sábado, 1 de junho de 2024

Apenas, Ela - Adriana Mayrinck

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Ela amanhece como quem morre. 
Rompendo a alvorada
para uma outra percepção. 
Grita na inconformidade. 
Também sabe ser selvagem. 
Até agora desencontrara-se de si,
por querer estar no Outro. 
Quimeras!
Descaminhos no ópio da ilusão 
Entorpecida, percorria estradas.
Ele atingira a sua alma,
e não a aprisionou. 
Arrastava correntes com sorriso pálido
Olhos desencontrados. 
Devaneios 
E no corpo... o impalpável.
Que grande desvario
fazer-se incompleta! 
Era amor. 
Era sempre açoitada
pela irrealidade do instante 
Escolhas, sem abrigo. 
Cárcere na escuridão.
Tingiu de cor o insustentável
e revestida de pétalas,
fundiu-se ao vento,
agora em passos lentos.
Olhar longínquo.
Desfez-se do último habitante
e silenciou.
Recolheu seus fragmentos
e desejou não mais estar.
Entregou-se a madrugada fria,
olhou para as estrelas buscando
um porto para descansar.
Sem respostas,
exaurida,
recolheu-se em um clarão na montanha,
perto das flores e dos pássaros.
Emendou retalhos, fechou os olhos,
reflexos do que sentia.
Enfrentou a solidão,
o não pertencimento.
Mas a quem pertencia?
Eram chuvas de verão
tardes primaveris,
ou inverno sem fim
E sorriu.
O outono chegou, despetalando-a.
Era muito mais do que supunha,
enfrentou corredeiras, tempestades, ventanias
Renascida, viva, intensa,
liberta - em chamas
Apenas Ela, o vento, e a sua poesia.

EM - ESSAS MULHERES - COLETÂNIA - IN-FINITA

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