Inverno não ainda mas Outono
a sonata que bate no meu peito
poeta distraído cão sem dono
até na própria cama em que me deito.
Acordar é a forma de ter sono
o presente o pretérito imperfeito
mesmo eu de mim próprio me abandono
se o rigor que me devo não respeito.
Morro de pé, mas morro devagar.
A vida é afinal o meu lugar
e só acaba quando eu quiser.
Não me deixo ficar. Não pode ser.
Peço meças ao Sol, ao céu, ao mar
pois viver é também acontecer.
EM - OBRA POÉTICA - JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS - EDIÇÕES AVANTE
Muito show, Manu.
ResponderEliminarParabéns ao poeta José Carlos Ary dos Santos...
"Acordar é a forma de ter sono
o presente o pretérito imperfeito
mesmo eu de mim próprio me abandono
se o rigor que me devo não respeito"
beijoca gaúcha
Andréa!
EliminarAry dos Santos foi um dos maiores nomes da poesia revolucionária portuguesa. Revolução que hipocritamente se comemora hoje!
Beijo luso.
Sempre apreciei a poesia de Ary dos Santos. Até ao fim do meu Outono vibrava com estas mensagens contidas e algumas musicadas, como sabemos.
ResponderEliminarSe o Poeta estivesse entre nós, o que lançaria, neste acontecer de dias gélidos,sem alma e a anunciarem uma despedida?
Espero melhores dias para os jovens e para os que anseiam por conjugar o pret. imperfeito.
Agradeço, com muita alegria este belo poema.