LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR ADRIANA MAYRINCK
O rio corre para o mar
o tempo corre para Dezembro
e se o encontro do rio é agitado no sal
o encontro do tempo é nas ruas... chegado que é o Natal !
Naquela esquina
... como se ela fosse a margem de um rio,
onde, o caniço prende das águas o lixo...
um CACHOPO, estende a mão a quem passa
e, quem passa, no turbilhão da indiferença
deixa-lhe as sobras de uma crença.
Umas vezes, tudo acontece, num nevoeiro mudo
Noutras, tudo acontece, por gestos mandados:
“ -Filho, vai dar esta esmola ao menino...“
Mas, se o caniço prende do rio o lixo que nele navega
A boina do cachopo, na esmola que alberga,
oculta, nas grades das mãos, o cárcere da santidade apregoada.
O rio corre para o mar.
O tempo desagua no Natal!
O cachopo caminha ao encontro do nada
entre…
o silêncio das trintas moedas que na sua boina guarda
e o anunciado sussurrar das águas da ribeira.
Num segundo… as moedas desaparecem nas águas.
- O CACHOPO… não se vendeu!EM - VOZES IMPRESSAS - ANTOLOGIA - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA
Uma história narrada em tom poético, da época do Natal.
ResponderEliminar"o rio corre para o mar.O tempo desagua no Natal"