quinta-feira, 5 de abril de 2012

Redondilha - MANUEL ALEGRE

Por baixo da superfície
lisa de cada palavra
por dentro da fenda sísmica
da gramática onde fulgura
o magma (sintaxe mágica)
da Babilónia a Sião.

Entre o étimo e o sintagma
no avesso desse centro
onde há uma estrela caída
para dentro do oculto
relação irrevelada
entre o corpo e a palavra.

Onde o invisível tremor
da terra percorre o sangue
e então de súbito a flauta
onde só Camões é quem
sobre esses rios que vão
entre ninguém e ninguém.

EM - POESIA II - MANUEL ALEGRE - DOM QUIXOTE

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