quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Prostituta – CARLA PIMENTA

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Vestiu-se de si mesma e saiu à rua
Mapeou ruas e ruelas
Trocou sorrisos, olhares, lançou beijos fugazes aos transeuntes
Na velha calçada imperfeita caminhou apressadamente como quem corre contra o tempo
Olhou o relógio de pulso, compôs os adornos, ajeitou o casaco de pele falsa
Salto de pecado no pé, aroma barato
Vermelho fogo nos lábios
Imagem desejada, invejada por escassos momentos de prazer
Nas mãos a já descolorida sebenta onde entre riscos e rabiscos escrevia memórias de uma vida que não vivera
Altiva…Pedante…
Discurso eloquente… Provocador…
Vulgar mulher da vida que em desprezo por si mesma se vende, se entrega, se aniquila
Deixara a tranquilidade, a monotonia de uma vida aceitável
Embarcara na aventura das noites de loucura
Nos gozos orgásmicos das orgias de uma sociedade desconhecida
Perdera-se nas avenidas de uma qualquer cidade
Nos bancos de um qualquer carro de luxo
Num quarto de motel de beira de estrada
Influente… dizia-se ela
Importante… queria ser
Especialista de uma especialidade por inventar
Mulher sem rumo… sem porto de abrigo
Mulher suicida… banal…
Vestia-se de si mesma e saía à rua como o caçador em busca da sua caça…

EM - VERSO & PROSA - COLECTÃNEA - IN-FINITA

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