Sou Casa - GILTÂNIA NERY

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Há muito já havia o desejo de Ser

Eu?

Ainda imatura, imprudente.

Eis que uma manhã de domingo

Tudo se fez novo

Começou a se desenhar um projeto

Que já tinha sido escrito para mim.

Uma conversa, risos

Em meios ao bosque.

As peças foram se encaixando.

As mãos se cruzaram

Olhares e anseios.

Vivências.

A semente foi lançada

Uma Consagrada veio fazer morada em mim.

Uma vastidão de sensações.

Tornei-me um canteiro de obras.

O raiar dessa casa a ser inaugurada

Está as portas.

Venha minha Consagrada.

Vem tornar mais Bela a vida bela.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Setembro novamente - GILSA DA ROCHA MAGRI

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Now

não brotar

não rimar

nem versos

nem flores

Primaverar não dá

não murchar

não morrer

já basta.

Quereria florir seu mundo de amor...

perfeito!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

As Festas e o Palhaço - LUÍSA GALVÃO

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P'ra dar um pouco de alegria

eu vesti-me de palhaço

alegrar quem está triste

é sempre assim que faço

Animei muitas crianças

dei alegria, dei vida

fiz dar muitas gargalhadas

eu de palhaço vestida.

Eram amigos, crianças

eram pais e avós

Eram balões pelo ar

e aplausos a nós.

Era lanchinho, flores

as crianças adoravam

palmas que davam calor

e os risos ajudavam.

Mas aquilo que marcou.

nunca mais esqueço na vida

a alegria que dei

eu de Palhaço vestida.

EM - MEMÓRIAS DE UM ROUXINOL - LUÍSA GALVÃO - VENTOS SÁBIOS/RUTH COLLAÇO/IN-FINITA

Tons de vitória - ELIZABETE DENTE

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Campos floridos, amores coloridos, chilreios no ar

Alecrim aos molhos, sorrisos nos olhos, canções de embalar

Moinhos de vento perdidos no tempo

Pombas brancas a voar

Despem-se amantes, no marfolho macio, plenos de amor

Trocam-se beijos, fogazes gemidos, juras e paixão em cada coração

Carregam no corpo o peso louco de um sentir proibido

Amor destemido

Quisesse a vida cruel e ferida ver a esperança

Dançar de soslaio embebecida como uma criança

Buscar incentivos, pungentes amigos, olhares coniventes

Esquecer martírios, solfejar delírios em arte festiva

Nos tons de vitória, numa bandeira ao alto erguida

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Ode à escrita - ROSA MORENA

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Naquela hora

Sobre a alvura do papel

A língua-palavra foi toda umidade

Atravessou limites

Encharcou-me!

EM - NA FUNDURA DA PELE - ROSA MORENA - IN-FINITA

Deixa-me mimar-te - NICOLETA PECELI

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Tu sabes, melhor que ninguém, que esta carga de timidez

me provoca,

Mas continuas a devorar-me com o teu olhar,

num atrevimento arrependido.

Hum… requintadas sensações esperam pela fragilidade

dos teus gemidos.

– Mantém-me perto - disse, provocadoramente.

Numa languidez carnal, os lábios sedentos denunciam

a luxúria dos pecados veniais.

Sei amar-te, coração, sei antecipar a tua vontade,

E nesse desejo de gozo, vou guardar a marca

dos meus beijos,

Deliciar-me com a fantasia dos teus segredos.

Vem e deixa-me mimar-te, o meu nome é pura provocação.

Sinto o frenesim a inundar-te a mente,

Sinto o quanto esperas pelo meu toque na tua pele.

O meu amor é inocente e leva-te aos céus.

Deixa-me mimar-te, a sensualidade será apenas um teste

alucinante.

EM - (E)TERNA SENSUALIDADE - NICOLETA PECELI - IN-FINITA

Tardes - DEBORA PIO

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O cheiro do mar

das férias da infância

Vejo as minhas mãos pequenas

a tentarem abarcar o mundo

que era espuma

a espumas das ondas, que ia e vinha

avançava e recuava

o castelo de areia

o mormaço

Aquele calor preguiçoso

Vontade de dormir

Embalada pelo som daquele quebrar das ondas

Oceano aberto

A brisa noturna

A aumentar o arrepio

Da febrícola provocada pelo excesso de sol

De sal

Os olhos quase cerrados

Fata Morgana

A ilha que não havia

A areia que levitava

A infância que se foi

Com o amanhecer.

A menina que já não era

Que já não sou

Mas as mãos, pequenas

Ainda querem abarcar o mundo

Um mundo de areia

Que se esvai

Que se esvai.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Ai! - RUTH COLLAÇO

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Ai!

Queres ver que caio?!

Espanto! Cega! Dor!

...

Braço, couto, dor...!

Medo... Grito! Dor!

Morde! Aguenta…

"Pai nosso que estás no céu…"

Dor! Ambulância! Deus!

Mão! Mão?…Não!

Medo!

Dor.

Vergonha.

Espera.

Vazio….

EM - PÉ DE CARVÃO E POEMAS NA PALMA DA MÃO - RUTH COLLAÇO - VENTOS SÁBIOS/RUTH COLLAÇO/IN-FINITA

Vou o lixo separar - CARLA SANTOS

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Vou o lixo separar

Cada coisa a seu lado.

Os sacos vou preparar

E brincar um bocado.

O que coloco no amarelo?

Plástico pois então.

E se for um chinelo,

Vai para o vidrão?

Claro que não!!!

Para esse vai o vidro,

Garrafa e o garrafão.

Coloco o papel no azul

E também o papelão.

Que fica todo contente

Não deito lixo no chão

E protejo o ambiente.

EM - TROLARÓ - CARLA SANTOS - IN-FINITA

Epitáfio - DAVID MARQUES

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Não queria, mas veio ao mundo num dia frio,

O vento uivava como lobo esfaimado na serra,

Pelo rosto desceram lágrimas como um rio

Em dia de tempestade e a chuva banha a terra.

Cresceu, estudou, a contragosto foi militar,

Namorou sem saber o que o acto consistia,

Começou de noite numa praia à beira-mar

Mas depressa, o pálido luar se tornou dia.

Constituiu família, labutou, foi gente de bem,

A árvore criou raízes, floresceu e deu fruto

Num dia de abril, suou, tremeu como ninguém

Ignorando, como o destino lhe iria ser bruto.

Decorreram anos e num outro dia qualquer,

Seu ninho e sua família se desmoronou,

Perdeu seu sonho, rumo, filho e até mulher

Que, fazendo juras d’amor o atraiçoou.

Sofreu feito Cristo pregado em sua cruz,

Com as mãos e olhos elevados às alturas,

Ergueu a cabeça, seguiu em frente, fez jus...

Escreveu e lançou singelas rimas ao ar

Sem saber se o vento as quereria levar...

Renasceu, amou e aqui finaram suas agruras.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Cais - CONCEIÇÃO FERREIRA

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Há dias em que padeço

Porque me deixo levar

Pelas ondas de um oceano

Que se enrola no peito.

Baloiço no azul do tédio,

Sempre no mesmo lugar…

Há dias em que esmoreço

Cansada deste compasso,

Desta vida emoldurada

Entre um mar e um cais,

Onde procuro remédio

E o remédio… é tornar!

EM - OLHAR A ESCRITA - CONCEIÇÃO FERREIRA - IN-FINITA

Multidão - DANIEL BRAGA

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Passadas sem fim. Mecânicas. Sem alma. Um silêncio incomodativo. 

Um barulho ensurdecedor do movimento na calçada.

Robôs em forma de gente.

Multidão

Gente que nem tu

E eu

Movimento

Sofreguidão

Este, aquele e outro mais

Confusão

Sons que se misturam

Odores transpirados

Transfiguração

Olhares sem expressão

Andares acelerados

Ausência de calor humano

Sem alegria nem sentimento

Todos e ninguém

Mundo parado

O ruído das coisas

O barulho do supérfluo

Silêncios incomodados

A pressa do nada

Robôs apressados

Caminhada ritmada

Sem amanhã

Como se o fim

estivesse iminente

Multidão?

Apenas o vazio...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Olhar que invade - CELSO CORDEIRO

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A fogosidade de um beijo

começa num olhar que invade…

… e na permuta desse olhar

em absoluta reciprocidade

o calor apossa-se dos corpos

ainda em mera proximidade

em sentires antecipados….

… é ainda no pensamento

que dois corpos iniciam

sua dança e contradança

em volúpia não ensaiada

antes que lábios se colem

e que as mãos apoderem,

e os corpos sejam um só

num desejo incontrolado.

EM - CADERNOS DE ENSAIOS EM VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

Do ermo - CLÁUDIA GONÇALVES

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__ há um vazio na história

um vazio no bolso

um vazio no ensino

um vazio no andar

__ há um vazio no ouvir

um vazio no olhar

um vazio no peito

um vazio no falar

__ há um vazio no sentir

um vazio no encontro

um vazio no abraço

um vazio no deitar

[há um vazio no amor]

o vazio está cheio

começo

fim

e

meio

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

A Luz que vem do espaço - LUÍSA GALVÃO

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Quando os caminhos estão escuros

aqueles que vou pisando

não desanimo do alto vem a luz

Me alumiando.

Quando passa nuvem escura

Que me tapa a luz do espaço

Paro, escuto, aguardo, sem luz

Não dou nem um passo.

Ai, falta-me a luz dos teus olhos

Que iluminam os meus

Não consigo caminhar, sem a luz

Dos olhos teus.

Falta-me a luz do dia, agora a dos

Olhos teus, espero que seja dia

Para ver bem com os meus.

EM - MEMÓRIAS DE UM ROUXINOL - LUÍSA GALVÃO - VENTOS SÁBIOS/RUTH COLLAÇO/IN-FINITA

Levantar o espírito - CIGANA RO

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Olho ao redor e não me reconheço

Revejo o caminho percorrido a procura de respostas

que levem a minha verdadeira existência.

Percebo que fechei os olhos aceitando o inaceitável

Calando meu grito de dor em nome de uma evolução fictícia.

Deixei-me sufocar pela tormenta de conceitos e regras

Que eu mesmo impus tentando organizar emoções e pensamentos

Hoje, sinto me aprisionado em uma vida que não me pertence.

Em uma busca insana de remissão para pecados que não cometi

Lutando diariamente batalhas resultantes de escolhas que não fiz

Percebo-me sendo a imagem presa no reflexo do espelho...

Seguindo as leis do desapego numa tentativa desesperada de me encontrar

De libertar o espírito que outrora sonhava com música, cores e vida.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Distância - ROSA MORENA

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A saudade é a memória da pele

Nau que sangra o peito

Sol a pino que sufoca as entranhas

Desejo sem corpo, dança sem par

Horizonte sem destino

Andarilho nas águas do mar.

EM - NA FUNDURA DA PELE - ROSA MORENA - IN-FINITA

A sensualidade é a minha forma de te encontrar - NICOLETA PECELI

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Nasci de um poema, numa noite de lua cheia,

Quando o destino escrevia um novo capítulo: Sensualidade.

Mal eu sabia que, nas minhas entrelinhas,

conheceria a tua vontade.

Advinhas as minhas reticências e eu transformo

os teus sonhos em arte.

Da água da minha fonte saciarei a loucura dos teus vícios.

Prova! Neste meu suave sentir, entre olhares e carícias,

o teu corpo junta-se a mim.

A minha maneira de amar despe a caligrafia e,

na inquietude das letras,

Tornas-te escravo dos meus sentidos.

O teu despertar, a tua maldição na horizontal.

E nessa frágil tortura, que te sacia, a minha leitura

será a agonia que mais te agrade.

A sensualidade é a minha forma de te encontrar.

EM - (E)TERNA SENSUALIDADE - NICOLETA PECELI - IN-FINITA

Ouso sonhar - CELSO CORDEIRO

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Ouso provar os teus lábios,

são pura acendalha em brasa

tom escarlate que incendeia,

como se clamassem por mim.

Ouso desembrulhar-te,

com a delicadeza de quem despe

em ritual de sensualidade e paixão

antes de te poder degustar.

Qual guloseima apetecível,

qual pedaço de mau caminho

de tão irresistível tentação.

Afinal apenas ouso sonhar...

Deixa que te desembrulhe

e possa saborear...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

(Sem título) - RUTH COLLAÇO

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Se de dia eu te vejo

é de noite que te quero.

Se na luz eu não te tenho

é no escuro que te invento.

EM - PÉ DE CARVÃO E POEMAS NA PALMA DA MÃO - RUTH COLLAÇO - VENTOS SÁBIOS/RUTH COLLAÇO/IN-FINITA

Um peixinho chamado Pitó - CARLA SANTOS

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Um peixinho chamado Pitó

Uma gata chamada Riscas

Uma tia que é trolaró...

E um carro sem piscas.

Uma bicicleta maluca

Um baloiço vaidoso...

Uma avó que é chalupa

E um pum malcheiroso.

Tenho uma família engraçada

Que nada tem de normal...

Apenas sei que sou amada

De forma especial.

EM - TROLARÓ - CARLA SANTOS - IN-FINITA

Poetas e poetisas - CARMEN LÚCIA DE QUEIROZ PIRES

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Todos nós somos poetas

O que nos diferencia um do outro

É que um escreve o que sente,

Enquanto o outro apenas sente

Tem uns que sentem mais

Outros que sentem menos

Tem àqueles que contemplam

Outros que vivem as diferenças

Escrever é fácil

Difícil é ser persistente

Transformar letras em palavras

E palavras em poemas

É saber distinguir

A inspiração da emoção

Ela às vezes nos engana

Vai além do sentimento

Vem num verso, numa prosa

Se na hora você não rima

Acaba perdendo o poema

Numa noite, no seu sono

Ele passa a ser um sonho

Esquecido nos pensamentos

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Meditação - CONCEIÇÃO FERREIRA

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Dissipo-me a meditar

Neste silêncio tão meu…

Se à vida me trouxe para amar

No quietismo do meu olhar,

Nunca aprenderei a falar

De algum sentimento meu!

De tantos a que me entrego

De tantos a que dou valor,

Nenhum me trará som à voz

Que ao meu olhar se vendeu!

EM - OLHAR A ESCRITA - CONCEIÇÃO FERREIRA - IN-FINITA

Sorriso - CARLA FERNANDES

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Passam os anos.

Algo adormece

Ou talvez não...

Afinal permanece!

Basta um toque, um sorriso

Ou quiçá um olhar

E de novo acontece.

Hoje como se fosse ontem!

Foram muitos anos.

Tempo de vidas,

Período suspenso.

Memórias do que ainda penso!

Feliz de as ter,

De viver o antes e o agora/já!

O amanhã virá.

Grata por conseguir

Atingir esse patamar

E conseguir adorar!

Sem arrependimentos!

Apenas o simples pensamento

Me traz um sorriso a jeito

E nos lábios um trejeito.

Nos meus e nos teus

Igual a outros (talvez!)

Um olhar que é nosso

E que eternizo porque posso!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

O sono tarda, e eu sonho - CELSO CORDEIRO

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Perdido no tempo e no pensamento

o sono tarda em chegar…

agueio, saltitando pelas nuvens

num misto de abandono e tranquilidade,

de sonho acordado e inquietude liberada

sem pensar no tempo ou no espaço

e tão pouco na realidade envolvente…

Em pensamento prolongo momentos

desse sonho impossível vivenciado

e desfrutado com sofreguidão…

Bem… interiormente…

alimento-me da ilusão e ouso

continuar o sonho sem querer voltar a acordar!

EM - CADERNOS DE ENSAIOS EM VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

Partir para chegar - CARLA FÉLIX

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Vejo partir

Como chegasses a mim

Recortando o mar

Em linhas de saudade

Cosidas pelos fios da maré

Vejo partir

Como quem já olhou o horizonte

Esperando o regresso

Ansiando o abraço

E o beijo repetido

Vejo partir

Para olhar a chegada

Carregada de aventuras

E nosso alimento

Nas panas pintadas de cinza

Vejo partir

Sei que já não voltas...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Pudera eu - CARLA DE SÀ MORAIS

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Pudera eu

tão somente

entregar-me

ao devaneio

sem freio

manipular este meu ser

derrotado e falível

galopar

no dorso do vento veloz

transportar-me para outras eras

planar nas asas dum albatroz

olhar o mar

e mergulhar

nas correntes efémeras

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Parecia algodão doce - LUÍSA GALVÃO

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Subi, subi muito alto

Como se ave eu fosse, era um branco

Muito branco, parecia algodão doce.

Deixei-me levar p'lo vento, mas voei

Alto demais, era sonho ou real?

Só posso ter eu sonhado.

Quem voa são os pardais

Alto andou meu pensamento,

Acordei meio ensonada batia

Na Janela o vento, parecia endiabrado

Fazia saltar as telhas, que havia no

Telhado.

Mas fosse lá o que fosse, animava-me

O que via, o céu estava branquinho

Parecia algodão doce.

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Promessa - ROSA MORENA

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Amanhã, talvez

Não sei

Possamos outra vez

Começar o que se fez

Beijos, abraços, colapsos

E o sangue a pular da artéria.

EM - NA FUNDURA DA PELE - ROSA MORENA - IN-FINITA

Vim te ver - BIAMARIA

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Tinha saudades tuas

Há quanto tempo? Não te vi

Aumentou a vontade de estar contigo

E é por isso que estou aqui.

Não é dia de Natal, Páscoa ou Carnaval

É um dia especial, e um dia só para ti

Olhei para o tempo que passou, tudo mudou

Mas não, nunca te esqueci.

Não me lembrava, nem encontrei,

A tua morada escrita em nenhum papel

Mas lembrei-me da tua casa

Pintadinha de amarelo, em tons de mel

Lembrei-me da tua cidade

E tive ainda mais saudades

Corri para te ver, quero partilhar contigo

O que não posso escrever.

Se quiseres chorar, chora, mas chora agora

Quando a tua lágrima cair

Posso a limpar, e não precisas de falar

Para eu te ouvir.

Quero sentir o teu coração

No seu silêncio, mais profundo

E se soluçar, pode mesmo saltar

Que eu vou contigo, até ao fim do mundo.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

O que seria da Sensualidade se o olhar não vestisse a sua ternura? - NICOLETA PECELI

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Sou a traição dos desejos que afloram as vontades de viver

e de sentir.

Sou a emoção que guarda a luxúria dos teus pensamentos,

no exalar das minhas palavras.

Sou o vício que alimenta as fantasias dos teus pecados,

a entrega arrependida de um primeiro gemido.

Sou o que tu precisas para te conheceres, sou um pedaço

de ti e escuto-te nas húmidas metáforas que conquistam

o teu ser.

Atreve-te e vem acompanhar-me. A viagem é a loucura

dos meus desvarios e nela deixarei o êxtase da (E)Terna

Sensualidade.

EM - (E)TERNA SENSUALIDADE - NICOLETA PECELI - IN-FINITA

Alma terra - RUTH COLLAÇO

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Tu, que de alma elevada

Dobras as costas ao sol

Que viras o peito para o solo

E lá depositas o tempo.

Tu que com gotas espessas de suor

Fertilizas o chão que pisas

Fazendo dele brotar

Flores, sementes e frutos

Tu... Que de ti dás em silêncio

E cultuas o respeito à Mãe

E com paciência devota

Aguardas o seu retorno

Sereno, confiante e calado

Que de baixo de sol

Preparas futuros

Para gentes que vêm

Em luas futuras!

Safras a terra, certeza profunda

Que os frutos virão

Em tempo oportuno.

À terra te dás

A terra te aceita

Bendito o teu esforço

A cada colheita.

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Quem é suposto - ARNALDO TEIXEIRA SANTOS

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Quem é suposto te entender, fará

não me calarei perante mentira

por que negativo me fará ira

quem é suposto te ouvir ouvirá.

Nem todos os ouvidos te ouvirão

por que há gente que só gosta do mal

da Liberdade não gostam afinal

mas apenas adoram exploração!

Nem todos corações se interessam

em compreender toda a verdade

até a detestam e a atacam

assim a Liberdade não mereçam

só querem ganância e vaidade

e aos outros somente os maltratam!

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Parei na banca dos gelados - CARLA SANTOS

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Parei na banca dos gelados

Tão saborosos que são

Meus olhos regalados

Ficam quase em turbilhão.

Que cores tão deliciosas

Têm aqueles ali em cima...

E para as meninas gulosas

Aquele azedo sabe a lima.

Ui que enorme careta

Que faço se o comer...

Vou tocar a trompeta

Para um sundae me aparecer.

De morango ou caramelo

De chocolate ou baunilha...

O certo é que vou comê-lo

E vai ser uma maravilha.

EM - TROLARÓ - CARLA SANTOS - IN-FINITA