quarta-feira, 22 de março de 2023

Menina - ANTÓNIO CAPELLA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Hoje voltei a fitar o espelho carrancudo que sempre me
atormenta com fragmentos de cinzento sangue, num depuro
de temporal recuar aos impreparados e circulares beijos,
nas opadas de desprevenidas sementes que mirraram
por teimosia do alongado e convergente ar de tisnar.
Aceno-te com o primeiro lençol tão neve e com uma fímbria
de roxo maculado.
Ainda estonteada, fitas os ventos dos terríveis adamastores.
Caíste em mim com manto de orvalho e com todos os coalhos
de fantasmas emalados.
Já sorvo o renovado ar que vai chegando em jeito de corcel
peitudo de macieza de fumo sublimado.
Seguro-te nestes fortes braços e rodopio sobre ti para bussolar
o certo rumo.
No caminhar sei que continuaremos a ter interregnos em fontes
de doces brumas, mas também em montanhas de corrosivas
espumas.
Prensei-te em mim, para que mais facilmente fintemos
os esfíncteres das estradas, na procura das alargadas.
Vai chegar o tempo de nova paragem, não soltarei mais sons,
enquanto não criar para ti uma canção com este refrão:
Obrigado por existires maliciosa andorinha.

EM - PALAVRAS ESCRITAS, PALAVRAS PINTADAS - ANTÓNIO CAPELLA - IN-FINITA

Sem comentários:

Enviar um comentário