quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Geleia - JOSÉ LUIZ MELO

Da janela do meu apartamento,
situado num prédio, numa esquina,
de quatro ruas, em um cruzamento,
de lá percebo sombras pequeninas.

Vê-las, somente com lente de aumento,
como um bando de larvas, tão franzinas,
quem sabe,inseto, em busca de alimento,
na azáfama da festa natalina.

Elas rejuntam suas chanfraduras,
sem que possa entrever uma criatura,
na mancha que escurece o calçamento.

Esta geléia, sempre se dilui,
na enorme multidão que logo flui,
sem nada interromper seu movimento.

EM - LIVRO DOS SONETOS, DOS PRIMEIROS AOS PENÚLTIMOS - JOSÉ LUIZ MELO - NOVO ESTILO EDIÇÕES DE AUTOR 

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