A
noite vai bem alta, mas o sono
não
chega numa nuvem de algodão.
Numa
cesta de vime, no abandono
deito,
sob o telhado da amplidão.
Mas
eu confesso que me emociono,
pela
contigüidade com o chão,
me
puxa para si, como meu dono,
não
posso resistir à compulsão.
Eu
não sei realmente se não devo,
se
quero resistir a esta união,
ou
se devo amoldar-me ao seu relevo,
com
ele compartir o mesmo pão,
se
somos alimária e almocreve,
filhos do mesmo pai,
somos irmãos.EM - LIVRO DOS SONETOS, DOS PRIMEIROS AOS PENÚLTIMOS - JOSÉ LUIZ MELO - NOVO ESTILO EDIÇÕES DE AUTOR
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