sábado, 4 de setembro de 2010

Nada que tive era meu - NATÉRCIA FREIRE


Nada que tive era meu.
Perdi estradas, perdi leito.
Na pedra onde me deito
Nada fala de alvos linhos.
Se, com cegos, me aventuro,
A caminhar rente aos muros,
É que meus olhos impuros
Sonham Cristo nos caminhos.

Nada que tive era meu
E o corpo não quero eu.
Podia servir de embalo,
Mas serve de sepultura.

Cemitério de asas finas,
Tange e plange aladas crinas,
Canto de praias sulinas
De infinitas amarguras...

in... Antologia poética - NATÉRCIA FREIRE - Assírio & Alvim

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