terça-feira, 19 de março de 2013

A manhã - JORGE GOMES MIRANDA

Na véspera de dizer o que fere,
reduz, interdita,
há uma manhã onde me sento,
rio, escrevo.
Tem a duração de uma infância
reconquistada,
e não vive sujeita a decretos-lei
ou ao pagamento de taxa
sobre os rendimentos fixos.

Há os que esperam
o percurso do lume
nos lábios
para cantar, a aclamação
dos corvos para compor.
Piores são aqueles que lançam cinzas
para mais tarde dizerem que
também eles atearam a fogueira.

Contempla, poeta, serenamente, os trópicos
e o círculo polar.

EM - ESTE MUNDO, SEM ABRIGO - JORGE GOMES MIRANDA - RELÓGIO D'ÁGUA

1 comentário:

  1. Um Poema genial. Tudo o mais não consegue ter a dimensão deste conteúdo, fico por aqui.
    Grata

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