sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Sem rosto - CLÁUDIA MONTEIRO

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Os braços do silêncio
Despem-me a alma e fico nua
O espelho roubou-me a imagem
Em troca deu-me a sua
E sem rosto, nesta ausência de ser,
as viagens atropelam-se
para paragens que não são minhas
Visitas inesperadas irrompem
sem convite na madrugada
São vozes de um presente sem tempo
Que trazem bagagem para ficar.
E é então que me encontro,
De alma despida, sem rosto,
Embrenhada num labirinto,
De uma vida a várias vozes,
Que ainda não sei decifrar.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

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