passar
Por um eu que não existe
Na tentativa de nunca deixar morrer
Aquelas bolas mágicas em cuja espuma
O verbo se transforma em palavras
Quando estas são o mistério de vida.
E na minha humildade
Procurei abster-me de doutrinas sofisticadas
Onde alguns atestam grandes dogmas
Teorias inexplicáveis da própria existência
Quando esta é feita de factos acontecidos
Ou imaginados
Ainda por acontecer.
Entre mim a poesia e o mar
Existe uma cumplicidade de outros tempos,
Porque sempre naveguei
No mar dos sonhos e da utopia
Num mercado de palavras e contratempos
Próprios da simbologia… (de outros tempos) …
--- É como se a água desse meu mar
Se transformasse no sentido final que eu procuro dar
[nas entrelinhas dos meus poemas]
Desço as escadas da minha poesia lentamente
Num fim de tarde ou de madrugada
Vou calcorreando caminhos de areias,
Porque só eles me levam ao meu mar
Esse mar onde procuro aquelas musas
Que tanto influenciaram os nossos poetas antigos
E onde anseio vislumbrar
Aquela chama que ardia nos seus espíritos
E que lhes deu força e inspiração.
Não para escrever epopeias.
Mas sim vislumbrar o saber de poder criar
Queria só
Que o mar do meu eu poético
Fosse um mar tranquilo, pintado em tons de azul,
Ou folha branca na qual as palavras se moldassem
Às quimeras do tempo,
Aos afectos,
Às palavras moldadas
Celebrando a partilha de tantos outros poetas
Que em vida celebraram o seu amor à poesia.
Eu queria só ser poeta,
Ter a dádiva da palavra
Mergulhar nos versos, nas rimas e nas silabas
Até à eternidade.

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sábado, 30 de outubro de 2021

De mãos dadas com o pai - LÉA COSTA SANTANA DIAS

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Tu não és bendita entre tantos machos
Pulhas cobertos do sangue vertido
Das entranhas pretas e faveladas
Crias das marés sedentas de justiça.

Da tua vagina escarnecem os ratos,
Becos por onde outrora enfiados vivos
Nos corpos apensos aos paus de arara
Ressurretos destas mãos que te guiam.

Punhetas lambazes espiam tuas ancas
Virgens enquanto trilhas cabisbaixa,
Expiando a culpa de uma fraquejada.

O vinho no cálice brinda a vianda
sobre a qual se diz instilar afagos,
Máscara constrita do poder pátrio.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

O lado frágil em ser - HELENA TEKKA

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Já passei por tantas provações
Agora anseio pela paz
Já passei por todas as dificuldades
Agora quero a serenidade

Tenho fragilidade humana
Já sofri demais
Quantos tombos...
E estou de pé

O que mais preciso aprender?
Já não sei mais o que fazer
Cansei da máscara da fortaleza
Não abandonei minha fé
Apenas, sinto-me esgotado
Ultrajado pela vida

Sou humano
Mágico
Minhas dores não passam
Quero somente um abraço
Do meu cansaço me refaço

Meu coração é manso
Ponho-me de joelhos
Preciso de um afago
Que revigora meu ser,
Instala a mansidão

Sou um homem
quebrantado
emaranhado nas paixões
vivo desamores
terno calor...
busco um toque de amor!

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Calor do amor - JURACI AUGUSTA DA CRUZ

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Tarde de calor na Cidade do Sol
Cochilo, sonho, e tu vens
Melanina, cheia de luz
Com o cheiro que só tu tens
Sem pedir licença, entra.
A janela fechada não te impede a presença
Seu calor enche o quarto, o ar
E, de repente, tudo muda
Contemplo teu corpo
Abraço-te, me enlaço em ti.

Estás longe, mas tão perto
Tão certo, tão meu
Sim, aqui nos pertencemos
Nesse quarto, temos liberdade
De matar a saudade
Numa tarde de calor
Em que o amor se aninha nos lençóis
Pois estamos sós,
Nós, o calor e o desejo
No silencio, entregamo-nos ao beijo
Misturamos a pele e o suor
E espalhamos no ar o cheiro de amor.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Hoje não sou poeta - Mª LEONOR COSTA (NONÔ)

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Hoje não sou poeta,
Não sou ninguém
Estendida neste extenso areal
Sou apenas uma mulher real.

Sou um ser em paz
Em dia de descanso
Não procurando ser perfeita
E que por fim a realidade aceita.

Aprendi a dar tempo ao tempo
A aproveitar o melhor da vida
Sendo fiel sobretudo a mim
Sinto-me mais compreendida.

Hoje não procuro ser ninguém
Apenas quero sentir
Respirar a liberdade
Deste estranho devir.

EM - Mª LEONOR COSTA (NONÔ) - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

Abrasador - GILTÂNIA NERY

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Não te conhecia, ouvia falar de ti,
Mas prestar atenção mesmo, eu não prestava.
Até que o clarão chegou e hoje...
Hoje?
É impossível não te chamar do alvorecer da aurora
até ao anoitecer.
Tu sussurras devagar, nem sempre percebo,
Sou barulhenta, tenho os arroubos de uma criança
Numa vivência de mulher, mas sempre serei
Criança.
Quando eu me abro, aos teus contornos
As ações do dia, as conversas, os olhares
Ganham outra direção.
Impactante a tua ação.
Desconcertante.
Vem como brisa suave
És brisa suave,
Vento impetuoso.
Abrasa-me por todo o sempre,
Fogo Abrasador.

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Oferta - JÚNIA PAIXÃO

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Ofereço ao mundo a jugular
Morda-me!
Crave os caninos,
Perfure os caminhos
Por onde a existência corre.
Deixe-me sangrando,
Não me importo.
Já não mais me seduz
A clausura das histórias iguais.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Lânguidos versos - RITA QUEIROZ

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Nos meus papéis dispersos,
Escrevo versos de lamento,
Desfolhando-me em cinzas
Lançadas nos jardins de inverno.

Desnudo-me dos sonhos imprecisos,
Lapidados nas conchas do crepúsculo,
Varridos da alma junto com as folhas mortas
Nas sílabas de melancolia que me assaltam nas noites frias.

O relógio me traz à tona
Traço outros caminhos
Nas horas silenciosas
Em que sangro saudades!

EM - RITA QUEIROZ - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

Mulher - FORTUNATA FIALHO

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Mulher... fonte de vida... fonte de amor...
Mulher... ser sublime... incubadora de vida.
Mulher... mãe protetora, porto de abrigo.
Se me perguntarem pela mulher que mais me marcou,
Responderem sem hesitar... a minha mãe.
Foi fertilizada por meu pai... que muito admiro,
Gerou-me, sentiu-me crescer,
Protegeu-me mesmo sem me conhecer.
Pariu-me na dor e amou-me mesmo assim.
Ensinou-me a pensar sem nunca me impor um caminho.
Muito importante... ensinou-me a refletir.
Uma grande mulher, junto de um grande homem,
Formaram os pilares daquilo que sou.
Mulher deveria ser símbolo de amor e carinho,
Respeito e consideração.
Acarinhada, protegida, tratada como igual.
Mulher não é objeto nem serva de ninguém.
Mulher é força, é luta, é conquista e sabedoria.
Mulher não é mais nem menos que ninguém.
Mulher é igual, par, companheira...
Força, competência, sabedoria.
Toda a mulher tem o direito de ser quem quiser,
Chegar a todo o lado... ser gente.
Sou mulher... diferente de qualquer homem...
Sou mulher, não um ser inferior, não aceito limites.
Serei aquilo que eu quiser, e o universo será o meu limite.

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Míngua - JULIANA BLASINA

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não quis o almoço, por seis dias
não quis o jantar
ficou no café ralo com pão torrado
sem se levantar

a cria no peito trazia
a barriga cheia
diferente das outras três.

à noite, ele chegou
faminto
:
comeu fodeu dormiu
(deixou o pão em farelos)

no escuro
aos pés da cama
teve que se agachar
a quarta cria ainda mama
que é pra quinta não vingar.

por seis dias não comeu
no sábado, não dormiu
e no domingo jejuou
por deus.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Pacifismo de Flor - JACKMICHEL

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Pétalas,
Folhas,
Haste,
Pólen...

Angiosperma mudo de cor,
Transmudado em amor.

Corolas,
Anteras,
Verticilo,
Perianto...

Angiosperma puro e tenaz,
Evaporado na paz.

Perfumes,
Sépalas,
Rizoma,
Estame...

Angiosperma - simples beldade,
Desabrochado em fraternidade.

Pistilos,
Carpelos,
Gineceu
Antófilo...

Angiosperma sem divisão,
Multiplicado na união.

Glória a Deus nas alturas
E amor, paz, fraternidade, união
Na Terra aos homens de boa vontade!...

EM - JACKMICHEL - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Elegância na poesia - IRENE MATIAS

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Vestida de ouro nos tempos passados
Nos presentes, vestida de platina,
Na página vestida de prata
Passeia-se com elegância!
A passarela vestida de vermelho
Provocante no chamamento lúdico
De quem o escreve...
Responde com elegância
Na sua escrita brilhante...
... E breve!

As frases corretas sem pretensões
Lês nos seus livros... onde só cabem
Algumas ilusões e desilusões...
Para quem os lê, a visão nítida
De uma elegante e bem desenhada...
... Escrita!

A elegância da pontuação
Dá-lhe uma interpretação digna,
Emocionante, bem caracterizada,
É um suporte firme
Quando é declamada
Dando-lhes uma elegante entoação,
Um brilho diferente, belo, interessante...
Num elegante extravasar
... A POESIA!

EM - AMANHECEU... RENASCEU! - IRENE MATIAS - IN-FINITA

Desgarrada Fadista - FERNANDA BEATRIZ

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Meu fado tem cavaquinho
Tem viola e bandolim
Tem o aroma de bom vinho
Em noites quase sem fim.
Tem fado ao gosto de todos
Samba, tango e malhão
Estádios com gente ao rubro
No calor da emoção.
Não é só meu o meu fado
É de quem o quer cantar
Afinado ou nem tanto
Canta-o quem sabe amar.

O meu fado tem palmeiras
Tem mornas e coladeiras
Tem sol quente e mar sereno
Praias lindas, clima ameno.
O meu fado tem batuque
Tem futebol nas peladas
Tem brados e muitas palmas
Em jornadas bem jogadas.
Não é só meu o meu fado...

Ouve-se uma concertina
E rodopiam chinelas
Há cantares ao desafio
Atirados às janelas.
O meu fado tem folclore
A chula e o vira do Minho
Tem neve e sol de rachar
É meu primeiro “cantinho”.
Não é só meu o meu fado...

Lembro os carreiros das cabras
Lembro o labor dos ancinhos
E o chiar das carroças
Puxadas por bois mansinhos.
Há fandango e corridinho
Nos largos, eiras e arenas
Há touradas e gemidos
Ouvidos nessas faenas.
Não é só meu o meu fado...

O meu fado é minhoto
Que se canta em Trás-os-Montes
É alegria, é cor
Água de todas as fontes.
Meu fado tem mesmo fado
Canto-o d’alma e coração
Sai da garganta voando
E corre de mão em mão.
Não é só meu o meu fado
É de quem o quer cantar
Afinados ou nem tanto
Canta-o quem sabe amar.

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Retratos - JÉSSICA RODRIGUES

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Fotos não revelam
quem somos
São imagens de um instante, apenas
Não mostram as
entrelinhas, os medos
os sonhos, as nuances
os infinitos particulares
Na tela, no papel
a seleção do melhor ângulo
nem sempre o real
Parte de mim, de você
De quem desejamos ser
Do que escolhemos mostrar
E do lado de cá
Estilhaços e imperfeições
Buscas e demandas
Dissabores e segredos
Mascarados pela pose e sorriso
Que insistem em manter-se
Emoldurados, intactos
Aos olhos dos que não veem.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Suplementação de vitaminas - JÉSSICA IANCOSKI

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nos sábados
e nos domingos
o frasco fala
"para homens!"
nas segundas,
nas terças e nas quartas,
a cartela convaqueia
"para mulheres!"
nas quintas e nas sextas
completo com meia
cápsula de cada

a vitamina de homem influencia
nos músculos e na energia
a vitamina de mulher influi
nas unhas e na pele macia

para o espanto de todos,
não só dos farmacêuticos,
das farmacêuticas e
também des farmaceltiques
nenhuma delas me deixa
mais ou menos homem mais
ou menos mulher mais ou menos
anarco viado comunista
trans sapatona convicta.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

domingo, 24 de outubro de 2021

Cantiga - JEANE BORDIGNON

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Vai passar
Tua dor
Vai passar
Outras virão
Mas não vão
Te derrubar
Vão passar
os tormentos
e novos momentos
vão chegar...
Respira...
e deixa passar
esses tempos
e se der vontade
pode chorar.
Essa angústia
também vai passar.
Outros dias
vão chegar
Teu sorriso
vai voltar
ao mundo
iluminar
Você sente, você sabe
que vai acontecer:
você foi forjada
pra sempre renascer

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Finalmente o silêncio - Mª LEONOR COSTA (NONÔ)

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Finalmente o silêncio
Paz e tranquilidade
O cérebro respira
Uma sensação de liberdade.

O dia de trabalho terminou
A azafama e a desorganização
O fim-de-semana à porta
Serve de inspiração.

Finalmente o silêncio
Fecho os olhos e respiro fundo
Ouço música a meu gosto
O meu espaço é o mundo.

Equipo-me a rigor
Saio para caminhar
Organizo o pensamento
E encontro o meu lugar.

EM - Mª LEONOR COSTA (NONÔ) - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

sábado, 23 de outubro de 2021

A voz de todas - JANICE REIS MORAIS

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Mulheres de rendas
e fendas,
de terno,
jeans ou minissaia.
De rosa,
azul,
vermelho ou amarelo.
De tênis, salto alto ou chinelo
Mulheres rotuladas do lar,
ou profissionais a trabalhar.
Mães casadas
ou solteiras...
Solteiras
ou casadas sem filhos.
Estilos e histórias diferentes.
Umas calam, outras quebram correntes.
Aquela que pensa coletivo, e fala “nós”,
tem o grito de todas em sua voz!

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Jardim - RITA QUEIROZ

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As rosas sangram suas lágrimas
Sobre as pétalas enrugadas
Cada gota a reacender as lanternas
A vislumbrar mundos indevassáveis.

As rosas sangram suas lágrimas
Sobre as folhas que se abrem na madrugada
Os doces orvalhos de brisas
A despertar a inocência pueril.

As rosas sangram suas lágrimas
Sobre os caules imberbes e rijos
Cada espinho de fogo
A girar na guirlanda do tempo.

As rosas sangram suas lágrimas
Sobre as fendas da terra
Cada verso embrionário
A brotar a vida eterna.

EM - RITA QUEIROZ - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

Extremos - DANI ESPÍNDOLA

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O todo de toda a amplitude
É o máximo da totalidade inteira
Berrou ela a plenos pulmões
Agigantou-se
E abraçou o mundo
Cresceu até o céu
Estendeu-se, amplificou-se
E quando não mais podia alastrar-se,
Silenciou
Encolheu
Apequenou-se
Sussurrou ela em fiapos de voz
Diminuiu
Minimizou
Reduziu-se a uma gota, um grão, uma molécula
Nada mais.

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Êxtase - JANE CANECA

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Te deito na relva verde
Rolamos sobre a grama molhada
Que exala uma fragrância gramínea
Anoitece e cai uma garoa fina e fria
Desperta em mim um desejo de te beijar
Teus lábios úmidos carnudos e vermelhos
Sinto que sou correspondido
Em êxtase procuro me controlar
Mas continuo freneticamente a te acariciar
Teu corpo treme. Eu me arrepio
Vejo teu semblante sob a luz do luar
Teus olhos negros em contraste com azul das estrelas a brilhar
Implorando para continuar
Beijos, beijos e beijos.
Cubro teu corpo com o meu
Como um manto a proteger-te da chuva fria
Deixando teus cabelos ao vento a se molhar.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Os Seios de Afrodite - JACKMICHEL

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Ao Outubro Rosa

Outubro, agora és cor-de-rosa!
Dás um toque pela vida...
Mulher, és rosa formosa
Na estação mais querida!

Afrodite apalpou seus seios,
Além do câncer zodiacal!
Deusa-mãe sem receios,
Guardiã de todo o mal!

Toque-se!
Descubra-se!
Explore-se!

A vida te agradece.
E te cobre de benesse.

EM - JACKMICHEL - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

Com você - DAGMAR SANTANA DE JESUS

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Em teus braços
os medos
são assombrados, emudecem,
Descansam e desaparecem.
Os pesadelos
Ganham um novo amanhecer,
Transbordam luz, adormecem.
Em teus braços
A pele pulsa e aprisiona a razão,
Grita teu nome,
silencia os pensamentos
e explode em chamas,
Como se não houvesse o amanhã.

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Nesta canção entrei - IRENE MATIAS

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No embalar do desejo
Que fere a alma
Mas que se saboreia
Como uma fatia de queijo
Tal como nos lábios...
... O beijo!

No embalar do desejo
Na sensação deixada
Na coluna vertebral
Fica o gosto pecaminoso
Do seu eu animal...
... Gostoso!

No embalar do desejo
Sem entrega
A alma aflita sossega
Permanece dentro de si
Não foge... não esquece
Relembra com saudade
... Tudo o que...
Acontece!

No embalar do desejo
Bem real
Seguramos na caneta
Procuramos afinal
Mostrar os sentimentos
Mostrar o principal
A escrita por nós...
... Vivida!

EM - AMANHECEU... RENASCEU! - IRENE MATIAS - IN-FINITA

O espelho - JANAYNA RICOLY

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Busco ver-me,
Quero enxergar o meu eu!
Para reconhecer-me
alcançar meu apogeu.

A imagem que eu vejo,
Me faz refletir...
Se é essa que desejo,
Ou me faz desistir...

O meu “eu” refletido,
De frente para mim.
Sem deixar passar batida,
Essa dúvida sem fim.

Reflexão é reflexo,
Os dois, frente à frente!
Parece ser algo complexo,
Mas nunca latente.

Existem duas faces,
só uma é real.
Pergunto: qual delas é a base?
A que levanta o meu astral

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Uma mãe - CLAUDIA FILIPPO

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Solo.
De duas filhas.
Labuta árdua.
Dia a dia corrido.
Escola, trabalho,
Dedicação.
Três mulheres unidas:
Sobreviver.
Viver, ficou pra mais tarde.
Essa mãe então
Foi criando suas filhas, do jeito mais bonito que sabia...
Sofria.
Doía.
Mas seguiu.
Filhas crescidas...
O tempo passou.
E ela fez esse quadro
Em nome da união
Que as fortaleceu.
Uma família.
Uma vida vivida...
Agora.

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

As Tintas de Deus - ZENÓBIA MELO

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Vi passar uma borboleta.
Nunca vi coisa tão bela!
Pousou naquela janela.
Pintada de cor violeta.
Tentei pegar a borboleta
Que voou e pousou numa rosa.
Que borboleta formosa!
Feita com tanta beleza.
Deus pintou a natureza
Com cores maravilhosas.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Reportando Aída Curi - JACKMICHEL

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Aída Curi?
Disse a manicure.
Vinha sempre aqui ao salão,
Era uma rosa em botão!
Cuidava das unhas,
Temos testemunhas....
Embelezava os cabelos,
Como fazem as Consuelos
Daqui de Copacabana,
Todo o final de semana.
Gostava de caminhar pela praia,
Olhar a onda que desmaia...
Sentindo o calor do sol,
Na vermelhidão do arrebol,
Por entre a rajada do vento,
De cada momento!
Adorava Samba-canção,
Que cantava com emoção...
Quando era Carnaval,
Ia pular no Municipal...
Sua medida era a alegria,
Quer fosse noite, quer fosse dia.
Rapazes, ela amava todos,
Sem achar que fossem lobos!
Vivia sorrindo para a vida,
Talvez por isso fosse tão querida!
Tudo foi assim,
Até o fim...

Quando meu olhar afoito
Leu o jornal de 14 de julho de 1958:
Jovem é atirada do 12° andar:
Será que queria voar?
Dum edifício na Av. Atlântica,
Uma cena não muito romântica!
Houve tortura com luta intensa,
Que falta de presença!
Os acusados são três deliquentes:
Serão novatos ou reincidentes?
Eis um crime de atentado ao pudor
Que horror!
Ao terminar de ler, chorei
E em voz alta falei:
Aída Jacob Curi,
Se é possível perdure
Ou descanse em paz,
Anjo fugaz!...

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Hoje - CECÍLIA PESTANA

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Deitei os olhos ao mar
E quase os fiz chorar,
Lembranças tão minhas,
Nossos corações a levitar.

Não deixes meus olhos chorar
Carregados de amor e saudade,
Deixo-me levar devagarinho
Nas penas desse amor, com idade.

Estás para além do meu ser
Exaltação do meu querer
Vislumbro-te em minhas mãos,
Almas crentes, doce prazer.

Sonhos meus... desde menina,
Ser feliz, sempre amada,
És amor, minha amargura,
Nunca deixei de lutar.

Em mim, estás aqui e agora,
Hoje... deitei os olhos ao mar
Sempre atenta, olhos nos olhos,
Espreitei... dei comigo a chorar!

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Tempos em constantes - VITÓRIA BARRETO SANTOS

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O ar quente nas narinas
às vezes me deixa sem ar
em meio às caatingas
sou forçado a trabalhar.
e mesmo em alguns dias
sem força começo a chorar
ele vem com história a dizer
mesmo com dor não pode parar.
Não consigo nada fazer
mesmo em minha enchente
só queria parar por um segundo
entender o meu consciente.
As vezes amanheço, observando,
os pássaros nas poças se banhando
eles vem alegre e cantando
com seu canto contagiando.
Ao seu belo som me encanto
e as vezes sem perceber
me pego no eterno pranto
com água do mar me banhando.
É só mais um dia de trabalho
cada gota de suor vale a pena
mesmo as vezes sendo falho
vou continuar crescendo.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Contradições - ISABETE FAGUNDES ALMEIDA

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Não quero beber esse copo de Cicuta!
Quero quebrar essas correntes que me prendem
Sem corromper minha essência e conduta.
Forjada a partir de situações que me transcendem.

Não quero ser um Pseudo propedeuta filosofando,
Construindo hermenêuticas vazias.
Tentando mudar um mundo carregado de contradições.
Acreditando estar em processos de filogenias.

Sirva-me uma taça de Seratonina,
pois quero embriagar-me e assim justificar meus atos de alegria
cristalina.

Não quero ser condenado à morte!
Quero ter a sorte de viver questionando os mistérios da vida
Mesmo sabendo ser o mundo
Tomado de almas perdidas.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Adrenalina Musical - Mª LEONOR COSTA (NONÔ)

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Vives ao som da música
Ela acompanha-te para todo o lugar
O género mudas consoante o estado de espírito
O seu tom não te consegue cansar.

Ouves as melodias que escolhes
Elas te conseguem animar
Aumentas e baixas o volume
Fazendo o teu coração bombar.

A canção pode ser calma
Ou para alguns soar a barulho
Adoro ouvir música
Isso afirmo com muito orgulho.

Com auscultadores nos ouvidos
E muita alegria matinal
Usufruo com alegria
De adrenalina musical

EM - Mª LEONOR COSTA (NONÔ) - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Somos oásis e desertos - VERA SILVA

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Somos OÁSIS...
De águas claras, cristalinas
Calmaria e PAZ!
Somos OÁSIS...
Horizonte azul, leveza
Centramento, mente zen
Luz, harmonia, FLOW!

Somos DESERTOS...
Medo, inquietude, incerteza
E por vezes sem norte, sem rumo
A mente descarrilha
Sai do trilho, vagueia
Se dispersa, devaneia
Perde a direção

Mas, outra vez centramento
E cantantes, vibrantes
Ou introspectivos, quietos
Insistentes, perseveramos na fé
Crentes no amor, apesar da dor
No amanhã, apesar da imprevisibilidade
Em nós mesmos, apesar da vulnerabilidade
Nos enchemos de esperança
E confiantes no SER SUPREMO
E no seu amor que nutre o nosso viver
Seguimos firmes a espera de um povir positivo
Renascimento, florescimento e muita LUZ!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Ávidos silêncios - ISABEL BASTOS NUNES

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Ávidos silêncios
Transgridem
Em nome da paixão.

Um corpo que dói
Uma ternura gasta
Um gesto transparente
Transforma a crisálida mulher
Num banquete divino
Servido no fogo virginal
De um abandono íntimo.

Lento território da carne
Amaciado por brandas carícias
Promessas de um infinito desconhecido
Beijos loucos
Pura fantasia.

Corpo ondeante de mulher
Noite parda
Lascívia rubra
Silêncios ávidos
Em nome da paixão.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Celestial - CARLA PIMENTA

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Cristalinos sons ecoam
Olhar doce e compassivo
Protetores braços
M’embalam
Me protegem

Sob brancas asas
Me recolho
Em adocicados aromas me perfumo

Ternos serão os seus beijos
Nos meus lábios depositados
Candura nos desejos
Que os sonhos são para ser sonhados!

E se Deus asas não me der
Não deixarei que o sonho de voar se desvaneça
Quando o anjo meu até mim vier
Pedir-lhe- ei que em mim permaneça

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Dias de sol e chuva - RITA QUEIROZ

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A flor da minha pele é rubra
Minhas memórias desaguam no mar
Nos dias de chuva!
Pinto coloridos véus na tessitura do poema
Sou completamente lua!
Amadureço à noite
Caçando estrelas pelas frias ruas!
Na escrita do destino
Derramei versos e lírios e sonhos!
Nas asas de Ícaro,
Banhei-me de sol e chuva!

EM - RITA QUEIROZ - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

domingo, 17 de outubro de 2021

Tu és desassossego - VÂNIA PONTES

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Nos teus olhos sem fronteiras
Escrevo letras do oceano interior,
De um amor e de um desassossego
Que me leva às marés mais vivas.
O sal das letras e do desassossego
Cá faz-me abrir os mares do amor.
Na nau da maresia, o vento toca
Tu és o vendaval desse alto mar,
E na poética do teu sorriso largo,
Velejo na inspiração mais intensa,
Um afeto que ama tudo em você.
E o sol se confunde entre olhares,
Olho para o céu e o sol reflete você.
Para navegar nesse brilho do amor
Toco no coração e fecho os olhos,
Ao abrir a vista vejo em você o farol,
De tudo que nunca tinha visto antes,
Parece que o vento me levou até você,
No sopro do amor aprendi a versejar
Uma espécie de mar infinito de afetos,
E cada dia vem uma inspiração sem fim,
Com licença poético navego em você.
Tudo em você é meu desassossego,
E sigo uma nova rota no meio do mar,
Pelo meu revesso entrego mais amor
Em suas mãos que deixa escorrer
Por oceanos nunca antes navegados,
E de repente vem um sorriso leve,
O mar sossega para virar oceano.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Em lágrimas - IRENE MATIAS

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No intrínseco das palavras, que feriam o coração
Havia amor e muita magoa, por aquela ocasião,
O seu íntimo chorava, num apelo à triste solidão,
Deixa-me em paz, pois preciso muito da tua mão!

Era um rosto enrugado, pelos muitos anos curtido,
Sentia-se maltratado por todos e pela vida preterido,
Assim, sem julgamento, num enorme desespero,
Vivia a vida loucamente, mas em pleno desterro!

Escondido de si e daquela realidade semi-obtusa,
Sonhava pelo seu retorno, mas sem ser castigado,
Por ter abandonado a mulher, que o tinha amado!

Saiu de si infeliz, encostado a toda a sua maldade,
Perseguido pelas vis recordações daquele passado,
Em lágrimas, jogou fora o seu retrato, desgostoso!

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Silhuetas - BIAMARIA

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São silhuetas
Cheias de magia
São marionetas animadas
As vezes deixam cair as pétalas
Como rosas desfolhadas
Parecem silhuetas
Mas são poetas
E falam com nostalgia.

Abrem as portas do coração
Como as da casa onde vivem
Eu gosto de as ouvir e às vezes
Não percebo o que dizem.

Falam de coisas estranhas
De sentimentos que sentem
Não sei se mentem?
Mas sei que têm medo da morte
E conhecem um amor muito forte.

Falam de dor e paixão
Os versos rimam
Sempre
Com amor e coração.

Gritam e choram os seus amores
Vejo-lhe os olhos tristes
De onde caem lágrimas doridas
Tão transparentes que lhes posso ver
Todas as feridas.

Notam-se feridas mal curadas
Como as do amor
Tão difíceis de curar
Mas logo animam
E voltam a compor
Com a mesma dor
O verbo amar.

Brilham como as estrelas
Chegam a tocar o infinito
Choram como uma criança
E falam de um amor
Que ninguém conhece
Mas que parece... ser o mais bonito.

Fico encantada a ouvi-las
Pela manhã, pela tarde ou seja
A que horas for
E, agora até já eu
Aprendi com elas a falar de amor.

Quero compreender
O sofrer desta gente
Estas silhuetas são a sombra
Dos poetas
Que estão aqui
Na minha frente

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA