Livro gentilmente cedido por Adriana Mayrinck
Ela
se afogava, descendo ao mar abissal
de
seus piores medos
depois
de dourar-se ao sol da ilusão fugaz,
ardentemente
a crer na cura da amorosidade
Arranhou-se
nos corais, engoliu plâncton,
sufocou-se
na esmeralda liquida das águas
completamente
encantada, no entanto
com
tudo que via em cada canto, num mar sem cantos.
Não
temeu a moreia, a arraia, nada a assustava mais.
Flutuara
ao lado dos tubarões, enquanto esperava
ser
salva pelo golfinho ágil e forte
que
escolhera dias antes.
Ele
já se afastara e ela não percebera.
Vestida
de água, entregou-se à deiade
da
fortaleza feminina.
Parou
de resistir e relaxou...
Deixou
gelar-se o sangue onde nadavam
pequenos
peixes de fé, desde a infância.
Quando
estava inerte, olhos de pálpebras pesadas,
sem
idade, sem sonhos,
o
grave peso arrastando-a pela gravidade,
ouviu
o som milenar salvador
e
foi sendo levada por invisíveis
peixinhos
etéreos,
determinados, salvadores
seus
seios plectóricos flutuavam,
seus
braços e pernas foram sustentados
não
sabiam como nem por que.
Então,
chegou à superfície.
Abriu
bem os olhos para a luz solar.
Respirou
profundamente,
expeliu
detritos e algas.
Estava
salva...
Outra
vez, escutou e reconheceu o som
do
golfinho brincalhão
e
soltou uma risada.
Livre,
enfim,
para re/viver.EM - ELAS E AS LETRAS - ANTOLOGIA - EDIÇÃO DE AUTOR
Muito compacto, não consigo obter comentário capaz. Peço desculpa.
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