domingo, 17 de março de 2013

X - VIEIRA CALADO

Ah, mas nos perturba o silêncio que se ouve
no rosário dos sedimentos geológicos
onde se inscrevem séculos dum plano austero
na busca das formas acabadas de eterno e oculto fim
para o ofício da flor e da semente.

Não nos perturba o murmúrio repetido
do incansável riacho
onde os pássaros despertos bebem a frescura
a profusão das formas abstractas
da nossa sede sempre instante
a maquinação alucinada dos olhos pelas noites
ou o desassossego dos relâmpagos estridentes
que ferem os dias claros.

Mantemos ainda
a crença numa dália renascida
a deslumbrar.

EM - VIAGEM ATRAVÉS DA LUZ - VIEIRA CALADO - PAPIRO

2 comentários:

  1. Como o tema do poema, não sei comentar concretamente o conteúdo, sei que me sugere um certo classicismo.
    Gostei e agradeço.

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  2. Grande Vieira!! Este é "fera" nas letras...

    Boa Manu!

    Abraços a todos...

    Rafael

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