quarta-feira, 31 de março de 2021

Quarto - LIÈGE DE MELO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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A casa está vazia de vozes, passos...

Olho em volta -
                       portas, janelas, objetos e
minha fiel cadela me fazem companhia.

No quarto -
poltrona e cama se dispõem à apaziguar
espirros, humores, silêncios, cochilos
da gripada senhora que me habita.

Há dias que -
com regular frequência, buscamos energias
sem mágoas, protestos, arrelias.

Por vezes -
tomada por renovada emoção as ignoro,
concentrando-me em livros ou filmes.

Mesmo assim -
me afagam, consolam, velam inertes ou
inquietos sonos

Viagens ao cerne de ilusórias realidades -
pessoas, lugares... vidas, revisitas
                       costumeiras peculiaridades...

De cara lavada, vestida em meio sorriso -
aprecio esta ilusória paz espalhada
pelo quarto onde soberana reino

metade pedra, metade pássaro

Imaginando que
lá fora - além das miúdas mazelas de ninhos
há sol, movimento, beleza
aquarelas de rios, folhas, borboletas

iluminando anuviadas correntezas.

EM - ROTAS POÉTICAS - LIÈGE DE MELO - IN-FINITA

O drinque - HUMBERTO CELLUS

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Recordo aquele drinque
Que por acaso tomamos
E mesmo com aquela música
No teu compasso, dançamos
Entre penumbras das luzes
O teu olhar me olhava
Então que eu percebi
Senti que me apaixonava
Pôs o seu corpo no meu
Me fez “morrer” de paixão
Com o seu perfume gostoso
No toque do seu coração
E antes do fim da canção
Sozinho e abandonado
Pois ela se foi de mansinho
Que drinque mais desgraçado.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

terça-feira, 30 de março de 2021

Paz do meu amor - ITANIRA SOARES

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Amo você nos braços da paz
Que levemente me refaz
Amo você nas asas do colibri
Que de amor vem me cobrir
Gotas de orvalho,
Pingos de amor,
Banho de amor perfeito
Mel de rainha abelha
Que me lambe o corpo
E de prazer em mim se espelha
No vento que passa lento
E beija meu olho
E acorda a minha pálpebra
Até que se abra
De luz, de prata, de sol,
Que sacode o meu lençol
E rouba-me os sonhos que na noite me deixou a sós.

EM - INEXPLICÁVEIS POEMAS - ITANIRA SOARES - IN-FINITA

Inefável - HENRIQUE VIEIRA

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Tu, de beleza divina que agora
habitas entre os mortais.

Tu, que poderias ser eternizada
em quadros, livros ou vitrais.

Tu, que congregas olhares, desejos
e despertas curiosidades tais.

Tu, que te assentas em colinas,
altares ou pedestais.

Ser de raridade tão distinta
e de natureza indizível e inominável.

Não há símbolo, palavra ou gesto
que te defina. És inefável.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 29 de março de 2021

Ofertório - HENRIQUE VIEIRA

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Toma de mim a parte que lhe cabe.
Se o todo ou nada não faço distinção.

Arranca de mim a maldita ansiedade,
este tormento silencioso que aperta o coração.

Dá-me de volta a sobriedade de outrora
e a força de um batalhão.

Que não ouse minha boca pronunciar uma
só palavra, nenhuma sequer em vão.

Me toma por inteiro, corpo e sangue.
Me utiliza como humilde serviçal.

Derrama sobre mim suas águas,
puras e claras, manancial.

Dita para mim o que quer que eu escreva
e sem demora faço conforme a petição.

Fazei-o com a brandura daqueles insólitos
dias, como prece, oração.

Reparte cada parte do todo que me deu,
dando graças e louvores.

E que sejam oferecidas e tomadas em
comunhão por cada um dos fiéis leitores.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

domingo, 28 de março de 2021

Fortaleza - JULLIE VEIGA

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busco força
no passado
nas antepassadas
exalto as minhas
as que lutaram antes
para que eu estivesse aqui
para seguir o caminho

essa é a força que invade
corpo físico, alma, espírito
e encoraja

EM - ELAS E AS LETRAS (INSUBMISSÃO ANCESTRAL) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Re-trato - HÉLIO SENA

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o rosto
assim
os olhos
assim
os lábios
as mãos
o coração
a mudança
as-SIM

espelho
espelho
meu
o senhor
perdeu

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sábado, 27 de março de 2021

Algemas queimam a minha pele - ROSA MORENA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Algemas queimam a minha pele.
Mudo caminho
Sou atraída por espaço e céu azul
Combino com borboletas e instantes
Deixo-me invadir por deLírios
Mesmo nas segundas-feiras
Toda paixão me comove
Olhares são mais poéticos que palavras.

EM - LATITUDES DE INTIMIDADE - ROSA MORENA - IN-FINITA

 

Des-arranjo - HÉLIO SENA

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algumas
notas
de
cem
doendo
insistente
men
te-te
em
seus
tímmm
panos
i
na
dim
plen

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 26 de março de 2021

Gratidão - LIÈGE DE MELO

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Agradeço por
ir me buscar: nos penhascos do medo,
abismos de ansiedade, crateras da dor.

Ao meu lado permanecer,
nos dias de opacidade e neblina,
        onde até a harmonia chora -
ouvindo o que desafina.

Me resgatar, e contido, ainda falar
que possuo graça e beleza,
                sou sua musa e fortaleza.

Justo eu; às vezes tão estrangeira de mim,
em busca de um norte, por sorte, ou
da graça de um querubim.

Assim, por a vida, está assim;
desejo absorver sua esperança –
cabeça homem, alma criança
que encara tristeza com passos de dança.

Seguir enamorada,
trilhos, fascínios, atalhos de sua estrada.
Continuar nossa história
                           de amor, garra, fé e vitória.

EM - ROTAS POÉTICAS - LIÈGE DE MELO - IN-FINITA

A cidade com cheiro de Rosa - GILTÂNIA NERY

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Às de cinco da matina.
Intitula a alvorada.
Rajadas de fogos acordam teu povo.
A orquestra da Banda de Santa Cecília
toca hinos em prece
As casas se enfeitam.
A floricultura é bastante visitada.
As bandeirolas enfeitam
a praça da matriz
A esperança ganha cor.
Os sorrisos estão mais espontâneos.
Corações em preces silenciosas
Gratidão expressada.
As memórias de outrora visitam este dia.
Ao sol de meio-dia.
Ruas enfeitadas.
O amarelíssimo dos ipês sorri
para os transeuntes.
Alguns atentos a este espetáculo
Outros nem tanto.
Sai o passeio.
Buzinaços abre-alas.
Viva!
Saudações por todos os lados.
Água benta abençoa
a terra das bacabas.
E nos corações fervorosos.
Exalam o cheiro das Rosas.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quinta-feira, 25 de março de 2021

Papai - ITANIRA SOARES

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Cato a saudade que me invade
Nos cantos encantados da saudade
Cato teu colo como criança faminta
De amor, carinho, coisa sucinta.
Cato ninho nos nichos do teu coração
Encontro tudo nos cata-ventos da nossa emoção.

EM - INEXPLICÁVEIS POEMAS - ITANIRA SOARES - IN-FINITA

Memórias da Figueira Bacabalense - GILTÂNIA NERY

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Originária das terras orientais de
Frutos minúsculos
Raízes que viram troncos espessos e
Não pede passagem nas entranhas da terra
Chuva e Sol numa relação cordial,
sem grifos e nem cobranças,
Apenas.
Ambiência instaurada.
Há uma resistência semelhante
a largura dos seus imensos troncos
Cipós do alto das suas folhas
Criançada num carrossel da alegria.
A figueira fez moradia da minha alegria juvenil
Memorizo o teu ar frondoso
Promessa feita no inconsciente consciente
Majestoso.
Emoldura uma admiração genuína.
A sua grandeza constatada pelo seu cume.
Ah, minha Bacabal
Registro em memória reservada.
Brincadeiras dominicais, risadarias.
Ventania faz ciranda em seus cipós.
Imponente.
Dança ao ritmo do ímpeto do vento.
Folhas verdes lustradas.
A sombra é pura humildade
Diante de toda sua magnitude
A sua Acolhida é indistinta.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quarta-feira, 24 de março de 2021

Nas dobras da memória - ANABELA RIBEIRINHO SOARES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR ADRIANA MAYRINCK

Nas dobras da memória
Que para viver dobrei
Tanto que lá está
Menos aquilo que sonhei.

EM - SER MULHER III - COLECTÂNEA - MOSAICO DAS PALAVRAS

A vida exuberante - GILBERTO LÚCIO DA SILVA

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O mormaço domingueiro prenuncia a chuva
Põe em alerta os habitantes desta fauna
Intenso movimento então se exalta
Mal acabada a noite, a vida já madruga.

A mata ora esconde, ora expande e exulta
Livre, não há quem possa deter a sua busca
Feliz nutriz multípara prossegue em sua luta
Ao tempo faz desdém e nada lhe faz falta

Volteiam os alados, rastejam os lagartos,
Abelhas, mariposas, zumbidos e chiados,
Cigarras, cururus, chocalhos e gemidos.

Jaqueiras e pitombas maturam pelas pontas
E tantas as espécies de que nem sei os nomes
Morrendo e renascendo na roda de seus ciclos.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

terça-feira, 23 de março de 2021

Ensinamentos e amor - ROSA GONÇALVES

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Tu me ensinaste que além de tudo existe o amor,
Tu me ensinaste através da beleza do teu olhar,
Tu me ensinaste a conjugação do verbo amar,
Tu me ensinaste as simples ações do amar.

Enquanto as dúvidas emergiam nos ares,
Enquanto o desabrochar acontecia,
Enquanto os andares seguiam,
Enquanto o agir emergia.

Os nós em início apertados,
Os nós em processo de desfeita,
Os nós aos poucos desenlaçados,
Os nós, em nós, infindos, separados.

No princípio, ambos, ressabiados,
Na sequência, ambos, enamorados,
Mais um passo, ambos, apaixonados,
Sucessivos desencontros, encontrados.

EM - UM MUNDO EM VERSOS (CLUBE AMANTES DA POESIA BRASIL) - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

Os poetas do sertão - GILBERTO LÚCIO DA SILVA

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Os poetas do Sertão conhecem o calor dos desertos
E vivem a tanger versos de modo a ganhar questão.
Ao manejar os seus motes, cantam por precisão,
Mistério de algum pavão cativo nos seus acordes.

Os poetas do Sertão, filhos da mata e da roça,
Pedra curtida em nascença, rebuçada entonação,
Conhecem dureza do estio, cinzas de cada estação,
Tiram da viola o bordão de sangue ao couro fundido.

Os poetas do Sertão acreditam nas coisas divinas
Nas trilhas de covas, cacimbas, sua lida é louvação.
A vista alevanta ao espaço, o azul alumia em clarão,
Cintila o incêndio no chão, secura soprada do barro.

Os poetas do Sertão, lá de onde termina a folhagem,
Tempo é perene estiagem, parece mais maldição.
Campeiam estrelas pirilampos e redes de estimação,
Tecidas no puro algodão nativo colhido nos campos.

Produzem folhetos migrantes, engenhosa criação,
De lendas em prosação e toadas mirabolantes,
Refém da expectação, o sol vai dormir mais triste,
Peleja e nunca desiste, a poesia de meu Sertão.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 22 de março de 2021

Não era feio - ROSA MORENA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Não era feio
Tinha cabelos que pareciam planta
Galhos grossos, armados de tempo
Tinha grosso modo de existir
Fincado no chão feito planta
Os cabelos tomavam-lhe as feições
Essa mania que eu tenho
De querer ver os olhos.

EM - LATITUDES DE INTIMIDADE - ROSA MORENA - IN-FINITA

Amor agudo - GEORGE FARIAS

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Descobrindo o vento na encosta do mundo
Dando voltas no tempo como por um segundo
Vendo o barco nas ondas
Vendo as ondas do mar
Vejo que meu desejo sempre foi navegar

Desenhando a fogueira no horizonte além
Buscando queimar tudo quanto se tem
Vela aberta no tempo
Vela o tempo de espera
Vejo o fogo brilhando na redoma esfera

Solidão não é silêncio
Multidão não é barulho
Meu perdão será sentido
Quando o amor me for agudo

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

domingo, 21 de março de 2021

Nostalgia - ELÍGIO DE AZEVEDO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELO AUTOR
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I
Não é brinquedo é castigo
Viver sem amor é duro
Isso eu trago comigo
Pelo a luz me dão o escuro!

II
É como sentir calor
Em horrenda noite fria
O viver sem um amor
É abraçar a cruel nostalgia!

III
Mas no coração há luz
Que brilha forte sem piscar
E que a todos nós induz
Ao sentimento ímpar, o amar!

IV
Ah! Quem me dera alguém
Beijar feliz noite e dia
Fazer tudo que convém
E derrotar a mordaz tirania!

EM - ESCOLA DE POESIAS - ELÍGIO DE AZEVEDO - CHIADO BOOKS

Blues despido - GEORGE FARIAS

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Despi-me do medo de dizer que amo
sem roupas posso ter reflexo do meu ser
dizer não é tudo, porém enche, inflama
sorte para a morte por traz do prazer

Eu nu e tu louca na razão do medo
você na corrente da paixão reluz
eu, despido na cama acompanhado d’alma
sem calma pra ti, sou muito mais que blues

Despi-me não nego esse meu gozo aborda
loucura do medo para trazer a paz
loucura é detalhe que reflete a palma
que a mão do espelho brilha e satisfaz

Nem sombra nem grito esse medo é segredo
É sonho que se desfaz
meu jeito de amar como se ama a Deus
Vem comigo nesse meu blues despido e nu
te peço que venhas para os braços meus

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Estradas - LIÈGE DE MELO

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Já morei em tantos lugares,
senti na pele mil personagens,
que no afã dos estranhamentos
vesti, colei, tirei em tormentos.

Caminhei farejando sonhos,
olhar esquivado, bicho tristonho,
a buscar um farol no deserto,
a luz contra as sombras, por certo.

Lutei por um eu que perdi,
metamorfoses, desejos
                                 sobrevivi.

Retoquei o espelho, criei coragem.

Para enfim dissolver a miragem,
Encarar nossas vidas
                            saborear a viagem.

EM - ROTAS POÉTICAS - LIÈGE DE MELO - IN-FINITA

 

sábado, 20 de março de 2021

Versos pretos - GENIVAL POETA

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01
O povo preto brasileiro
Superlota a carceragem
É uma nova roupagem
Para o velho cativeiro
Invés de navio negreiro
São jaulas em viaturas
Mudaram a estrutura
Mas não fecharam as valas
Os presídios são senzalas
Nunca houve ruptura

02
Se valoriza a brancura
Da pele de quem tem casta
Mas a terrível vergasta
Retalha a pele escura
Cobrando cara a fatura
De quem nunca deveu nada
Se dever paga dobrada
Sem ter direito a defesa
E a culpa da realeza
Foi não foi é perdoada

03
Dormindo pelas calçadas
Expostas a toda sorte
Correndo risco de morte
Famílias são maltratadas
Sem ter direito a morada
Saúde e educação
Lhe falta alimentação
Também não tem previdência
Porquê falta sapiência
A quem comanda a nação

04
Sempre tem retaliação
Ao preto que se levanta
Mas ele se agiganta
Sabendo que tem razão
O tronco da opressão
Tem muita vitalidade
Um turbilhão de maldade
Insiste em os consumir
E o preto a resistir
Com força e dignidade

05
O preto é mais da metade
De toda a população
Mas, poucos deles estão
Numa universidade
A maior disparidade
É no congresso nacional
Por isso o Brasil vai mal
O branco faz lei pro preto
Quando é que o preconceito
Terá portanto um final

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O silêncio de Deus - ITANIRA SOARES

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Nos meus eus
Que se perguntam tanto
E, no entanto,
O barulho que ELE faz em mim
Deixa-me assim
Tonta, em oração,
Abstrai minha emoção
Absorve a minha fé
Absolve o meu perdão
E faz-se silêncio em mim.

EM - INEXPLICÁVEIS POEMAS - ITANIRA SOARES - IN-FINITA

sexta-feira, 19 de março de 2021

Tempero da Bahia - GENICE NOGUEIRA

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Meu tempero é caseiro
E fica gostoso se for na panela de barro
Tem cheiros, tem sabores
Não esquecendo o alho
Uma pitada de sal, cheiro verde e ervas
De aromas variados
Um sabor sem igual que fiquei encantado
Do jeito que sei fazer
Vejo que melhor não há
Arrisco até no molho
Uma pitada de pimenta
Pra deixar água na boca e ver se você aguenta
Esta mistura toda e outras mais,
Fica um desejo de repetir, de querer mais
Ainda tem a sobremesa
Mas esta não vou contar
Pois esta mistura toda só se vê na Bahia

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quinta-feira, 18 de março de 2021

A Bela do Sertão - GABRIEL OSCAR

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Sou do nordeste
Minha mãe a terra
Meu pai o sol
Sem ele não vivo
Nem mesmo sem minha amada Bela
Até hoje fico aqui na janela
Esperando a vinda de te donzela
Nessa quimera que nunca acaba
Tomo um gole d´água
Me deparo com a seca
Razão de não mais te ver
Minha amada Bela
Sem ela só posso admirar a natureza
Mas aqui só tem tristeza
Ao menos vejo meu mandacarú na cerca
Ele tomou conta deste lugar
Onde água não há
Somente ele, o mandacarú
Alimento das abelhas
Coisa linda de Deus
Em meio a seca, em meio ao sertão
Tem flõr de mandacarú no meu portão
Tão bela quanto tu
Amada Bela, você me deixou
Mas fácil cair água de chuva em pingo
Do que te ver no sertão surgindo

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quarta-feira, 17 de março de 2021

Camarins - GABRIEL OSCAR

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Outro acordar a vida me dar,
És-me no espelho a mim mirar,
Vejo rugas aqui acolá,
Matéria! porque me denúncias!
A mente já a fez antes de ti,
Juventude passou já percebi,
Preservas ao menos o meu sorrir.
O de otimismo por vindouros dias.

Deixa que eu continue este drama,
No teatro, vida que me chama,
Cada dia a uma nova trama.
E incube personagens mil a mim,
Somos figurantes e atores,
Com nossos prazeres e dores.
A fingir, coragens com temores,
Verdadeiros, quando em camarins!

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Entro em contato - ROSA MORENA

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Entro em contato com o solo fértil
Que habita dentro de mim
Fragmentos de tudo que amo em você
Palavra, silêncio, melancolia, oceano.

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terça-feira, 16 de março de 2021

Como arma de bem dizer - FREDERICO DANTAS VIEIRA

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Caberá ao amanhã dizer sobre esse agora,
este que de assalto me toma
que atropela sentidos, que a ansiedade aflora,
este que confronta o meu estar, inflama.

Vejo flores no caminho dos afetos meus,
que brotam e direcionam meus desejos,
suaves como um despertar, surpreendente,
como um lampejo
do instante que de mim não se esqueceu.

O por vir é meu estar,
e me acompanha.
E nos acontecimentos gerados, tudo é história a se criar,
que os meus sonhos apanha.

É minha criança,
temos muito ainda por fazer
nesse jardim de flores cerceadas.
Nos fios rizomáticos de esperança,
poesia será sempre arma de bem dizer.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Mundos - LIÈGE DE MELO

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Navego entre mundos, rasos, profundos
que cultivam a brincadeira.

Gritam meus silêncios, calam destempero,
ligam traços de rosas, acalantos, esmero.

Quando o ímpeto da multidão traz sufoco,
sussurram palavras de paz.

Em dias de sol, espalham cheiros de brisas,
chuviscos no arrebol.

No inverno me enlaçam com luz, calor,
amor.

Mundos meus, vertem imaginação,
provocam risos descompassados.

Porque livres entram, saem, rodopiam
e quando estáticos,
captam brilho para transmutar em ação.

Sobre terra, ar, mar aberto do meu coração.

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segunda-feira, 15 de março de 2021

Na trilha de mais um dia - FREDERICO DANTAS VIEIRA

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Banhado pelo sol de um novo dia
renovadas são as esperanças minhas.
O céu aberto desperta meu mundo em poesia.

A espera do que me leva, para onde vou
embriago em afeto o encontro comigo
compartilhando em versos o que de mim restou,
nos passos dados que consigo.

Notas de harmonia pelo equilíbrio que busco,
entre o céu que me inspira
e o caminho que me sigo, a qual custo?
no verso que trago como justo que invade
o que a alma transpira.

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Olhos de rua - ITANIRA SOARES

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Enquanto me escondo, me exponho,
Em estampas às manchetes de jornais.
Enquanto mudo o passo, danço,
A coreografia do palhaço, o espetáculo da rua.
Enquanto o ônibus se movimenta, canto,
A mais cantada, não tão bela, melodia popular.
E os meus olhos de rua, postos no olho da rua,
Deslumbram-se nesta viagem
Descobrindo coisas, pintando paisagens,
Encontrando meu Deus esquecido
No bagageiro da minha estação-coração,
Na cúpula do meu templo-fé
Na prece contrita da minha oração de Amor.

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domingo, 14 de março de 2021

Os manguezais - FÉLIX FELICIDADE

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Árvores da família das rizoforáceas, os seus frutos
é que nos atrai, e a necessidade muito mais,
as águas são um banho em sais, os frutos o homem
busca dia após dia nessa chama os que andam
e os que se afundam na lama.

OS MANGUEZAIS
O homem feroz, voraz dentro dos manguezais, enterra
o braço na lama, o marisco é chama de alguns trocados
para quem o espera, se faz a mesa farta...
A lama é a fonte de fertilidade do habitat natural
enquanto aspectos físicos.

OS MANGUEZAIS
Essa maresia todos os dias, no vai e vem das correntes
marinhas, as folhas, as algas, os vegetais,
os siris e os peixes comem e alimenta homens,
sempre renovando a fonte marisqueira, habitat natural.

OS MANGUEZAIS
É assim a vida nos manguezais, a séculos antes do meu
pai e do seu sangue, gerou a mim e outros mais.
Hoje a sua luz brilha na presença de Deus Pai,
a vida nos manguezais renascem, se refaz e se vai...

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

´Para ti, mulher - CUSTÓDIA PEREIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR ADRIANA MAYRINCK

Para ti, mulher,
porque pintas a azul todos os horizontes
e desvendas todos os mistérios da vida
e os depositas, inteiros, na vida
a que dás vida.

Para ti, mulher,
porque os degraus do sucesso têm a aridez da montanha
mas que, ainda assim, sobes trôpega de esperança.

Para ti, mulher,
porque amas o homem que contigo se deita
e dormes sobre a insónia das manhãs desfeitas
madrugadas, dias e noites
que se confundem numa só estrela.

Para ti, mulher,
minha irmã
que és corpo, que és luta,
és amor e virgem desmaiada,
o centro da casa, o esteio,
o tecto que ergues passo a passo,
gesto a gesto.

EM - SER MULHER III - COLECTÂNEA - MOSAICO DAS PALAVRAS
 

sábado, 13 de março de 2021

A vida e o tempo - FÉLIX FELICIDADE

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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A vida nasce, se arrasta, se arrasta e vai engateando,
engateando, daí os primeiros passos,
até o momento em que a mesma se encerra!
As travessuras num infantil e doce gracejo,
“As andanças”, se faz bela, alegrias fantasias, são varias
as brincadeiras, roda gigante, escorregadeira, cavalinhos
e parque de diversões, algodão doce, milk-shake, chocolate.
A vida, semi-entendida, os sonhos, desejos, contos
e histórias, ídolos relembrados, imitados, retrata
em tempos mais novos, a vida quer ser vivida a qualquer
custo, eu quero, eu posso eu sou, eu vou! A vida é minha.
E o tempo sorrateiramente silencia ao que dir-se-á
no momento aflicioso, com o tempo lembrado perante
a queda. A vida mais que vida, as hereditariedades e
contradições, vencer ou vencer!
A experiência e maturidade prevalecem.
O tempo passando, as chaminés do progresso a todo
vapor, que sugam outros ideais, os demais não satisfaz.
Cresce a humanidade desordenadamente,
diminui os aspectos naturais, o homem medindo forças
com a natureza, nesta quebra de braço encurtando-se
o ciclo vital.
A vida nessa estrada, semi-infinita, ela pede calma
e o tempo não espera... Quando a mesma continua,
o encontra novamente e o tempo leva a vida até a morte.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Querida poesia - ROMÁRIO FILHO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Me descobri em ti.
Em ti revelei sentimentos,
tormentos, desilusões.
Em cada palavra,
em cada estrofe,
ali estava eu.
Foi uma grande descoberta e
aqui estou eu, me despindo diante de ti,
deixando que você toque minh’alma e o meu coração.
Estou totalmente envolto nos seus versos.
Tornei-me um simples objeto, diante de ti.
Não trago em mim, nem raiva, nem amargor, trago
apenas,
o frescor que o seus versos, em mim deixou.
Te encontro escondida em páginas de livros que eu não
consigo ler.
É grande a magia que descobri em ti,
querida poesia.

EM - UM MUNDO EM VERSOS (CLUBE AMANTES DA POESIA BRASIL) - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

sexta-feira, 12 de março de 2021

São João e o nordestino - ESTELA MARES SILVA DA COSTA

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O nordestino sofrido de tanta desolação,
A seca lhe castigando, a tristeza imperando
Mas festeja o São João!
As suas casas caindo desabrigando as carreiras
No seu casebre de palha ele acende uma fogueira,
Não esquece o São João, a festa do nordestino
Sol e chuva o perturbam, mas é esse o seu destino.
Os fogos anunciam a festa, as roupas animação,
E o seu chapéu de palha sempre usado no sertão!
Coitado do nordestino! Ele tem bom coração,
Com chuva, sol e pobreza, com alegria ou tristeza
Ele festeja o São João! ...

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Amanheci em mim - ROSA MORENA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Amanheci em mim
O aMar clareou na primeira hora
E com um mergulho atrevido renasci
Havia sorriso no lábio
Prazer na pele
E um desejo de florescer
Ser em mim, sem prisões.

EM - LATITUDES DE INTIMIDADE - ROSA MORENA - IN-FINITA

quinta-feira, 11 de março de 2021

Nordeste terra do sol - ESTELA MARES SILVA DA COSTA

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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O nordestino é tão forte de povo trabalhador
Alegre sempre a cantar parece estar sempre bem,
Não importa o mal tempo sabe a tudo suportar
Quando chega o mal tempo ele espera passar.

O sol brilha no nordeste e em toda região
O calor é muito forte faz a terra ressecar,
Êta povo de coragem enfrenta a situação
Para eles não há tristeza, sabe que vai melhorar.

A alegria contagia aquela gente faceira
Dançam, cantam enquanto espera,
O tempo voltar a brilhar
Para preparar a terra e a semente espalhar.

Como é belo o nordeste com tudo que nele há
Praias e lindas cidades, grande acervo cultural,
De povo inteligente que não desiste por nada
Enfrenta com muita calma a beleza natural.

Somos todos nordestinos com muito orgulho e prazer
A região onde moro fica no agreste senhor,
Na cidade de Inhambupe terra do Espírito Santo
Hospitaleira e saudável recebe o visitante
com atenção e amor.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Ao futuro - ELÍGIO DE AZEVEDO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELO AUTOR
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I
Oh! Futuro me responde
Quero a tal felicidade
As surpresas que escondes
Irão pro poço da saudade

II
Não adianta adiar
Não adianta esconder
Quem nasceu para amar
Cedo ou tarde vai saber

III
Torturas às vezes serve
Pois quem vive a sonhar
O destino assim escreve
Só aprende se apanhar

IV
Isso se passa comigo
O tempo passou eu sei
Pode ser até castigo
Mas não te esquecerei!

EM - ESCOLA DE POESIAS - ELÍGIO DE AZEVEDO - CHIADO BOOKS