Passo tantas vezes à tua porta de bicicleta
e toco a campainha (como se te chamasse)
o teu gato preto no parapeito da janela
ergue a cabeça rosna qualquer poema mudo
e volta aos seus devaneios eu pedalo
sem receio de que demores sei que virás
com as heras e com o movimento dos astros
habituei os pés a tropeçar no rasto do silêncio
e as mãos a reconhecer o advento dos musgos
pedalo e a bicicleta é o meu cavalo alado
EM - AMO-TE - JOÃO MANUEL RIBEIRO - TRINTA POR UMA LINHA
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