quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Velho Chico - ANGÉLICA COSTA

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Velho Chico tu chegaste

Trazendo a luz do progresso
Os guindastes poderosos
Demolindo monte e serra
Maquinários monstruosos
Levantam mundos de terra
Bombas deslocam pedreiras
Máquinas cortam barreiras
Depois espalhando elas
Entre rolos de fumaça
O grande aguaceiro passa
Na maior velocidade
Ondas disparadas soltas
Querendo vencer as outras
Enquanto a serra deserta
Dorme de garganta aberta
Deixando as águas correr
A quem prestasse atenção
Depois dessa inundação
A correnteza do rio
A acauã solta um pio
Passa a marca voando
Grita o socó no baixio
Como que se sobressalta
Com a correnteza do rio
O pobre do agricultor
Num sofrimento profundo
Pelo desprezo do mundo
O seu grau não tem valor
Sempre foi um lutador
Do outro povo esquecido
Além de desprotegido
Ninguém lhe presta atenção
É entre toda nação
O mais desfavorecido
Chegada a transposição
Ele procura o Doutor
Assustado e com razão
Doutor, venho lhe pedir
Um pouco de atenção
O Velho Chico chegou
Na da transposição
Vim clamar ao povo
Cumprir a sua missão
De cuidar do Velho Chico
Com carinho e gratidão
Pois se eu subesse lê
Como verdadeira prova
A minha placa ergueria
E escreveria por fora
Água, para quem ou para quê?
O dia, o mês e a hora.

EM - ECOS DO NORDESTE - ANTOLOGIA - IN-FINITA

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