Aquela nunca vista formosura,
Aquela viva graça e doce riso,
Humilde gravidade e alto aviso,
Mais divina que humana real brandura,
Aquela alma inocente e sábia e pura
Que entre nós cá fazia um paraíso,
Ante os olhos a trago e lá a diviso
No céu triunfar da morte e sepultura.
Pois por quem choro, triste? Por quem chamo
Sobre esta pedra dura a meus gemidos
Que nem me pode ouvir nem me responde?
Meus suspiros nos céus sejam ouvidos;
E enquanto a clara vista se me esconde,
Seu despojo amarei, amei e amo.
EM - POEMAS DE AMOR - ANTOLOGIA - DOM QUIXOTE
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