domingo, 27 de maio de 2012

Queda - CAMILO PESSANHA

    
O meu coração desce,
um balão apagado.

          Melhor fôra que ardesse
     nas trevas incendiado.

     Na bruma fastidienta...
como á cova um caixão.

          Porque antes não rebenta
     rubro, n'uma explosão?

     Que apego inda o sustem?
atono, miserando.

          Que o esmagasse o trem
     de um comboio arquejando.

     O inane, vil despojo.
Ó alma egoísta e fraca...

          Trouxesse-o o mar de rojo.
     Levasse-o na ressaca.

EM - CLEPSYDRA - CAMILO PESSANHA - RELÓGIO D'ÁGUA

1 comentário:

  1. Tanta negatividade que este poema transmite, nem admira, pelo autor. Mas nada me afecta, por me encontrar bem com a Vida.

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